Se tem uma franquia que fez barulho, por assim dizer, nos últimos anos, foi Um Lugar Silencioso. Ainda que o filme divida muitas opiniões, o longa rendeu uma sequência e agora, uma prequela que estreia hoje nos cinemas de todo o Brasil. Tudo isso, em apenas 6 anos desde o lançamento do primeiro filme. Este, estrelado e dirigido por John Krasinski, que até então se encontrava eternizado pelo carismático personagem Jim Halpert de The Office. John contou com a ajuda de dois roteiristas e de sua esposa, também atriz, Emily Blunt no elenco, levando o status de casal da vida real para o filme.
A continuação não fez o mesmo sucesso, já que foi lançado em uma época ainda considerada pós-pandemia e já não contava com a participação do ator, apesar da participação de Blunt e agora, Cillian Murphy (de Peaky Blinders e Oppenheimer). Um Lugar Silencioso: Parte 2 foi mais mediano apesar de suas boas intenções.
Foi então que a franquia decidiu mudar de direção. Um Lugar
Silencioso: Dia Um volta no tempo e nos mostra pela primeira vez a chegada das
terríveis criaturas que se guiam através de som à Terra. Mais que isso, a chegada
delas em Nova York, uma das cidades mais barulhentas do mundo. Aqui, acompanhamos
a jornada de Sam (Lupita Nyong’o) e seu gato Frodo por sua sobrevivência.
Lupita é uma força da natureza de atuação impecável capaz de transmitir todas
as emoções mesmo sem ter muitas falas e carrega toda a carga emocional e dramática
necessária para as situações extremas em que ela se encontra ao longo da
história.
Em seu caminho, surge Eric (Joseph Quinn) que logo se unem
para sobreviverem juntos. Joseph, que ficou marcado por tocar Master of Puppets,
do Metallica na última temporada de Stranger Things, aqui mostra que não é só
contra morcegos demoníacos que sabe lutar e que seu talento vai para muitíssimo
além da série da Netflix. Juntos, Eric e Sam atravessam Nova York de pegar a
última balsa para fora da ilha de Manhattan, que teve suas pontes destruídas
para conter a invasão.
O interessante de Um Lugar Silencioso, é que é uma história
que pode ser contada diversas vezes sob diferentes perspectivas de
sobreviventes. Se antigamente, ver um filme desses nos dava uma sensação de “é
legar ver filmes assim porque nunca vai acontecer de verdade”, hoje o peso é
outro. A pandemia nos deu uma demonstração do que é ter que se isolar porque há
uma ameaça que pode ser letal lá fora. Hoje, o mundo inteiro se identifica um
pouco mais com histórias assim.
Talvez o grande destaque de Um Lugar Silencioso: Dia Um seja
justamente mostrar como tudo começou. Nos dois primeiros longas, somos inseridos
desde o início num mundo onde já se está silencioso, e acompanhamos uma família
que vive no campo, e que já aprendeu a sobreviver e apenas uma extensão disso na
continuação de 2020. Essa prequela aproveitou uma boa chance de mostrar como um
lugar barulhento como Nova York colapsaria nessa situação.
É o primeiro filme da franquia dirigido por Michael
Sarnoski, que soube criar momentos de tensão quase tão bons quanto o primeiro longa.
A experiência é amplificada por um trabalho de som meticuloso como seria de
esperar de um filme terror tão sensorial como esse. O contraste entre barulho e
silêncio sempre foi a essência de Um Lugar Silencioso, e a prequela enfatiza
isso com mais eficiência que a parte 2, que acaba ficando no lugar de “mais do
mesmo”.
John Krasinski soube quando largar o osso e deixar a
franquia para outros experimentarem. E deu certo. Um Lugar Silencioso: Dia Um é
uma ótima prequela, e é um terror que vai muito além de jumpscares baratos e
clichês comum ao gênero. O longa tem muito drama, algumas piadas pontuais que
permitem dar um respiro, mas sem perder a urgência do que está acontecendo, e é
claro, muitas sequências que vão te fazer ficar na ponta da poltrona do cinema.
Contrariando todas as técnicas de sobrevivência, Um Lugar Silencioso ainda tem
potencial para fazer mais barulho, e eu espero que faça.