Recentemente publiquei aqui no site uma matéria falando sobre o declínio da Marvel pós Vingadores: Ultimato. A Fase 4 do estúdio vai de mal à pior por vários motivos e nós, os fãs, já estávamos perdendo as esperanças. Pouca coisa se salva de críticas ferrenhas à produções milionárias recentes dos heróis.
Mas no meio dessa confusão, surge um respiro. O nome desse respiro é James Gunn. O diretor e roteirista volta ao universo dos Guardiões, ao que tudo indica, pela última vez. Sim, o longa tem absoluto clima de despedida. E essa é das dignas e emocionantes. É evidente que o diretor tem um talento enorme para contar histórias com muita paixão não apenas por fazer filmes, mas pelos seus personagens.
A história começa com os Guardiões após os eventos de Ultimato. Peter Quill ainda sofre pela perda de sua amada Gamora, e todos estão meio sem rumos. Pelo menos até um ataque inesperado de Adam Warlock que deixa um dos membros gravemente ferido e os faz ir atrás de ajuda. James Gunn pega tudo aquilo que já funcionou nos seus filmes anteriores e repete quase à exaustão. Piadas, cenas de ação, personagens carismáticos, momentos de muita emoção muito bem construídos e é claro uma trilha sonora muito bem selecionada.
Guardiões da Galáxia Vol: 3 é a prova de que Gunn é uma jóia rara no saturado mercado de filmes de super heróis. Isso também acontece porque o longa, apesar de usar elementos que deram certo, arriscas algumas poucas coisas novas. Dessa vez o carismático e desbocado Rocket Raccoon é o foco da trama, e o filme faz isso se dividindo em 2 linhas narrativas. O presente dos Guardiões e o passado de Rocket. Gunn consegue com maestria contar as 2 histórias ao mesmo tempo sem se perder ou ficar chato.
O filme tem algumas poucas ressalvas. Personagens sub utilizados por serem tratado mais como mecanismo de roteiro. Algumas piadas exageradas e fora de hora não funcionam, e até algumas músicas surgem em momentos desnecessários. Mas nada disso afeta na experiência, ainda mais se comparado com as últimas produções, Guardiões é uma jóia rara em pleno momento de crise da Marvel.
Gunn consegue abordar vários temas sem fazer com que tomemos uma surra de informações que não conseguimos acompanhar. Seu roteiro é ágil, direto, divertido e por muito pouco, impecável. E até sequencias que à princípio parecem previsíveis e tomam um rumo inesperado. Não que ele escape ileso de esbarrar em um clichê ou outro, mas nada que comprometa a qualidade final do produto.
Guardiões 3 é um feliz acerto em sua maior parte. Com 2 horas e meia de projeção, James Gunn não existe em amarrar toda e qualquer ponta solta deixada pelas suas obras anteriores. Talvez, parte dessa ótima experiência seja por conta de o grupo ser oriundo das primeiras fases do estúdio e ainda funcionam como filme solo. Portanto o espectador pode se preparar para se emocionar, torcer e até ficar na ponta da cadeira nos momentos de maior clímax.
Com Guardiões 3 é até possível sentir uma ponta de esperança para o futuro do MCU e isso é ótimo. Nos resta aguardar de forma mais otimista possível pelos próximos projetos. Principalmente depois do fiasco e vergonha alheia de Quantunmania, Guardiões da Galáxia 3 é o filme que tanto esperávamos e merecíamos. Há hoje, quem diga que o próprio James Gunn é quem deveria ocupar o a presidência do estúdio que hoje pertence a Kevin Feige. E convenhamos, de fato não seria uma má ideia.