Do frevo de rua ao maracatu, do frevo canção às cirandas, ALCEU VALENÇA celebra os gêneros da grande festa pernambucana no seu novo álbum BICHO MALUCO BELEZA - É CARNAVAL, em duetos com outros nomes superlativos da música brasileira. De Ivete Sangalo a Lenine, de Maria Bethânia a Lia de Itamaracá, dos parceiros de geração Elba Ramalho e Geraldo Azevedo aos jovens talentos pernambucanos Juba e Almerio, Alceu expande seu carnaval para além das fronteiras seminais do Marco Zero e das ladeiras mágicas de Olinda.
Já na música-título, “Bicho Maluco Beleza” (lançada em tempo de forró no LP Sete Desejos, de 1991, e consagrada em versão frevo pelas multidões foliãs), Alceu Valença recebe a estrela maior do carnaval da Bahia, Ivete Sangalo. Sob tintas e cores do imaginário, celebram o bloco que a cada ano salta direto da canção para sacudir as ruas ferventes de Olinda a Sampa.
Da explosão do frevo de rua para as tinturas ibéricas do frevo canção, Valença caminha sobre os dias “De Janeiro a Janeiro” na dimensão sagrada de Maria Bethânia. A abelha rainha, que já sobrevoara o universo carnavalesco recifense no início da carreira (em Frevo número 1, de Antônio Maria), apronta sua fantasia ao longo de todo o calendário, num dueto que entra para a história da música brasileira.
Do sagrado ao profano, o “Diabo Louro”, do compositor J. Michiles, surge chicletizante pelo canto sedento e elástico de Alceu com seu filho Juba, uma das mais vibrantes apostas da nova cena olindense. “Bom demais” tem participação de Lenine, em seu segundo dueto com Valença (depois de Forró de Olinda, em 1998). Fazendo mesura na ponta do pé, os dois astros pernambucanos percorrem como ninguém o percurso musical do frevo de rua, em seus malabarismos rítmicos e divisões de tempo irresistíveis. “Bom Demais”, também de J. Michiles, é um dos maiores sucessos do carnaval contemporâneo, desde seu lançamento em 1985, no LP Estação da Luz.
Soberanos nas síncopes e seduções do gênero, Elba Ramalho e Alceu se debruçam sobre “Caia por cima de mim”, outro hit do repertório carnavalesco de Valença. No pique do frevo, Almerio capricha no sorriso de manequim para ferver a chaleira do “Homem da meia-noite”, parceria de Alceu e Carlos Fernando, em homenagem a um dos mais mitológicos blocos de Olinda. Delírio do carnaval.
Entre batidas de bombo e estouro de bombas, entram em cena os batuques de ingonos de “Maracatu”, em nova versão da canção originalmente lançada no LP Cavalo de Pau (1982). Os versos do poeta Ascenso Ferreira recebem injeção sonora de Valença, num traço de afro-brasilidade pontuada por cantigas de banzo e ranger de ganzás, sob os decibéis da virtuosa guitarra de Zi Ferreira, fiel ao legado de Paulo Rafael.
De mãos dadas com Lia de Itamaracá, Alceu contempla o balanço do mar da ilha no módulo “Quem me deu foi Lia / Moça namoradeira / Janaína”. Em número solo cirandeiro de Valença, “Luar de prata” desponta sob o raio selenita do saxofone de Heleno Feitosa. Tempo de decolar a versão frevo de “Taxi Lunar”, ao lado de Geraldo Azevedo, numa profusão de cabeleiras vermelhas e raios de sol lilás, onde o combustível da folia é o próprio éter do carnaval.
O álbum é dedicado ao compositor e eterno parceiro Carlos Fernando, criador da série Asas da América, que renovou a cena do frevo nas décadas de 1970 e 1980. Produzido por Tovinho, com direção musical de Tovinho e Alceu Valença, BICHO MALUCO BELEZA - É CARNAVAL foi gravado nos estúdios Tambor (Rio), Somax e Carranca (Recife).