Recentemente, tivemos a oportunidade de conversar com o Bernardo Tavares, vocalista da Circus Rock, banda já conhecida entre os leitores do site, seja por trabalhos lançados anteriormente ou até mesmo em coberturas de shows. Na conversa, tópicos como fase atual da banda, composições em meio à pandemia, agenda de shows e muito mais!!
Apesar de já estar com quase 10 anos de carreira, vocês passaram ter um leque maior de lançamentos a partir de 2019, não parando desde então. Como vocês começaram e qual foi o ponto-chave na carreira de vocês que culminou num sequência mais sólida de lançamentos e até mesmo um número maior de pessoas conhecendo o trabalho de vocês?
R: Acho que a partir do primeiro disco, que mesmo amador, nos fez perceber que existia todo uma cadeia e circuito de rock autoral que a gente poderia se desenvolver. Mesmo com um material amador fazendo o mínimo, com esforço e carinho vimos que era possível levar o som pra mais pessoas e estabelecer metas de crescimento.
Nós vemos que vocês tem um posicionamento lírico bastante marcante, seja por cunho social ou político (como em 'Cidadão de Bem' e 'Sem Expectativas', trabalho mais recente de vocês). Ter esse posicionamento se torna mais um "filtro" para atrair público que tem as mesmas ideias da banda ou também já serviu de crítica vinda de pessoas que não entendem as letras, como ocorre em grandes nomes como Roger Waters ou Titãs? Mostrar todo o posicionamento de vocês e passar pra frente mensagens que nos fazem refletir pode ser definido como o "carro-chefe" da banda?
R: É tudo muito espontâneo e pouco programado, escrevemos o que acreditamos e o que sentimos. Sem querer isso acaba virando um filtro, em alguns lugares é bem visto e em outros não. Acredito que pro público em específico é algo positivo, a pessoa pode realmente saber se é isso que ela gosta ou não, tá tudo bem na cara e sem dúvida, apesar de não ser a maneira de alcançar mais pessoas acredito que seja uma maneira de fidelizar. Muitas vezes recebemos críticas, ataques e comentários violentos, mas nunca negamos nada e nem escondemos, normalmente a resposta pra tudo é muito simples "só agora percebeu?" ou "Não gostou é só não consumir".
"Sem Expectativas" é uma faixa que apresenta uma temática que pode ser relacionada com diversos tipos de ouvintes e coisas que eles podem ter passado em meio a pandemia e o lockdown. Conte para nós como foi o processo de composição desse trabalho em questão
R:Esse trabalho é pouco desagradável, não é uma letra muito animadora e nem foi escrita de uma maneira animadora.
No meio da pandemia, num momento que já estava abrindo um pouco após a primeira e segunda dose a banda começou a se encontrar novamente, mas ainda estavam todos imersos naquela doideira que ainda reinava. Tentamos criar uma música nova e o sentimento que veio foi esse, acho que não tinha algo muito legal e feliz pra expressar no momento além de toda indignação e sentimento completamente negativo sobre tudo.
De 2017 até agora vocês já contam com três álbuns e parceria com grandes nomes como Rodrigo Lima (Dead Fish), Caio Weber (Cefa) e Milton Aguiar (Bayside Kings). Podemos esperar feats com outros nomes futuramente, seja em single ou álbum/EP? Um novo trabalho completo já está vindo por aí? O que podemos esperar de um próximo EP/Álbum da banda?
R: Podem esperar um novo disco completo, mais moderno e com toda a formação que se fixou compondo junto, com mais letras vindo de experiências e sentimentos pessoais. Dessa vez acho que vai ter poucos feats ou nenhum, acho que esse disco tá servindo pra gente se entender como grupo, ver até aonde vai e consegue ir em conjunto.
O último álbum de vocês é o "Gravações de Quarentena", num período que estava bem difícil o dia a dia de quem sobrevive com a arte. Como foi atravessar esse momento, sem poder se apresentar e volta aos palcos (inclusive nós assistimos vocês em Indaiatuba, no festival que teve Glória e foi um showzaço)? Atualmente, como está a agenda da banda, quer deixar pra gente por aqui?
R: Foi desesperador e batia uma angústia fodida, as gravações de quarenten serviram pra enganar um pouquinho a sensação de estar fora dos palcos e com pouco contato com as pessoas. Pra falar a verdade, quase tudo que fizemos na pandemia bate até um ranço de ver, lembra uma época estranha, uma reformulação adaptada do que era ter banda, um formato que claramente ninguém que formou uma banda quer levar.
Esse show com Glória e Incêndio foi irado, uma das primeiras viagens pós pandemia, tocando com uma banda que somos fãs pra caramba.
Atualmente a agenda está devagar, um show a cada trinta dias em média, mas o próximo mês está movimentado, já vamos ter acabado de produzir o álbum então tem uma bateria de shows maior. Tem 11/11 em São Gonçalo, depois 17/11 em SP e 20/11 em Caxias.
Aproveitem também e deixem um recado para fãs e leitores do site que estiverem conhecendo vocês com essa entrevista.
R:Conheçam a Circus! São quase 10 anos equilibrando peso e melodia, com letras críticas, verdadeiras e cada vez mais falando sobre nossos sentimentos e experiências pessoais.
O objetivo sempre foi passar algo que fosse agregador pro coletivo, é isso que fazemos e vamos continuar fazendo, sem blogueiragem, sem apelação, sem favoritismo, apenas música, verdadeira, visceral e intensa.