COBERTURA: Madonna encerra sua turnê mundial nas areias de Copacabana, marcando 40 anos de sucesso


A estrela realizou a única apresentação “The Celebration Tour”, na América do Sul, gratuitamente e de forma épica, no Brasil. 
(Texto e Fotos: César Oliveira (@viewatake// @taketheviews) para @gdltudosobremusica)

Na noite de sábado, 04 de maio, aconteceu nas areias de Copacabana, no Rio de Janeiro, o encerramento da turnê mundial da estrela internacional do pop, Madonna.

Como dito no início da apresentação por Bob the Drag Queen, não se trata de um show, apresentação ou algo parecido. Trata-se da celebração de 40 anos de carreira de sucesso da rainha do pop, no mundo, Madonna.

Vale destacar que Bob como Mestre de Cerimônias e com quase dois metros de altura e vestido de Maria Antonieta cativa o público logo em sua primeira aparição e é o responsável por introduzir ninguém menos que Madonna ao palco.


A praia, ou melhor, a cidade respirava Madonna, por onde se olhava tinha um fã. E o mais interessante: de todas as idades, sexos, cores e credos. E todos os envolvidos, no evento, pareciam estar felizes - o que se destaca dos demais eventos dessa natureza. Havia um ar de contemplação entre todos. Todos queriam, logo, desfrutar da tão esperada apresentação.

E antes de iniciar a apresentação alguns sortudos foram pinçados das areias e da calçada da praia de Copacabana, de forma aleatória, para desfrutar de umas das maias privilegiadas áreas. A dos superfãs localizada, exatamente, na frente do monstruoso palco. A emoção desses sortudos era contagiante. Eles corriam gritando, brincando e dançando até o estratégico ponto.

Madonna subiu ao palco com cerca de 45 minutos de atraso, visivelmente emocionada e o público aguardava, pacientemente, e acompanhou eufórico as quase 2 horas de show.


A apresentação gratuita no Rio foi o encerramento da turnê mundial “The Celebration Tour”, que já realizou 80 apresentações desde outubro passado, no mundo. E reuniu os maiores sucessos da cantora para marcar seus 40 anos de sucesso profissional.

Vale destacar que são poucas artistas no mundo que reuniriam milhões de pessoas num único sábado, à noite, numa praia. A Riotur estima que 1,6 milhão de pessoas estavam nas areias de Copacabana. 

E Madonna com 65 anos é uma dessas artistas. E uma mulher de vanguarda.

Madonna é um ícone que atravessa gerações. Num mundo em que números de aplicativos de música dizem tudo, Madonna mostra seu valor. E o peso de sua história.

Música boa é aquela que fica que resiste ao tempo, a que faz diferença, a que muda, nos muda e muda até mesmo forma da sociedade.

E Madonna com sua arte se faz eterna. Essa apresentação, nas areias de Copacabana, sempre será lembrada.


A artista sempre apostou na desobediência. E se hoje as pessoas podem viver em público, sem restrições é porque alguém desobedeceu lá atrás. E uma dessas pessoas foi ela.

Ela sempre foi progressista para todas as épocas. As letras, acompanhadas de batidas melódicas ou dançantes, abordavam temas polêmicos como perda na infância, abuso infantil, abuso conjugal, direitos das mulheres e espiritualidade.

Madonna sempre foi atacada quando defendia as mulheres, as divorciadas, as abusadas, quando defendia a comunidade LGBTQIA+ e as pessoas que viviam com o vírus do HIV.

Ela viu seus melhores amigos morrerem de complicações do vírus do HIV.

E chegou a lançar um CD em 1989, com uma mensagem simples e direta, quebrando tabus ao incluir uma cartilha sobre AIDS dentro de seu álbum “Like a Prayer”.
O folheto dizia, em tradução para o português:

"A AIDS é uma doença com as mesmas oportunidades. Afeta homens, mulheres e crianças, sem distinção de raça, idade ou orientação sexual. A AIDS é causada por um vírus chamado HIV. Até o momento, não há dados conclusivos para explicar como a AIDS começou ou de onde veio. Pessoas com AIDS – independentemente de sua orientação sexual – merecem compaixão e apoio, não violência e intolerância.

Você pode contrair a AIDS fazendo sexo vaginal ou anal com um parceiro infectado.
Você pode contrair AIDS compartilhando agulhas de drogas com uma pessoa infectada.
Você pode contrair a AIDS se nascer de uma mãe infectada.
O simples ato de colocar uma camisinha pode salvar sua vida, se ela for usada corretamente e toda vez que fizer sexo.
AIDS não é uma festa".

Importante destacar que as informações sobre o vírus do HIV na década de 80 eram muito escassas e desencontradas.

Durante a música “Live to tell”, fotografias dos músicos brasileiros Cazuza e Renato Russo, da atriz Sandra Bréa e também do sociólogo Betinho, todos vítimas da AIDS, foram exibidas nos telões, junto com fotos de amigos da cantora.

O amigo da cantora Keith Haring, lembrado nas fotos publicadas por Madonna, sempre é homenageado pela rainha do pop. No documentário “Na Cama Com Madonna”, a cantora promove uma oração para o amigo que havia acabado de falecer, em fevereiro de 1990. Anos depois, no álbum “Erotica”, a artista incluiu a música “In This Life” que lembrava a partida precoce de Keith.


