Ouça aqui: https://youtu.be/7NkZj7Y-8XI Entre as participações especiais, o ator e premiado dramaturgo Jé Oliveira, que participa da faixa-título. Ao lado dele, na mesma composição, o pianista Fábio Leandro, do Aláfia. Em “Áfrika”, o brilho da cantora e preparadora vocal Estela Paixão, também integrante do Aláfia. Neste mesmo single, François Muleka traz suas texturas e linhas de contrabaixo. Para fechar o timaço que compõe a canção, Luedji Luna. “Ela conclui poeticamente a necessidade de afirmarmos futuros que também são retornos. Amo esse dueto. Trazemos a importância do caminho e do passado-presente dos nossos mais velhos e mais velhas. O tempo como afrikanidade circular: Sankofa”. Vale destacar que as artes da capa do disco são construídas a partir de um quadro da Lê Nor, com pintura corporal de Juliana dos Santos, adereços de Ana Pimenta, sessões de foto de Joyce Prado e finalização de arte de Marisa Soou. “Depois” é um lançamento do selo Pôr do Som com distribuição da Believe Digital. O projeto foi contemplado pela 6°edição do Edital de Apoio à Música da cidade de São Paulo - Secretaria Municipal de Cultura. “Para fechar, gostaria de dizer que é importante se vestir de ternura para enfrentar as lutas. Ter amor em si, afetos diversos que podem ser celebrados. Celebrar as lutas de outres, torcer pelo bem viver coletivo da população preta periférica. Desejo passar um legado coletivo de sobrevivência, porque apesar de ser um trabalho solo há uma preocupação de pluri-protagonismo, ou seja, de transmitir que para um trabalho como esse ser possível e partir das periferias para o mundo, os trabalhos de várias pessoas foram necessários ao longo da construção. Esse é um trabalho de uma pessoa que é “cria” (expoente) dos saraus das periferias e dos movimentos de cultura das periferias das últimas duas décadas”, finaliza o artista. O projeto também será acompanhado de um vídeo animado para a música “Flor de Baobá”, canção de abertura do EP. O roteiro foi escrito pelo próprio Aloysio Letra, com animação e Motion de Ale Naslim, libras de Gabi Martins e finalização de Lico Cardoso. O vídeo de “Flor de Baobá” tem como inspiração um quadro da artista plástica Lê Nor e uma cena icônica do clássico faroeste “Três homens em conflito” (1966), de Sergio Leone. “Este é um trabalho que fala sobre quem se foi e o que pensa, quer e sente quem ficou nesse sumidouro de gente preta que é o território brasileiro. Tento responder como é a sensibilidade de pessoas pretas sobreviventes do genocídio da população negra. Falo de futuridades. Reflito sobre como lidar com as perdas e, sobretudo, como buscar forças para prosseguir. Penso novas manhãs… Novos e velhos aquilombamentos que façam a solidão passar e as feridas sararem. Este é um acalanto musical afetivo e intimista. Aqui homenageio o grande amigo e parceiro na cultura, que perdi em 2017, Daniel Marques Sundiata. Foi esse registro que me abraçou em tempos que, para mim, foram muito difíceis”. Composto por 4 faixas completamente autorais, a sonoridade de “Depois” dialoga diretamente com a MPB dos anos 80 e 2000, misturando influências das tradições negras do candomblé, das atmosferas musicais de Salif Keita, do pop de Sade Adu, da própria música popular brasileira e da instrumentação de orquestra de câmara. A produção, assinada por Ravi Landim e com direção artística do próprio Aloysio Letra, prima pelo uso de instrumentos analógicos, percussões, madeiras, arranjos melodiosos e um elegante elenco de musicistas, em detrimento de intervenções eletrônicas, programações e programadores digitais.
Aloysio Letra reflete sobre ancestralidades, afro-presentes e futuridades em EP intitulado “DEPOIS”
9/23/2023 10:00:00 AM
0
Ouça aqui: https://youtu.be/7NkZj7Y-8XI Entre as participações especiais, o ator e premiado dramaturgo Jé Oliveira, que participa da faixa-título. Ao lado dele, na mesma composição, o pianista Fábio Leandro, do Aláfia. Em “Áfrika”, o brilho da cantora e preparadora vocal Estela Paixão, também integrante do Aláfia. Neste mesmo single, François Muleka traz suas texturas e linhas de contrabaixo. Para fechar o timaço que compõe a canção, Luedji Luna. “Ela conclui poeticamente a necessidade de afirmarmos futuros que também são retornos. Amo esse dueto. Trazemos a importância do caminho e do passado-presente dos nossos mais velhos e mais velhas. O tempo como afrikanidade circular: Sankofa”. Vale destacar que as artes da capa do disco são construídas a partir de um quadro da Lê Nor, com pintura corporal de Juliana dos Santos, adereços de Ana Pimenta, sessões de foto de Joyce Prado e finalização de arte de Marisa Soou. “Depois” é um lançamento do selo Pôr do Som com distribuição da Believe Digital. O projeto foi contemplado pela 6°edição do Edital de Apoio à Música da cidade de São Paulo - Secretaria Municipal de Cultura. “Para fechar, gostaria de dizer que é importante se vestir de ternura para enfrentar as lutas. Ter amor em si, afetos diversos que podem ser celebrados. Celebrar as lutas de outres, torcer pelo bem viver coletivo da população preta periférica. Desejo passar um legado coletivo de sobrevivência, porque apesar de ser um trabalho solo há uma preocupação de pluri-protagonismo, ou seja, de transmitir que para um trabalho como esse ser possível e partir das periferias para o mundo, os trabalhos de várias pessoas foram necessários ao longo da construção. Esse é um trabalho de uma pessoa que é “cria” (expoente) dos saraus das periferias e dos movimentos de cultura das periferias das últimas duas décadas”, finaliza o artista. O projeto também será acompanhado de um vídeo animado para a música “Flor de Baobá”, canção de abertura do EP. O roteiro foi escrito pelo próprio Aloysio Letra, com animação e Motion de Ale Naslim, libras de Gabi Martins e finalização de Lico Cardoso. O vídeo de “Flor de Baobá” tem como inspiração um quadro da artista plástica Lê Nor e uma cena icônica do clássico faroeste “Três homens em conflito” (1966), de Sergio Leone. “Este é um trabalho que fala sobre quem se foi e o que pensa, quer e sente quem ficou nesse sumidouro de gente preta que é o território brasileiro. Tento responder como é a sensibilidade de pessoas pretas sobreviventes do genocídio da população negra. Falo de futuridades. Reflito sobre como lidar com as perdas e, sobretudo, como buscar forças para prosseguir. Penso novas manhãs… Novos e velhos aquilombamentos que façam a solidão passar e as feridas sararem. Este é um acalanto musical afetivo e intimista. Aqui homenageio o grande amigo e parceiro na cultura, que perdi em 2017, Daniel Marques Sundiata. Foi esse registro que me abraçou em tempos que, para mim, foram muito difíceis”. Composto por 4 faixas completamente autorais, a sonoridade de “Depois” dialoga diretamente com a MPB dos anos 80 e 2000, misturando influências das tradições negras do candomblé, das atmosferas musicais de Salif Keita, do pop de Sade Adu, da própria música popular brasileira e da instrumentação de orquestra de câmara. A produção, assinada por Ravi Landim e com direção artística do próprio Aloysio Letra, prima pelo uso de instrumentos analógicos, percussões, madeiras, arranjos melodiosos e um elegante elenco de musicistas, em detrimento de intervenções eletrônicas, programações e programadores digitais.
Tags