No início do ano, a HBO brilhou ao lançar a primeira temporada de "The Last of Us", uma adaptação de jogo que se transformou em uma série de TV sem precedentes. Logo depois, o filme animado "Super Mario Bros" surpreendeu, não apenas como uma das maiores revelações cinematográficas do ano, mas também como uma das mais rentáveis.
Esta semana, o destaque recai sobre o jogo "Gran Turismo", um icônico simulador de corridas com carros de elite, cuja primeira edição foi lançada em 1997. Desde então, a franquia só cresceu, conquistando uma legião de fãs fervorosos.
Dirigido por Neill Blomkamp, o que torna este filme único em comparação com outras adaptações é a sua abordagem da história real de Jann Mardenborough. Jann, um jovem jogador excepcionalmente talentoso, deixa seu pai preocupado com seu foco excessivo em videogames em detrimento de um futuro mais tradicional.
Danny Moore (interpretado
por Orlando Bloom), um executivo de marketing da Nissan, apresenta um projeto
arrojado: selecionar os melhores jogadores de Gran Turismo do mundo e
colocá-los e
m corridas reais contra pilotos profissionais. O objetivo é provar
que o jogo pode transformar aspirantes a pilotos em pilotos de corrida plenos.
Para essa tarefa aparentemente desafiadora, Danny recruta o mecânico Jack Salter (interpretado por David Harbour) para treinar os entusiastas de jogos. O filme se propõe a colocar o espectador na posição de jogador, criando uma narrativa que não apenas reflete a agilidade e emoção das corridas, mas também mistura elementos do jogo com a realidade. Isso proporciona uma visão autêntica de como o jovem Jann enxerga as corridas, mesmo quando estão acontecendo no mundo real.
Numa corrida contra o relógio, Jack precisa transformar Jann de um piloto talentoso em videogames para um piloto profissional capaz de competir em poucas corridas de classificação e, eventualmente, vencer.
Poderia ser apenas mais um filme de ação repleto de clichês, seguindo a fórmula do protagonista que supera obstáculos constantemente. No entanto, o fato de ser baseado em uma história real atua como um elemento apelativo, adicionando profundidade à trama. Isso fica evidente no desfecho do filme, onde fotos comparativas entre os atores e as pessoas reais são apresentadas, seguidas por imagens de estúdios escaneando carros para a produção do jogo. Isso ressalta tanto a natureza adaptativa do filme quanto a paixão genuína das pessoas envolvidas pelo mundo dos carros e da velocidade.
Adaptar jogos para o cinema é um desafio complexo, e exemplos bem-sucedidos têm sido raros nos últimos anos. Jogos de corrida, por sua própria essência, carecem muitas vezes de narrativa densa. A última tentativa desse tipo foi o subestimado "Need for Speed" de 2014 (digo "subestimado" porque pessoalmente aprecio esse filme). Portanto, "Gran Turismo" triunfa com relativa facilidade, uma vez que utiliza uma história real inerente ao próprio jogo, evitando assim riscos de cair em clichês ou personagens estereotipados.
Embora o filme contenha algumas frases clichês e momentos previsíveis, eles não comprometem negativamente a experiência do espectador. A narrativa traduz com eficácia a emoção das pistas e a perspectiva de Jann. A edição frenética contribui para evocar a sensação de velocidade, mas também reserva espaço para o desenvolvimento dos personagens, permitindo que o espectador se conecte emocionalmente.
Indubitavelmente,
"Gran Turismo" se estabelece como uma adaptação bem-sucedida de um
jogo extremamente popular, proporcionando um alívio como filme de ação em uma
era em que super-heróis saturados dominam as telas de cinema. A edição,
fotografia e efeitos sonoros convergem para criar uma experiência sensorial
vertiginosa, digna de ser apreciada nas salas de cinema.