Comédia, ação e maconha fazem o Mestre da Fumaça o primeiro filme stoner brasileiro


De vez em quando, surgem aqueles filmes que são completamente fora da casinha. Filmes que são tão ruins que acabam sendo bons e até acabam virando um clássico cult. O Brasil é um país cheio de contradições e peculiaridades, e no âmbito cinematográfico é assim também.

O filme O Mestre da Fumaça é exemplo vivo e recente disso. O Brasil é um país onde a maconha é absolutamente proibida, mas é cada dia mais comum sair na rua e encontrar simpatizantes da erva consumindo-a em plena luz do dia. Em o Mestre da fumaça, escrito, produzido e dirigido pela dupla de diretores estreantes André Sigwalt e Augusto Soares, o tema é abordado de forma direta e original.

O longa narra a jornada de dois irmãos, Gabriel e Daniel que são amaldiçoados pela máfia chinesa com a temida vingança das 3 gerações. A única maneira de sobreviver é aprender os segredos do Estilo da Fumaça, uma arte marcial ensinada por um mestre singular. Após Daniel ser gravemente ferido em uma luta, Gabriel corre para o lar isolado do Mestre Liu que domina e técnica passa a ensinar Gabriel.

O filme é assumidamente uma comédia escrachada, simples, divertida e é claro, maconheira. O que teria tudo para ser um desastre, se torna algo divertido e original. Isso porque a dupla de diretores não economizou nas suas referências, que vão de filmes clássicos Honk Kong dos anos 50 e 60 ao kung-fu de Jackie Chan e Bruce Lee, às comédias canábicas mais non-sense, como O Grande Lebowski e Cheech e Chong. E ao mesmo tempo, uma comédia stoner, baseada nos filmes da contracultura americana dos anos 70 a 90. 

As cenas de luta são uma surpresa para o cinema brasileiro. Além de serem bem coreografadas, elas possuem misturas de diferentes estilos de marciais e até um estilo da fumaça inspirado no universo da cannabis, criado para o próprio filme e que pode ser usado na vida real. 

A forma como a maconha é abordada no filme é diferente de tudo que já foi retratado no cinema brasileiro. A erva e seus usuários não são mostrados palhaços e o humor não o ridiculariza. No filme, a maconha tem poderes sagrados e podem contribuir para a vida de quem a estuda e a consome. Além disso, a necessidade do cultivo e sua legalização estão também presentes no enredo de forma natural e coesa.

O Mestre da Fumaça surge como o primeiro filme stoner brasileiro. Para abordar um tema tão delicado como a maconha, o longa foi produzido sem nenhum tipo de lei de incentivo, inteiramente custeado com recursos dos próprios diretores para que pudessem inclusive exercer suas liberdades criativas ao máximo.

Em coletiva de imprensa, os diretores afirmaram ser um projeto para entretenimento puro, feito para rir e se divertir livremente. E mesmo com essa intenção descompromissada o longa é capaz de abordar temas relevantes como família, amizade, determinação e é claro a cultura canábica de forma leve, cômica e de mente aberta, bem aberta.

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