[CRÍTICA SEM SPOILERS] Besouro Azul é mais do mesmo (mas Bruna Marquezine brilha)

 

O filme "Besouro Azul" chega às telonas num timing nada favorável. Com Hollywood ainda em greve, os atores não podem divulgar o filme. Além disso, o cenário atual de filmes de super-heróis está absolutamente saturado. Duas décadas de domínio da Marvel e um universo compartilhado conturbado da DC não facilitam as coisas para "Besouro Azul", que, por si só, é um herói pouquíssimo conhecido, mesmo entre os aficionados por quadrinhos.

A narrativa é simples e, infelizmente, traz poucas novidades. O jovem Jaime Reyes retorna à sua cidade natal após se formar na faculdade, buscando o reencontro com sua família. Porém, a família, latina, acaba caindo nos estereótipos mais tradicionais: barulhentos, animados e à beira do despejo de casa. Jaime, então, visita a Kord Corp, uma corporação milionária liderada por Victoria (interpretada por Susan Sarandon), que previsivelmente assume o papel de vilã.

O destino de Jaime cruza-se com o de Penny (interpretada por Bruna Marquezine), que lhe confere um artefato antigo que, mais tarde, escolhe Jaime como hospedeiro, quase que arbitrariamente. Enquanto isso, Victoria almeja o objeto visando criar um exército pessoal, ainda que isso implique na prática de atrocidades. O filme não é completamente esquecível, mas tampouco é memorável. Trata-se de um filme genérico, repleto de clichês e carente de substância.

Devido a um roteiro preguiçoso, a trama torna-se previsível. Após fundir-se com a armadura, Jaime precisa aprender a utilizá-la, enfrentar um trauma pessoal, experimentar uma revelação transformadora e, por fim, salvar o dia. Tudo isso enquanto apresenta cópias descaradas de elementos de outros filmes já desgastados em nossa retina: traços de Homem de Ferro, Homem-Formiga, Velozes e Furiosos e até mesmo Homem-Aranha.

Xolo Maridueña demonstra talento e carisma, mas acaba vítima de um filme carente de ambição. Mesmo assim, ele consegue sustentar o peso do protagonismo num longa de super-herói. Entretanto, talvez a maior vítima seja Bruna Marquezine, que merecia um filme de maior qualidade, apesar de participar de um blockbuster milionário em Hollywood, uma conquista rara. Ela é a única personagem que parece estar genuinamente viva e envolvida na trama. Até a veterana Susan Sarandon parece empregar esforços hercúleos para transmitir um ar ameaçador como vilã.

"Besouro Azul" não impressiona, mas ao menos não agride. Ele surge como duas horas de distração no espectro da "Sessão da Tarde". Com uma atmosfera reminiscente dos filmes dos anos 90, "Besouro Azul" talvez teria mais relevância se tivesse sido lançado há três décadas. A tentativa foi válida e respeitosa, porém, não alcança voos mais altos.

Especialmente no contexto atual, onde filmes de super-heróis devem integrar um panorama mais amplo dentro de sagas épicas, "Besouro Azul" parece ter sido lançado apenas por já estar pronto. A DC atravessa uma fase de reestruturação que impactou severamente os planos do estúdio. Apesar de o filme deixar um gancho para uma possível sequência, é difícil acreditar que ela será produzida. A vantagem, por outro lado, é que "Besouro Azul" sustenta-se como um filme independente, não dependendo de outros para existir. No entanto, por ora, ele apenas existe.

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