TITÃS ENCONTRO: Tour de reunião da formação clássica esgota três dias no Allianz Parque e entrega show nostálgico, de grande performance e estrutura fora de série


Confirmada há praticamente sete meses, na abertura da segunda quinzena de Novembro, a turnê Titãs Encontro (que reúne Arnaldo Antunes, Nando Reis, Charles Gavin, Paulo Miklos, Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto depois de 30 anos para uma Tour, além de Liminha, produtor de diversos álbuns e fazendo a função de Marcelo Fromer) foi iniciada há dois meses e já viajou do norte ao sul do país, desembarcando em São Paulo na última sexta-feira.

Sendo a única cidade da turnê com três datas, todos os ingressos foram vendidos antecipadamente, mostrando como essa reunião era esperada por ter uma legião de fãs que a banda foi acumulando desde os 80 até atualmente, independente da formação que se apresentaram. 
Mas antes de falar sobre a atração principal, iremos falar da Sioux 66, banda escolhida para fazer a banda de abertura tanto de ontem (junto com a Colomy) quanto de hoje.


Já conhecida tanto entre os leitores do site, seja em entrevistas (confira a mais recente aqui), resenhas de shows ou lançamentos, a Sioux 66 foi formada em 2011 e atualmente é composta por Igor Godoi (vocal), Yohan Kisser (guitarra), Bento Mello (baixo) e Gabriel Haddad (bateria).
Subindo no palco por volta das 19h, eles estão com um repertório repleto de novidades, incluindo faixas do EP "Vault", o primeiro da banda em inglês, além de passar tanto pelo álbum de estreia da banda ("Diante do Inferno", de 2012) quanto pelo álbum mais novo ("MMXIX", de 2019), sem esquecerem da versão de 'O Calibre' (Paralamas do Sucesso), conhecida por estar na tracklist da novela "Lugar ao Sol".

Apesar do repertório curto, eles conseguiram passar por todos os +10 anos de carreira, com o foco sendo o EP mais recente, agora apresentado para um Allianz Parque esgotado por dois dias.

SETLIST:
Intro - Laico
Paralisia 
Outro Lado
Drowning In My Vault
Rollin’ Under
Nobody Knows You
In Your Sight
Calibre


Por volta das 20h30, o Allianz já estava completado lotado e com a emoção repleta de ansiedade para conferir o último show desse encontro de titãs num estádio brasileiro, sendo transmitido ao vivo para todo o Brasil via Multishow/Globoplay.

Com o público conferindo uma megaestrutura, daquelas que são ovacionadas quando presentes num show internacional, Arnaldo Antunes, Nando Reis, Charles Gavin, Paulo Miklos, Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto surgiram no palco, abrindo o show com 'Diversão', algo que transcende o fato da músicas ter esse título, mas por conta deles estarem realmente se divertindo do início ao fim, com toda essa energia sendo transportada para o público, que unia pais apresentando essa formação clássica aos filhos, casais e pessoas relembrando o que viveram em outras épocas, cantando do início ao fim de um espetáculo que pode ter consolidado a banda como a maior nacional, seja pelo repertório, megaestrutura/produção ou os números que a turnê já entregou, com mais de meio milhão de ingressos vendidos. 


Tendo um grandioso jogo de câmeras e luzes, com diversas transições e ângulos que dão uma imersão ainda maior ao espetáculo, com Paulo Miklos posando para as câmeras sempre que possível e elas também acompanhando os músicos em diversos momentos, seja na bateria elegante de Charles Gavin, no teclado de Sergio Britto, no contrabaixo destacado de Nando Reis, riffs de Tony Belloto ou nos movimentos coreografados de Arnaldo Antunes e Branco Mello. Tudo isso e muito mais fez o público se sentir parte do show, dando a sensação de estar mais perto ainda deles, numa atmosfera definitivamente única, além de uma execução, produção e estrutura que eu não me lembro de ter visto antes num show nacional. 

Com um repertório extenso, maior do que quase todos os shows nacionais e até internacionais, eles passam por todos os grandes hits da época em que todos estavam juntos, de uma maneira que faz parecer com que nunca tivessem se separado, mesmo que isso tivesse ocorrido 30 anos atrás, com uma dinâmica, energia e espírito, mostrando toda a alegria de estarem juntos, algo que fez realmente valer a pena toda a espera de um público que entoava cada uma das músicas no mais alto tom. 


