Foto: Vans Bumbeers
Olodumbaiana foi a primeira atração que pudemos conferir no Rock in Rio 2024, às 15h30, com o Olodum e BaianaSystem trazendo o Pelourinho para o festival.
Com ambos projetos se unindo num álbum ano passado, esse encontro histórico uniu a música baiana contemporânea e atual, mesclando forças e mensagens de papel significativo na promoção da cultura afro-brasileira e na luta contra o racismo.
No geral, tivemos uma percussão contagiante, com o público participando e cantando do início ao fim desse show que abriu os trabalhos do palco Sunset, com o repertório se alternando entre ambos os grupos, promovendo um Salvador in Rio debaixo de um sol forte e público animado.
No mesmo mês que se apresentou na NFL cantando hino nacional, Luisa Sonza abriu, às 16h40, o palco Mundo do último dia de Rock in Rio 40 anos, montando um cenário muito bem elaborado, uma equipe com diversos dançarinos e trazendo mais peso para sua sonoridade versátil que inclui o rock que leva o nome do festival, com uma roupagem do gênero em faixas como 'Campo de Morango', (reproduzindo no festival cena do clipe que é um dos hits do álbum "Escândalo Íntimo (Deluxe), lançado dia 17 e que promove as mudanças visuais em relação ao ano passado), a sofrência (em 'Onde É Que Deu Errado', 'La Muerte' e as duas partes de 'Penhasco'), os belíssimos alcances vocais em 'Sagrado Profano' e 'Chico'/'Folhetim' e sua cara de funk em 'SentaDONA' e 'Braba'.
Além disso, o show teve participações, como os bailarinos do CTG Rancho da Saudade, Os Provincianos, e Emilly Borghetti, que participou ao som de gaita e violão, além de ter protagonismo na música La Muerte, sapateando ao lado da cantora.
Trafegando com maestria entre cada um dos seus estilos e fases, desde o lirismo mais caliente até os que apresentam vulnerabilidade e um alto teor emocional, ela mostra a razão para ser um dos maiores nomes pop dos últimos anos.
Depois de Luísa Sonza, Ney Matogrosso deu continuidade aos trabalhos do palco Sunset, mostrando sua grande presença de palco e as razões de ser um dia grandes performers da música brasileira e servindo de influência internacional.
Atração presente na primeira edição do The Town, Ney Matogrosso também esteve no primeiro Rock in Rio e marcou presença na edição comemorativa (antecipadamente) de 40 anos, com um verdadeiro espetáculo, seja no quesito musical, vocal, teatral e de performance.
Com o repertório passando por hits dos seus +40 anos de carreira e mostrando grande energia, envolvendo o público presente ao trafegar por hits como Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua, Jardins da Babilônia, Sangue Latino e Homem com H. Mostrando as razões para, ainda hoje, ser um dos maiores nomes da música nacional, mesmo que o público não tenha dado a atenção merecida e estivesse ansioso para outra atração que também esteve no The Town, porém numa data diferente a de Ney Matogrosso.
Se, assistindo pela TV ano passado, parecia ser um show "morno", essa certamente não foi a sensação que foi transmitida para todo o público presente no Rock in Rio 2024. Em dia de Akon, Mariah Carey e Shawn Mendes, Ne-Yo foi o nome.
Sendo um verdadeiro hitmaker, um dos queridinhos do R&B não deixou ninguém parado por um segundo sequer, iniciando com 'Closer', 'Because Of You', 'Champagne Life' e 'Sexy Love' emendando uma atrás da outra, trajado sempre com chapéu e roupa combinando elegantemente, além de estar com dançarinas e, visivelmente, ter elaborado ainda mais sua performance.
Interagindo com o público, em 'Push Back' rolou basicamente uma competição de dança entre três escolhidas para subir no palco e participar, enquanto a vencedora (escolhida pelo próprio público) ganhou de Ne-Yo um beijo no rosto (quem não queria ser ela, hein?)
Outro grande momento que elevou o ânimo do público foi quando, do nada, apareceu no palco o Mc Daniel, cantando 'Vamo de Pagodin' e vestindo uma camisa que dizia "Parem as queimadas".
Foto: Vans Bumbeers
Mostrando também outras faixas compostas por ele, porém cantadas por outros artistas, Ne-Yo também trouxe para o repertório (cantando ou dando o play) faixas como 'Irreplaceable', 'Let Me Love You', 'Let's Go', 'Time of Our Lives' e 'Give Me Everything', com o show durando cerca de 1h10 e não estando no setlist uma faixa usual e lançada com Akon, artista que iremos falar sobre mais adiante.
