COBERTURA: Paul McCartney em São Paulo e a última música dos Beatles ao vivo em dose dupla

Foto: Marcos Hermes 

No ano passado, Paul McCartney trouxe para o Brasil a GOT BACK e se apresentou em Brasília (2x), Belo Horizonte (2x), São Paulo (3x), Curitiba e Rio de Janeiro, com esse último especulando ser seu último show.

Além de não ter sido seu último, ele voltou para estrada no início do mês atual e, novamente, na América do Sul, agora passando também pelo Uruguai, Argentina e Chile, antes de desembarcar em São Paulo no último domingo (13).

Com as especulações se iniciando em Maio, os shows de Paul McCartney no Brasil foram anunciados seis meses depois de sua última passagem e dessa vez, por conta de shows em outros países sul-americanos, ele ficará em nosso continente pelo mês de Outubro inteiro. 

Depois se apresentar em São Paulo por 11x entre 1993 e 2023, ele esteve de volta exatamente na metade de Outubro, agora comemorando 10 anos do Allianz Parque, local onde ele estreou em Novembro de 2014, na época pela Out There, turnê que havia iniciado no ano anterior, também no Brasil. 

Agora, repetindo 2010/11 (Up and Coming) e a própria Out There, o eterno Beatle repete tour no Brasil e esgota ingressos do Allianz Parque, feito que ocorreu também em todas as outras vindas do artista ao estado de São Paulo. 

Nessa "segunda perna" da turnê por aqui, bem menos cidades do que ano passado, muito por conta de anteriormente o Brasil ter o único país da América do Sul a receber seus shows e agora ser um "extra", com o artista desembarcando por aqui logo após se apresentar para o povo chileno. 

SHOWS DURANTE A SEMANA - A PREFERÊNCIA DE PAUL MCCARTNEY EM SOLO PAULISTA?

Se é de fato a preferência de Paul McCartney ou não nós sabemos, mas, estatisticamente, shows durante a semana são maioria por aqui, pois foi algo que ocorreu em todas as suas passagens por São Paulo (cidade onde já se apresentou todos os dias da semana) e também agora, com os shows rolando na última terça e quarta-feira.

Nessa primeira data, não consegui estar chegando mais cedo para acompanhar a expectativa do público ao longo do dia, mas tive uma grande parceria para estar me locomovendo de Indaiatuba para São Paulo, com a Aerotour, empresa da região de Campinas que faz excursão para os principais eventos de São Paulo e Interior. Confira agenda completa AQUI!!

Com previsão dos portões serem abertos às 16h, eles abriram por volta das 17h, quando as filas viraram as esquinas e às 18h55 foi iniciado um aviso geral com as instruções do show, com intérprete de libras no telão,algo que não me lembro de ter tido em 2023.


AQUECIMENTO - O DJ SET DE CHRIS HOLMES
Meia hora depois, às 19h30, Chris Holmes (DJ de Paul McCartney) abriu os trabalhos com 'Para Lennon & McCartney', um clássico de Milton Nascimento (que conheceu o próprio Paul McCartney no ano passado) e no mesmo momento em que o próprio Bituca entrava na pista (para assistir ao show) e era ovacionado pelo público... Com 30min de DJ Set, ele foi finalizado com 'Minha Vida', versão de Rita Lee para 'In My Life', um clássico do álbum "Help!" e que emocionou o público, cantarolando junto. 


O TELÃO DE PAUL MCCARTNEY 
Às 20h começou a aparecer o telão tradicional "pré-show", com imagens que remetendo a 'Early Days' (música tocada naquele momento pelo DJ) e a inserção "Paul McCartney GOT BACK Live Tonight" antes do prédio começar a subir no telão com imagens da carreira dos Beatles, como eles no início com roupas de couro e uma imagem de George Harrison, fazendo o público ovacionar o "Beatle quieto". Com o horário previsto para as 20h, creio que eles já contam o telão introdutório como parte do show, algo que não deixa de ser verdade por embalar o público e fazer cantar juntos. Uma diferença em relação ao telão do ano passado foi a inserção de diversas capas de álbuns dos Wings e da carreira solo do Paul, algo que eu não lembro de ter visto anteriormente. 

O PRIMEIRO CAPÍTULO DE SÃO PAULO EM 2024
Na primeira noite de shows, ele abriu com 'A Hard Day's Night' e, antes de 'Letting Go', um "E aí, São Paulo!!!", além de mostrar para nós a incrível "Hot City Horns", uma banda de metais que estava localizada entre a Premium e a cadeira inferior, com a instrumentação dando mais charme, qualidade e potência para faixas como 'Letting Go'.