Ultrapassando 30 músicas no setlist, o show tem sucessos para todos os gostos, com todos (exceção de Charles Gavin e Tony Bellotto, protagonistas na bateria e guitarra) tomando para si o protagonismo de vocalista, além de mostrar versatilidade instrumental de nomes como Nando Reis (guitarra e baixo) e Paulo Miklos (cordas e sopro). 

Tendo o set sendo dividido em três atos, o primeiro deles traz faixas de protesto, como  'Lugar Nenhum', com Arnaldo Antunes dizendo “Pátria o caralho” e já mostrando, de certa  forma, o posicionamento político da banda, algo mais explícito ainda em faixas como 'Nome Aos Bois', com Nando Reis atualizando a letra com o nome de Bolsonaro ao lado de Hitler, entre outros (algo aprovado pela banda no geral), rendendo olho torto de uns, outros que simplesmente não aplaudiram depois da música e, assim como rolou no público de Roger Waters, não entendeu a mensagem da banda ao longo de todos esses anos. Sem esquecermos de 'Desordem', 'Igreja' e 'Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas'.


Num show repleto de hits e toda uma performance impecável, não podemos esquecer que no primeiro ato ainda teve "O Pulso", faixa que não poderia ser cantada por ninguém diferente de Arnaldo Antunes, com um jogo de palavras executado de uma maneira que só ele sabe fazer, algo que acabou sendo um show a parte, tanto pela performance quanto pelos efeitos visuais do telão.

Depois de 13 músicas, foi a vez do segundo ato, com Nando Reis, Tony Bellotto e Paulo Miklos indo para seus instrumentos acústico (destaque para o baixo ala Paul McCartney (aniversariante do dia) de Branco Mello.
No ato acústico, de primeira é exibido no telão algumas gravações antigas da banda, na época onde tudo começou, no 'Epitáfio', faixa que abre esse momento do show e da continuidade a uma avalanche de hits como 'Os Cegos do Castelo' (Nando Reis cantando), 'Pra Dizer Adeus (Paulo Miklos cantando) e  momentos emocionantes, como com Alice Fromer (filha de Marcelo Fromer, guitarrista da formação original da banda e que faleceu em 2001) cantando 'Toda Cor' e 'Não vou me Adaptar'), além de homenagear Rita Lee com 'Ovelha Negra' e, em outro ato dedicar 'É Preciso Saber Viver' ao Erasmo Carlos. 


Emoção a parte foi ver Branco Mello cantar faixas como 'Eu Não Sei Fazer Música', '32 Dentes' e 'Flores' (essa somada com o público cantando junto e backing-vocal dos outros integrantes, em alguns momentos), com todas essas sendo cantadas depois de 'Tô Cansado', faixa que Branco falou sobre a felicidade de estar com seus amigos dançando, estando curado, fazendo questão de cantar mesmo com a voz debilitada, mas repleta de coração, alma e que deu ainda mais naturalidade para o show, numa era repleta de playback. 

No terceiro ato, eles abrem com Nando Reis cantando 'Família', o belíssimo efeito visual acompanha a performance única de Arnaldo Antunes em 'Televisão' e o punk rock ganha espaço com 'Porrada', 'Polícia', 'AA UU' e 'Cabeça Dinossauro'. Em seguida, eles se despediram do público com a bandeira LGBTQIAPN+ (algo que gerou alguns olhos tortos, assim como as faixas mais de posicionamento político) e reverenciou cada pessoa presente se curvando. 

Sumindo do palco por alguns minutos, os mais desavisados iam se retirando no estádio antes mesmo da banda tocar 'Marvin', um dos maiores hits da banda sob o vocal de Nando Reis e 'Sonífera Ilha', um dos maiores com Paulo Miklos no vocal, finalizando um espetáculo que ficará a história e agora atravessará oceanos, com shows em Portugal e Estados Unidos.

ASSISTA TRECHOS AQUI E CONFIRA SETLIST:

Titãs Setlist Allianz Parque, São Paulo, Brazil 2023, Titãs Encontro - Todos Ao Mesmo Tempo Agora

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