Depois do show, Ne-Yo esteve no All In (balada onde tinha ido dia 21) e fez um pocket show para público presente numa lista que encerrava às 21h e pagar o ingresso, a partir de R$ 80.
Sendo a artista mais homenageada do Rock in Rio 2024, Alcione está comemorando 50 anos de carreira e teve horário especial no festival e encantando o público ao lado da Orquestra Sinfônica Brasileira e grandes nomes como Diogo Nogueira, Majur, Maria Rita, Mart'nália e Péricles, em uma celebração pelos 50 anos da carreira dela.
Logo no início, tivemos 'Não Deixe o Samba Morrer', depois Diogo Nogueira se juntou a Alcione para interpretar 'Retalhos de Cetim' e 'Gostoso Veneno', enquanto Majur participou de 'Faz uma Loucura por Mim' e 'A Loba', Maria Rita cantou 'Estranha Loucura' e 'O Surdo', Mart'nália apresentou 'Qualquer Dia Desses' e 'Nem Morta', antes de Péricles subir no palco, agradecer a existência da artista e cantar, com Alcione, 'Sufoco' e 'Você me Vira a Cabeça'.
Com Alcione também passando por outros grandes sucessos dos seus 50 anos da carreira, a última homenagem foi todos os convidados cantaram novamente "Não Deixe o Samba Morrer" e emocionaram Marrom.
Cinco anos depois de seu último show em solo brasileiro (confira resenha aqui) poderíamos trazer praticamente a mesma resenha, se esse festival também fosse de um público fã de carteirinha do Akon.
Subindo no palco por volta das 21h25, Akon fez um show com 34 músicas (na teoria) mas muitas delas sendo trechos curtíssimos de faixas que eram hits do seu auge como 'Locked Up', 'I'm So Paid', 'Bartender', 'Baby, I'm Back' e 'Belly Dancer', algo super característico do hip-hop e rap old school que busca englobar todos os seus sucessos numa performance, mesmo que não seja ela inteira.
Até aí, quase metade do show já tinha ido e ele playbackando (com o volume estando mais alto do que já vi estar em outros shows dele, aumentando a nitidez do playback) alguns dos seus sons mais conhecidos e desconhecidos, até mesmo com lip sync atrasado em alguns momentos e nenhuma faixa sendo tocada da íntegra... Mas ainda assim, esse é o seu formato, sempre foi e seu público sabe. Para festa/balada funciona e foi assim que foi, uma balada a céu aberto, com todo mundo curtindo e dançando os grandes hits.
'Don't Matter' (com Akon tocando tambor) foi a segunda faixa tocada na íntegra a primeira foi 'Beautiful Day', a ser lançada em Outubro) e definitivamente ela é um hit, mas depois dela vieram três faixas seguidas do álbum de 2019 e que acabou afastando o público mainstream (aquele que só conhecia os hits) para o palco Sunset, onde teria mais tarde Mariah Carey (apesar deles dançaram por lá, enquanto aguardavam Mariah). Além disso, tivemos alguns problemas que não sabíamos se era o mic ou o set do DJ que falhava em muitos momentos (como em 'The Sweet Escape')... Se fosse sem o DJ, com certeza teríamos uma experiência melhor.
Um pouco mais adiante, tivemos mais músicas inteiras como 'Sorry, Blame It On Me', 'Lonely' (essa ganhando até batidas de funk numa versão com o Hitmaker), 'Dangerous' e 'I Wanna Love You' (com a galera cantando 'I Wanna f*ck you' e relembrando o meme do Faustão).
Num certo momento, Akon simplesmente sumiu e o seu show virou um "fim de festa brasileira", com seu DJ (de máscara prateada) dando play no medley 'Se ela dança, eu danço / Só love / Casca de bala / Só fé', antes de Akon surgir numa bola gigante pronta para ir pro público (algo que ele faz em turnê há cerca de um ano), mas na hora de descer as escadas, a mesma acabou estourando e ele comentou: "Tentei fazer algo especial. Talvez não fosse para acontecer. De qualquer forma, vamos fazer a festa acontecer" e acabar indo para o público sem estar na bola gigante mesmo.
