The Flash atrasou para sua própria festa. O novo filme do velocista da DC Comics demorou para sair do papel e chegar às telonas, consequência de um projeto que passou por vários diretores, produtores e roteiristas. No entanto, o diretor Andy Muschietti conseguiu entregar um filme acima da média dentro dos padrões da DC.
Não que o
filme seja impecável, pois ele tem seus tropeços. No entanto, trata-se de um
filme mais centrado em Barry Allen do que em salvar o mundo. Barry,
sobrecarregado por não conseguir conciliar sua vida dupla e provar a inocência
de seu pai, acusado injustamente de matar sua própria esposa, descobre a
habilidade de viajar no tempo. Ao tentar inocentar seu pai, ele é jogado para
fora da linha temporal e acaba em uma realidade onde seu "eu" tem 18
anos.
Nesse
momento, é admirável o trabalho preciso de Ezra Miller ao interpretar duas
versões de si mesmo, cada uma com personalidade completamente diferente. No
entanto, nos seguintes 150 minutos de projeção, muitas coisas começam a
desandar, e o filme se torna um amontoado de referências para os fãs mais aficionados.
Ezra Miller carrega o filme, mas o veterano Michael Keaton rouba a cena ao
reprisar o papel do herói na versão de Tim Burton. Alguns podem considerá-lo
antiquado para os dias atuais, mas funciona, e ele demonstra tanta paixão pelo
personagem quanto Andrew Garfield pelo Homem-Aranha.
Infelizmente,
não foi apenas o Flash que chegou atrasado, mas a própria DC perdeu o timing.
Com um filme sobre viagem no tempo e multiverso, o novo queridinho de
Hollywood, a Marvel já deu o pontapé inicial, “Tudo em Todo Lugar...” patenteou
e a DC só olhou e pensou: "Ei, também quero brincar de multiverso".
Para a jornada de Barry, o conceito funciona e é divertido, porém, não é algo
inovador.
O
interessante é que, em meio a um roteiro cada vez mais caótico e sem sentido,
Barry só deseja uma vida diferente. O filme faz referências à cultura pop,
talvez até em excesso, com piadas que se prolongam além do necessário,
compreendidas apenas pelos cinéfilos mais nerds. The Flash apresenta tantos
elementos na tela que acaba não sabendo o que fazer com todos eles. Isso se
aplica à Supergirl, que é subutilizada, e até mesmo a Gal Gadot, que serve
apenas como uma coadjuvante de luxo. Um verdadeiro pecado.
Falando em
pecado, a Marvel não é a única que está enfrentando problemas com efeitos
visuais. Somente o protagonista parece ter recebido atenção para obter um bom
resultado. Há uma sequência de abertura constrangedora, além de uma
participação especial tão malfeita que é impossível aproveitá-la.
Apesar de
tantos tropeços, é preciso destacar que o filme é uma boa aventura, agradável,
carismática e divertida de assistir. Principalmente considerando a atual
saturação de filmes de super-heróis (oi, Marvel?). The Flash é bastante
aceitável como um filme solo e “stand-alone”, afinal, há muito tempo a DC tem
bagunçado cada vez mais sua casa com projetos cancelados e trocas de atores.
Talvez o maior mérito do longa seja justamente fugir um pouco da fórmula e se
livrar do "Zack Snyderismo" que estava impregnado nos filmes do
estúdio.