CRÍTICA: John Wick é uma montanha-russa de ação cansativa, com méritos técnicos inegáveis


John Wick é um filme pra quem tem fôlego em muitos sentidos. A começar por estarmos falando do quarto filme da franquia que começou com uma história simples, porém coesa sobre vingança. De lá pra cá, é o que estamos acostumados a ver a Hollywood fazer. Se deu dinheiro e o público pediu, as sequencias com orçamentos cada vez maiores começam a ser produzidas quase em ritmo industrial.

Em muitos aspectos, John Wick: Baba Yaga até tem seu mérito técnico já conhecido dos filmes anteriores. Ação frenética, lutas complexas bem coreografadas, e uma fotografia diferenciada para um filme de ação. Mas nem tudo isso salva o quarto filme da saga de se arrastar muito além do necessário. Com quase 3 horas de duração, o filme chega a ser cansativo e mesmo as cenas de ação parecem maiores do que o necessário.

Nos poucos momentos em que o filme diminui o ritmo também não se vê algo diferente do que já foi visto até aqui. Sempre há um chefão de autoridade a cima daquele que John acabou de matar. A hierarquia da Cúpula parece nunca ter fim, tornando John Wick muito mais um filme de ostentação como se dissesse “com mais orçamento, olha que podemos fazer”. Os poucos momentos deixados para desenvolvimento de história são feitos através de diálogos rasos e clichês. Nem o carisma de Keanu Reeves salva do tédio.

Tudo parece muito mais uma desculpa para enormes sequencias de ação, mas sem uma boa justificativa. Assim como nos longas antecessores, John luta contra uma enxurrada de figurantes mascarados que atacam sem parar. Mais tarde, uma luta em uma balada com uma música eletrônica de estourar os tímpanos onde os figurantes demoram para se dar conta da chacina que acontece bem diante de seus olhos.

O longa até consegue trazer elementos de games. Ternos feitos de tecido à prova de balas que lembram as barras de vida, John Wick praticamente ressuscitando depois de uma boa pancada para “reinicar a fase” e até o detalhe do assassino pegar a munição de suas vítimas para continuar atirando pra todo lado. Um mais do mesmo que seduz mais pelas cenas de ação do que pelo filme como um todo.

Ainda assim, talvez o grande mérito do longa seja as lutas coreografadas com precisão cirúrgica com ritmo contínuo, quase sem cortes. O que é um diferencial dos filmes mais genéricos onde as lutas são completamente picotadas na edição e pouco se entende do que acontece. E isso graças ao próprio Keanu que fez diversos treinamentos de arte marciais e de armas de fogo para viver mais uma vez o personagem. John Wick é autêntico e humanizado. Ele é implacável, sim. Mas não sem também levar muita surra e chegar até o vilão final do filme sangrando, machucado e exausto. O que só deve ser comparável com as proezas autênticas de Tom Cruise em Top Gun: Maverick, lançado no ano passado.

Keanu Reeves talvez seja dos poucos atores que assim como Cruise, conseguem levar as pessoas ao cinema. O quarto longa tem ultrapassado os 90% nos sites de crítica especializada como o famoso Rotten Tomatoes. John Wick: Baba Yaga não deixa claro se terá uma sequência, afinal, nada nesse submundo do crime é tão simples. Mas acho seguro dizer que John finalmente merece seu descanso e nós merecemos novas histórias. Dedos cruzados.

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