Antes de 'Drive My Car', ele confere sua colinha (será que ainda usa?) e comenta "Essa noite tentarei falar português... Um pouquinho". Tocada pela primeira vez em São Paulo no ano passado, 'She's A Woman' (que tocou por aqui pela primeira vez ano passado) foi removida do setlist após o show no Uruguai, com 'Drive My Car' entrando no seu lugar. 

Com o público gritando "Paul, Paul!!", ele reagiu com uma dancinha e continuou na beatlemania com 'Got to Get you into My Life', que mostrava no telão de fundo os Beatles em ação, mas dessa vez no jogo Rockband.


Antes de ir para a guitarra, ele manda um "O pai tá on!" em 'Come on To Me' (faixa do álbum "Egypt Station". 

Indo, agora sim, para a guitarra, ele apresenta mais um pouco de sua versatilidade, ao tocar 'Let Me Roll It' e também solar tributo ao Jimi Hendrix. 

Antes de fazer mais uma troca de instrumentos, ele atingiu o coração dos Beatlemaníacos com 'Getting Better', faixa presente no álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band e que se manteve no setlist, depois de ser tocada pela primeira vez em São Paulo no ano passado. No início dela, ele errou o acorde, depois brincou que errou de novo e, em seguida ele começou a música, com o estádio todo cantando. São nesses momentos que notamos que Paul McCartney também é um humano, não é mesmo? 


Indo para o piano, a vez de 'Let Em In', mas em seguida apresenta ela ao público (também juntos com os metais, agora no palco), apresentando 'My Valentine' (dedicando para Nancy, presente no público), e a emblemática 'Maybe I'm Amazed', que emociona o público tanto pela música em si e seu grandioso solo (apesar de um errinho de leve, pra mostrar que é tudo ao vivo) quanto pelas imagens exibidas no telão, sendo a escolhida das últimas turnês para homenagear Linda McCartney.


No violão para um momento mais acústico com 'I've Just Seen A Face', 'In Spite of All the Danger' (a primeira canção que os Beatles gravaram, como ele mesmo disse em português), onde emociona o público, que entoa o coro e ilumina o estádio todo com as lanternas dos celulares, emendado com 'Love Me Do', a primeira gravada no Abbey Road Studios. 

 
Após nos emocionar com músicas do início dos Beatles, as emoções não pararam em faixas como 'Here Today' (composta para John Lennon e cantada numa plataforma que deixa Paul McCartney ainda mais visível para o público) e 'Now and Then' (a última canção dos Beatles, composta/cantada por John Lennon, com acústica de George Harrison, guitar slide de Paul McCartney e finalizada por ele e Ringo Starr. Para essa faixa, foi usada um processo de computação que permitiu que as vozes dos quatro músicos pudessem ser reconhecidas e isoladas do constante ruído de fundo, técnica utilizada por Paul McCartney para fazer um dueto com John Lennon, num momento que iremos falar mais tarde por aqui), aumentando o teor emocional em níveis estratosféricos e fazendo o Allianz Parque ir a baixo, com todo mundo cantando e arrancando lágrimas dos nossos olhos do início ao fim (seja por conta de toda a emoção por trás dessa canção ou do videoclipe exibido no telão e que amplifica esse sentimento), além de parte da plateia fazer homenagem na música, com placas escritas "It's all because of you" (no final da música, Paul agradeceu pelas placas, mas disse não estar conseguindo ler o que estava escrito, por conta da luz - logo em seguida ele conseguiu ler uma e agradeceu novamente). 
Nessa música eu tive a sensação do Paul se emocionar bastante ao cantar ela, tanto no primeiro vídeo revelado do show no Uruguai quanto vendo ao vivo hoje. Afinal, quem imaginaria ver Paul McCartney, com seus 82 anos, cantar ao vivo uma música nova dos Beatles? Ainda mais 50 anos depois do fim da banda e 30 anos depois de 'Free as A Bird/Real Love'?



Em seu Magic piano, ele ainda toca 'New' e 'Lady Madonna', botando a banda de metal para trabalhar também ao ir para o baixo em 'Jet',  deixando essas músicas com uma atmosfera muito mais rica e charmosa, sendo de fato um "toque a mais" de qualidade e potência musical em relação às turnês anteriores a entrada da "Hot City Horns", baita acerto de Paul McCartney para sua banda fantástica (como ele mesmo diz, no finalzinho do show).

Nesse momento, quem viu os shows e o setlist do ano passado deve lembrar que, um show antes de chegar em São Paulo, as músicas
'You Never Give Me Your Money' e 'She Came Through in the Bathroom Window' foram removidas do setlist. Então, se sua esperança era ver elas por aqui dessa vez... Infelizmente elas ficaram de fora mesmo após a segunda noite de Belo Horizonte e não voltaram nunca mais. 

