O filme “A Sindicalista” (La syndicaliste), protagonizado por Isabelle Huppert (“Elle”, “A Professora de Piano”), estreia hoje nos cinemas brasileiros, com distribuição da Synapse Distribution. O longa, que entra em circulação comercial após ser exibido pela primeira vez no país no Festival Filmelier no Cinema, é co-escrito e dirigido por Jean-Paul Salomé. Confira o trailer aqui.
Exibido na Seleção Oficial do Festival de Cannes, em 2022, o filme acompanha a história real de Maureen Kearney (Isabelle Huppert), uma representante sindical que denunciou acordos secretos e abalou a indústria nuclear francesa. Quando ela é violentamente agredida em casa, a investigação a transforma de vítima a suspeita.
A trama é baseada no livro “La Syndicaliste”, da jornalista Caroline Michel-Aguirre, lido pelo diretor na época de sua publicação, em 2019. O interesse pela história da francesa foi imediato. “A jornada de Maureen – sua acusação, sua redenção, os momentos de dúvida e depressão sobre os quais ela triunfou – foi uma história cinematográfica por si só. Depois de ler o livro, soube que o produtor Bertrand Faivre havia adquirido os direitos do título, mas não tinha um diretor específico em mente. Chegamos a um acordo, e a roteirista Fadette Drouard e eu começamos a escrever o roteiro”, conta o cineasta. Ele também conheceu Maureen e sua família, com quem compartilhou o roteiro e teve sua aprovação.
Salomé afirma que não havia melhor candidata ao papel de Maureen que Isabelle Huppert. Além da forte semelhança com a denunciante e sindicalista, a atriz já havia colaborado com o diretor em outro filme, “A Dona do Barato” (Mama Weed), lançado no Brasil em 2021. “Quando vi fotos da Maureen Keaney na internet, imediatamente vi que Isabelle poderia vivê-la na grande tela. Nós nos demos muito bem em ‘A Dona do Barato’, há uma certa fluidez em nosso relacionamento, [...] queríamos trabalhar juntos novamente”, comenta.
Ao analisar uma figura pragmática como Maureen, Huppert comenta como as diferentes nuances do caso influenciaram sua interpretação. “O que é interessante é o ceticismo e a ambiguidade que surgem da maneira como os outros veem a personagem. Eu não pensei se Maureen era culpada ou inocente. O que mais me interessou foi o tumulto que ela gerou e que, curiosamente, persiste até hoje, se acreditarmos nos recentes documentários sobre o caso. Ela era uma sindicalista, não deveria liderar um exército. Mas construiu um pequeno reino do qual decidiu comandar e resistir. No final, ela estava sozinha contra o mundo.”
Após conhecer Maureen, a premiada atriz francesa ainda conta, por fim, que teve a plena confiança do cineasta em seu trabalho para este papel. “Adoro trabalhar com Jean-Paul Salomé. Não há hesitação em sua direção, o que é sempre reconfortante para um ator. Bons cineastas nunca são intervencionistas com seus atores, ou intervêm de forma invisível que dá energia e confiança, nunca de forma que atrapalha”, conclui.
“A Sindicalista” reúne também no elenco Grégory Gadebois (“Angele e Tony”), no papel de Gilles Hugo, marido de Maureen; François-Xavier Demaison (“O Pequeno Nicolau”) e Pierre Deladonchamps (“Um Estranho No Lago”). Além da exibição em Cannes, o filme francês recebeu uma indicação na categoria de Melhor Filme da mostra Venice Horizons, do Festival Internacional de Cinema de Veneza 2022.