Quase todos os instrumentos do álbum foram Rod Krieger quem tocou, com exceção do piano e a flauta de Cai o Sol e Sobe a Lua, respectivamente assinados por João Nogueira e João Mello, do sitar de Cabelos Longos e da tampura de O Fluxo das Coisas, ambos por Fabio Kidesh, que também está nas vocalizações da introdução, faixa-título do disco.
“Esse foi o primeiro trabalho em que fiz praticamente tudo sozinho, então tive momentos em que eu precisava me acertar comigo mesmo e decidir as coisas para poder ir para a próxima etapa do processo. Foi um aprendizado técnico e pessoal, porque ao mesmo tempo atuei como músico, produtor, compositor e engenheiro de áudio e não ter alguém para decidir as coisas do lado foi uma experiência nova”.
A assinatura de Krieger pode ser conferida não somente nas músicas, mas também nos vídeos que vão compor o filme do álbum que será lançado ano que vem. Foi ele quem roteirizou, filmou, editou, finalizou. Para somar, imagens do fotógrafo Daryan Dornelles captadas em diferentes lugares e situações fecham a narrativa proposta. Até o momento, já foram revelados os vídeos de Cai o Sol e Sobe a Lua, Este Comboio Não Para em Arroios, Cabelos Longos e agora, com o disco, é lançado o clipe de Era.
Inclusive, sobre a faixa ter sido escolhida como música de trabalho do álbum, ele comenta:
“A fusão entre as batidas eletrônicas com melodias vocais pop psicodélicas me agradam bastante. Além disso, essa faixa representa uma sonoridade que já venho trabalhando há algum tempo. No momento em que estava gravando a música, brinquei com alguns loops e sintetizadores, o que tirou ela um pouco do rock clássico e deixou com uma sonoridade mais contemporânea.”
Para o filme, ainda serão captados também registros documentais na turnê do álbum, que já tem datas em Portugal - dia 11 de Outubro em Leiria, no Texas Club, 18 em Caldas da Rainha, no Festival Impulso, 19 no Porto, no Socorro e fecha em Lisboa, dia 25, na Fábrica Braço de Prata - e no Brasil, sendo dia 11 de Dezembro no Rio de Janeiro, no Audio Rebel, e 14 em São Paulo, no Bar Alto.
Influências do álbum
“Quando cheguei em Portugal tentei escutar o máximo de música portuguesa possível e achei que a melhor maneira seria vir de trás pra frente. Peguei os primeiros discos dos cantores clássicos como José Cid, Sérgio Godinho, entre outros, e quis entender um pouco da cena musical do país. Um disco, aliás, dois, que me chamaram muito a atenção foram os dois primeiros discos do Jorge Palma, (Como uma Viagem na Palma da Mão e o 'Te Já). Acho eles sensacionais e escuto frequentemente, tanto que acabaram entrando para a minha lista de álbuns favoritos da vida e, com certeza, eles tiveram uma atuação forte em mim que acabou influenciando também o A Assembleia Extraordinária”, conta Krieger que também aponta Aphrodite’s Child, Beto Guedes, Arnaldo Baptista, Bob Dylan, The Pretty Things e Kraftwerk como artistas que de uma forma ou de outra também guiaram as criações do álbum.
“De vez em quando eu revezava os artistas e ia para os brasileiros e fiz uma imersão no disco Molhado de Suor, do Alceu Valença. Daí, gravei Cabelos Longos. Outro disco que mexeu bastante comigo nessa jornada foi o José Cid 10.000 Anos depois entre Venus e Marte”, recorda.
E finaliza: “As influências sempre foram as mesmas, o que muda é o estado de espírito e, no caso da Assembleia Extraordinária, apesar de o corpo e o espírito estarem em solo português, havia uma parcela que ainda tinha uma saudade do Brasil, o que acabou gerando uma fusão de referências entre as minhas duas casas”.
A capa nasceu durante uma sessão de fotos com Daryan Dornelles. Na cozinha da casa de Krieger, em um momento de descontração, o clique foi feito. “Estávamos dando uma pausa para o café. E o retrato englobou todas as referências que havia pensado - fotos de Astrid Kirchherr, capas de discos de jazz. Além disso, explica muito do conceito do álbum, que ao mesmo tempo que tem uma referência Beatle tem um clima ‘jazzy’. E o fato de eu estar sentado tomando um café nessa mesa diz muito porque era exatamente nessa cadeira que eu tomei praticamente todos os cafés que me ajudaram a construir o disco”.
Quanto aos símbolos, logo e demais capas, nasceu da parceria de Krieger com o designer do álbum, Leo Sandi. “Eu e o Léo temos um gosto muito similar para filmes e séries e logo nas primeiras conversas sabíamos que isso iria refletir na identidade visual. Ambos estávamos numa onda Twin Peaks e Sopranos, e toda reunião falávamos sobre isso, o que acabou migrando para outras referências, como Scorsese, O Poderoso Chefão, etc. E tudo isso influenciou no resultado final”.
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