Com essa farofa de músicas brasileiras, eles fez a gente dar risada (ainda mais depois de, num certo momento, falar "São Paulo" no Rock in Rio) e deixou o público animado ainda em faixas como 'Right Now (Na Na Na)', 'Beautiful', 'Play Hard' (faixa lançada com Ne-Yo, mas que não participou do show) e 'Sexy Bitch', antes dele ser praticamente expulso. A status de curiosidade, tem show que tem cerca de 42 músicas, mas o microfone foi cortado e ele tentou falar mesmo assim (tem quem diga que iria receber uma premiação), recebendo, por fim, aplausos de quem o via tentando falar no microfone.
Apesar de um show todo com playback, ele ainda foi repleto de hits que fizeram, mesmo que seja anos atrás, Akon atingir seu auge, com o sentimento nostálgico e a lembrança ainda permitindo com que o público se sinta embalado, perto do palco ou já se preparando para o próximo show.
Na atração seguinte, com muita gente cheia de expectativas, esse embalo não aconteceu, com os hits não podendo ser ouvidos a média/longa distância. Foi exatamente isso que presenciamos com Mariah Carey.
Enquanto víamos ela aparecer no palco com vestido verde e com a bandeira do Brasil, não ouvíamos nada vindo do palco, se não fosse alguém falar que a faixa de abertura era 'Obssessed' e, após isso, ouvirmos a música lá no fundo, bem distante, como se não tivesse caixa de som... Os relatos que tivemos foi que lá na frente o som estava perfeito, mas infelizmente, essa não era a parte maior do público em relação a quantidade de pessoas que estavam lá, cheia de expectativas para assistir Mariah e acabaram "deixando pra lá" por conta do som.
Passada algumas músicas, 'Touch My Body' era outra canção hit não ouvida e em 'I'll Be There' cogitávamos o playback estar baixo, por conta de ouvirmos Trey Lorenz melhor que a atração principal do horário.
Até aí, cerca de 10 músicas das 18 do show haviam se passado e o show sequer estava exibindo no telão do palco mundo ou o som sendo amplificado (próximo show lá seria daqui 1h20).
Apesar dela ter sido descongelada mais cedo em 2024 para estar no Rock in Rio, não conseguimos ouvir-lá de seu palco e acabamos tendo que conferir as últimas seis músicas pela televisão e chegamos na conclusão de que toda a análise vista nas redes sociais pela transmissão era completamente diferente do que vimos presencialmente. Uma pena.
Com 17 minutos de atraso, Shawn Mendes subiu às 00h17 para encerrar o Rock in Rio, estando de volta ao festival sete anos depois e após muitas coisas acontecerem. Naquele mesmo ano ele fez show solo em São Paulo, porém sua data extra necessitou ser cancelada por ordens médicas e repouso total das cordas vocais (na época, o show no Rio de Janeiro foi mantido) e em 2022 ele parou de fazer turnês para cuidar de sua saúde mental.
Agora, ele está com "Shawn", quinto álbum de estúdio, anunciado para o mês que vem e fez um show para um grande público, unindo quem não via ele desde 2019 com quem não havia tido oportunidade por conta do cancelamento da época.
Mesmo com o anúncio do álbum, ele não está numa turnê de fato esse é o seu terceiro show no ano e os outros dois foram num formato pocket. Então, para o repertório, ele escolheu seguir a linha da tour anterior, porém agradando os brasileiros e apresentando faixas do que poderemos ver de maneira completa mês que vem, incluindo 'Heart of Gold', ainda não lançada oficialmente.
Tendo hits de sucesso como 'Stitches' , 'Treat You Better', 'In My Blood', e 'Señorita' (com Camila Cabello, parte de um triângulo amoroso sem solução), eles estiveram presentes no setlist que ainda fez homenagem ao Brasil com 'Mas Que Nada'.
Sobre o Brasil, ele comentou: “Faz muito tempo que eu não estava em um palco assim. Isso é lindo... Muito obrigado, Rio” e, mais adiante, acrescentou referente ao público: "Nos últimos dias, fiquei pensando no país e nas pessoas daqui, a verdade é que apesar de o Brasil sofrer, tem as pessoas mais iluminadas. A gente vem e vocês dançam, cantam, amam. Vocês têm muito a ensinar ao mundo”.
Ele ainda agradou ao público diversas vezes, seja com os diversos "eu te amo", com a menção do calor seguida de tirar a camisa, erguer a bandeira do Brasil e, principalmente, cantar perto do público.
Perto do final, ainda rolou uma versão de 'Message in a Bottle' (The Police), ao longo de 1h30m de apresentação.
