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Com mais de 30 anos de carreira, o rapper Xis, autor do hit “Us mano e as mina” (1999), consolidou-se como uma das maiores referências no rap nacional. O MC foi pioneiro em dialogar com diferentes vertentes musicais e apresenta, agora, o seu quarto álbum-solo, Invisível Azul. Entre influências da MPB, jazz, funk, soul, blues, samba rural, ritmos afros e música eletrônica, as dez faixas chegam às plataformas de streaming de áudio no dia 25 de agosto (ouça aqui).
Neste projeto, o rapper revisitou a poesia das ruas de São Paulo, sua cidade natal, e do mundo, após uma provocação de André Abujamra. “O ‘invisível’ é como me senti e me sinto em diversas frentes, como hip hopper, como cidadão, como artista. Mas o ‘azul’, significa estar tudo bem, mesmo com as dificuldades que a vida nos impõe”, explica o rapper sobre o título do projeto.
Com a participação especial de KL Jay nos scratch's, Xis já havia dado uma amostra do que seria o álbum Invisível Azul, com o single “Isnaipa”, lançado em 26 de maio. A letra é inspirada no jogo “Max Payne 3” e no longa “Sniper Americano” (2014), e traz um boom bap dançante em meio à uma história que se passa nas ruas caóticas da capital. O segundo single apresentado anteriormente, “Complexo Conflito”, traz o DJ RM e o rapper angolano Lukeny Bamba Fortunato para um breakbeat ativista.
Entre as novas canções que acompanham a chegada do trabalho completo, a faixa “Em Casa” tem rimas sobre o pioneirismo da Cultura Hip Hop e uma vibe Golden Era/G-Funk, em uma conexão entre os MC’s de São Paulo e Santos, com o MC caiçara Ice Dee e DJ Will, do grupo 5 pra 1. Enquanto “Arquiteto da Cabeça” entrega um Acid Jazz Funk com riff chiclete “na pegada Lenny Kravitz”, como define o próprio Xis. “Cutuco Di Bituca”, por sua vez, mostra a brasilidade do forró envolvida com o rap, pelas participações especiais de Kami Cruz, Elena Diz, Leonardo Mendes, Nato PK e Chico Chagas, evidenciando a pluralidade do disco.
A canção “Positividade poética” chega como uma manifestação às mortes da geração de ouro do Trap, embaladas pelo uso de Lean. “É malemolente, mas não tem nada de depressivo, muito pelo contrário. Positividade poética no último volume, um Trap Reggae R&B no melhor estilo festivo”, explica Xis. Contrapondo a densidade da temática com a faixa “Flow Madonna”, traz um beat vocal do MC Borracha Beat Box que opera como uma declaração de amor às mulheres.
“Gostou do meu Rap” é um Hip Hop Funk no melhor estilo Digital Underground com citação nostálgica à equipe de baile Chic Show e à banda de rock Legião Urbana.. Enquanto a sétima faixa do disco, “A Vida é Sua”, apresenta um rap com tema ecológico e devoção ao planeta terra, em que Xis versa com os integrantes originais do grupo Amigos Friends: “Primeiro rap que cantei ao vivo em 1988, finalmente com sua versão de estúdio”, lembra ele. Para finalizar, “C’Alma” é uma poesia rítmica de Victor Sagaz, com uma declaração de amor à família, e a participação especial do saxofonista e compositor Vinicius Chagas.
Ao longo das dez composições, o rapper Xis indica possíveis novos caminhos no universo da Cultura Hip Hop. Com produção musical de André Abujamra, Caue Gas, Otavio Carvalho, Wendell Benjamin e DJ Will, diversas sonoridades são revisitadas, dando continuidade à uma trajetória de influências das raízes do Hip Hop Afro Brasileiro, integrando ritmos e gerações. “É um disco de rap canção e hip hop adulto, mas que dialoga também com o que está sendo feito pela nova geração. Estou torcendo para que as pessoas possam se divertir com essas novas músicas, que elas possam trazer uma reflexão também nos momentos que a lírica traz esta necessidade”, finaliza Xis.