Foto: Marcos Hermes 

Tocada pela primeira vez em 2013, 'Being for the Benefit of Mr. Kite!' é uma música que se manteve no setlist desde então e, na atual turnê, o telão conta com alguns desenhos que nos remetem a arte psicodélica do Yellow Submarine. 

Algumas músicas após homenagear John Lennon, agora foi a vez de 
fazer o mesmo para seu "parça (como ele mesmo disse) George Harrison, com 'Something' iniciada no ukulele e acabando no violão, com essa troca rolando entre o emblemático solo de guitarra do único single lado A "não Lennon/McCartney". 

Foto: Marcos Hermes

Se encaminhando para o final do show, podemos dizer o ápice visual são os fogos e todos os efeitos pirotécnicos de 'Live and Let Die', que aqueceu a Premium até mais da metade, antes de 'Hey Jude', também presente no setlist pro estádio cantar junto todos os NAs possíveis. 


Após 'Hey Jude', Paul McCartney vai para o backstage por uns minutos e volta com a bandeira do Brasil e LGQBTQIA+, momento que deve ter incomodado algumas músicas... Mas quem esperava algo diferente, tá esperando errado, pois, caso não saibam, Beatrice McCartney é agora Ben McCartney, o filho Trans de Paul McCartney.

Dentro do bis e e
ncaminhando para o final, Paul McCartney comenta "essa próxima música é muito especial para mim e vocês irão ver o porquê", iniciando 'I've Got A Feeling' e emocionando o público, cantando junto com John Lennon, no último show dos Beatles, graças a tecnologia utilizada para limpar os vocais de John Lennon no documentário "Get Back" (Disney+) também permitindo com que Paul McCartney voltasse a fazer um dueto com ele, praticamente 45 anos depois. 

No show, ainda houve espaço para 'Birthday' (com ele perguntando se havia algum aniversariante hoje), 'Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Reprise), 'Helter Skelter' e o medley 'Golden Slumbers/Carry That Weight/The End'.








Com atualmente 82 anos, eles faz suas performances sem alterar o tom das músicas e manter fazendo um show com duração de 2h40 aproximadamente, há praticamente 15 anos. 
Ele inicia tocando seu emblemático Höfner, depois vai pra guitarra, aí se encaminha para o piano, toca algumas músicas, vai pro violão, ukulele, bandolim, retorna para seu 
Höfner e, depois de 35 músicas e a gritante Helter Skelter... Ele corre, entre duas músicas, do piano para a guitarra, enquanto Abe Laboriel Jr. encerra os primeiros acordes da última faixa do último álbum gravado pelos Beatles. Eu brinco que ele só não toca bateria pra não deixar o Abe somente dançando, como ele faz num trecho de Dance Tonight.

Nessa noite, o show contou com um repertório extenso: 37 músicas em 2h35 de show.

Paul McCartney Setlist Allianz Parque, São Paulo, Brazil 2024, Got Back




SEGUNDO DIA DE MUDANÇAS NO SETLIST, PAUL MCCARTNEY IRRETOCÁVEL E MAIS UMA CHANCE DE ASSISTIR A ÚLTIMA MÚSICA DOS BEATLES 
Depois de uma primeira noite épica e emocionante, Paul McCartney esteve de volta ao Allianz Parque pela segunda vez no ano e pela quinta vez dentro da GOT BACK. 

Com show novamente marcado para às 20h, o DJ Chris Holmes começando os trabalhos por volta das 19h30, repetindo homenagem para os brasileiros, agora com Sergio Mendes, que faleceu recentemente. 

30min depois, iniciou o telão tradicional, com a inserção "Paul McCartney GOT BACK Live Tonight" e 'Early Days' em um remix não disponível na Internet, somente no início dos shows com as tradicionais colagens que subiam o prédio, com os Beatles e George/John sendo ovacionados.

Por volta das 20h20, era tocado trechos de Coming Up/Mrs. Vandebilt/A Day in The Life/The End, com o telão tendo um bloco onde exibia capas de álbuns dos Wings e alguns da carreira solo, antes de Paul aparecer no palco e ser ovacionado pelo público, logo abrindo o show com mudança: 'Can't Buy Me Love' no lugar de A Hard Day's Night' e também de vestimenta, agora com um terno todo na cor preta e embaixo uma camiseta branca. 

Em seguida, ele mandou "E, aí São Paulo" antes de 'Letting Go', a primeira dos Wings na noite e, logo
 em seguida, voltou para a beatlemania com 'All My Loving', faixa que não era tocada em seus shows desde 2019. 

Passando por três fases em seis músicas, pouco adiante, foi a vez de 'Come on To Me', a escolhida para representar seu penúltimo disco, lançado em 2017.