A apresentação dela é muita complexa. Cada imagem, figurino, e dança é milimetricamente pensado. A cantora pula, corre, dança, luta e algumas vezes, canta. Sim é usado playback, mas isso é o que menos importa.

Participam do encerramento da turnê, neste sábado, no Rio de Janeiro: Bob, as bailarinas e os bailarinos, a banda, os filhos da cantora, David Banda e Mercy James, ambos de 18 anos e Estere Ciccone de 11 anos – três dos seis filhos de Madonna.

O momento de Mercy James com Madonna no piano é emocionante. E Madonna faz questão de referendar seus filhos. Os olhos dela brilham.

A pequena Estere é DJ e acompanhou o grupo de bailarinos durante o aguardando momento de “Vogue” com passos mirabolantes.

A música “Like a Prayer” conta com a participação de David Banda, bem como ele aparece tocando violão para a mãe no clássico “La isla bonita”, levando a plateia ao delírio.

A apresentação também conta com uma homenagem a Michael Jackson o rei do pop. Contemporâneo da rainha do pop. Os dois primeiros astros conhecidos mundialmente. As silhuetas de ambos dançam nos telões.

Madonna e Michael Jackson compartilham a coroa do pop até hoje. A história dos dois se mistura desde os anos 1980, quando ambos começaram a fazer um sucesso estrondoso no mundo todo com hits que seguem atuais.

Na homenagem, Madonna não apenas relembra a importância do cantor que morreu em 2009, como também referencia a si mesma, ao retomar a mistura entre “Like a Virgin” e “Billie Jean” que ela apresentou em sua “The Virgin Tour”, de 1985.


Durante a celebração alguns dos seus maiores hits são apresentados:
Nothing Really Matters”
Everybody”
Into the Groove”
Burning Up”
Open Your Heart”
Holiday”
Live to Tell”
Like a Prayer”
Erotica”
Justify My Love”
Hung Up”
Bad Girl”
Vogue”
Human Nature”
Crazy for You”
Die Another Day”
Don’t Tell Me”
Mother and Father”
Little Star”
Express Yourself”
La Isla Bonita”
Music”
Bedtime Story”
Ray of Light”
Bitch I’m Madonna”

A apresentação contou ainda com a participação do DJ Barata, Diplo, Pabllo Vittar e Anitta que foi a convidada especial da rainha do pop.

A aparição de Pabllo Vittar, uma gay (drag queen), nordestina, ex-assentada do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ex-atendente de fast food, num palco em Copacabana com Madonna enroladas em bandeiras do Brasil, vestidas com camisas da seleção brasileira, cercadas de crianças, resinificaram as cores e a bandeira nacional de forma derradeira.


De outro giro, o Rio de Janeiro que no passado já foi Corte Imperial e Distrito Federal, centro industrial, cultural e econômico do Brasil.

Tudo isso no passado, mas, mesmo assim a cidade ainda é a vitrine do Brasil, símbolo do país perante o mundo e um dos mais famosos destinos turísticos do planeta.

E esse show coloca, novamente, o Rio de Janeiro no noticiário mundial como exemplo de beleza, vitalidade, organização e segurança, pela primeira vez desde as Olimpíadas.

São poucas cidades no mundo que conseguem colocar, literalmente, milhões de pessoas pra se divertir, gratuitamente, na rua e manter tudo funcionando. Essa expertise em grandes eventos e valioso e deve ser explorada.

Cultura pode também dar lucro. E deve. Os números impressionam.

O valor total do show foi de R$ 59,9 milhões. Sendo que o Governo e Município racharam a conta de R$ 20 milhões (10 milhões pra cada) como investimento público para ter um show gratuito da cantora para, em tese, um milhão e meio de pessoas. O restante do valor veio de um banco e uma marca de cerveja. E não contou com nenhuma verba federal.

A estimativa do Estado é que o evento deu um retorno de, simplesmente, R$ 300 milhões à cidade, contando com o movimento em alimentação e todos os outros gastos que aquecem a economia e mais R$ 60 milhões em arrecadação no ISS Turismo em maio.

Importante destacar que nada disso seria possível se não fosse pelo patrocínio do Banco Itaú, a perspicácia da Bonus Track que teve a coragem de organizar esse evento. A Prefeitura do Rio de Janeiro. E ao patrocínio da Heineken e o apoio da TV Globo.


Madonna sempre lutou contra o racismo, o sexíssimo, a perseguição contra homossexuais, aos doentes o preconceito e a ignorância. E continua lutando e dando voz as minorias atualmente.

Enfim Madonna termina a turnê de celebração por seus 40 anos de sucesso na carreira profissional, com muita emoção dizendo:
Todas as pessoas que lutam pelo direito de serem livres, de amar quem querem amar, não tenham medo!
Eu vou lutar por vocês até o dia em que eu morrer"

Não é o bastante. Descobriram que, após o show, Madonna teria doado R$ 10 milhões paras vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul, mas nem artista e nem governo confirmaram, ainda.

E assim termina umas das mais especiais apresentações no mundo nos últimos séculos. E que venham as próximas.


CONFIRA TODAS AS FOTOS AQUI!!

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