Depois de passar pela guitarra (em músicas como 'Getting Better', dessa vez sem o errinho no acorde inicial que rolou na primeira noite) e pelo piano (nas apaixonantes 'My Valentine' - dedicada para Nancy, presente no público do show e 'Maybe I'm Amazed') foi a vez de um dos momentos mais esperados do show, indo para a beatlemania old school com 'I've Just Seen A Face' (porém nos transportando para o Cavern Club, com o telão de fundo sendo a parede do palco da uns locais mais emblemáticos dos Garotos de Liverpool), 
'In Spite of All The Danger' ("a primeira música dos Beatles", como ele mesmo diz em "brasiliano" e, após arrancar risadas do público, corrigindo para "português"). Vale destacar que nela, ele erra novamente o solo, mas dessa vez começa de novo e dá sequência na música, nos transportando depois para o Abbey Road Studios com a primeira faixa gravada por lá, 'Love Me Do', o primeiro single dos Beatles. 

Animando o público com 'Dance Tonight' e as dançinhas de Abe Laboriel Jr., ele voltou a nos emocionar, agora com 'Blackbird e a dobradinha 'Here Today' (composta para John Lennon, dedicada para seu "mano" e cantada - assim como na canção anterior - numa plataforma que deixa Paul McCartney ainda mais visível para o público) e 'Now and Then', a última música dos Beatles, lançada há menos de um ano e que arrancou lágrimas dos nossos olhos do início ao fim, numa fusão impecável entre toda a história por trás dessa canção, do videoclipe ser exibido no telão e de uma performance altamente emocionante de Paul McCartney no piano. Em pleno 2023, eu duvido que alguma pessoa na terra imaginaria ver ao vivo uma música nova dos Beatles. Ainda mais 50 anos depois do fim da banda e 30 anos depois de 'Free as A Bird/Real Love'? Só isso já é razão suficiente para nos fazer chorar e se emocionar do início ao fim.

Após embalar o público em faixas como 'Lady Madonna', 'Jet', 'Obladi Oblada' e 'Band on the Run', além de homenagear George Harrison com o ukulele (e sua irretocável banda fantástica), ele continuou fazendo o público não ficar parado por um segundo sequer em 'Get Back', faixa que também emociona até o menos fanático, com as imagens do documentário da Disney+ sendo exibida no telão de fundo. 

Em seguida, e emoção dá continuidade com 'Let it Be', a faixa-titulo do último álbum gravado pelos Beatles e que proporcionar uma experiência visual incrível para Paul McCartney, com as lanternas  dos celulares ligadas por todo o estádio.

Perto de se encaminhar para o primeiro BIS, ápice visual dos shows são os fogos e todos os efeitos pirotécnicos de 'Live and Let Die', que aqueceu a Premium do início ao fim e deixa com o sangue quente para todos os NAs possíveis em 'Hey Jude'. Nesse momento, Paul convida (em português mesmo) para só os "manos" cantarem, depois só as "minas" e, depois, o estádio todo... Vale destacar que os NAs também estiveram presentes na mão da galera, com plaquinhas sendo distribuídas pela patrocinadora, para proporcionar uma experiência visual incrível para o eterno Beatle. 

Já dentro do encore, quem nunca havia visto um show do Sir. (ou não havia ido em um na década atual) teve mais uma chance para se emocionar, com 
Paul McCartney comentando "essa próxima música é muito especial para mim e vocês irão ver o porquê", iniciando 'I've Got A Feeling', faixa cantada com John Lennon, no último show dos Beatles, graças a tecnologia utilizada para limpar os vocais de John Lennon no documentário "Get Back" (Disney+) também permitindo com que Paul McCartney voltasse a fazer o primeiro dueto com ele desde o famoso Rooftop Concert. 


No show, ainda houve espaço para 'Day Tripper' (que não era tocada no Brasil desde Dezembro, quando teve em São Paulo e Brasília), 'Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Reprise), 'Helter Skelter' e o medley 'Golden Slumbers/Carry That Weight/The End', com a frase “And in the end, the love you take / Is equal to the love you make" resumindo a carreira dos Beatles, de Paul McCartney e as noites emblemáticas do eterno Beatle pelo Brasil, enquanto fãs anônimos e famosos se emocionaram, tendo nomes Milton Nascimento, João Suplicy, Supla, Reginaldo Lincoln (Vanguart), Pitty, Daniel Weskler (NX Zero) e Beto Bruno, que estava do meu lado grande parte do show, incluindo o começo e o final de um dia épico e que lavou nossa alma. 


E quem mais poderia falar do público brasileiro senão Paul McCartney, com quase 40 shows por aqui? 



A próxima parada é em Florianópolis, onde não se apresenta desde 2012.

Paul McCartney Setlist Allianz Parque, São Paulo, Brazil 2024, Got Back



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