CRÍTICA: Mais de uma década depois, Avatar está de volta para tirar nosso fôlego



O cinema está em seu maior turbilhão de blockbusters que já se viu. A indústria está há pouco mais de uma década rodando as engrenagens em função, principalmente, de filme das Marvel, séries de Star Wars, ainda que direcionada ao streaming. Top Gun: Maverick ainda foi uma surpresa muito agradável esse ano. Mas mesmo os longas da dominante Marvel tem sido alvo de crítica. Ainda mais quando o objetivo dos grandes estúdios é mais a bilheteria do que a qualidade. E isso é visível pela enorme quantidade em que são lançados ao longo do ano.

Qualidade vem com o tempo, é necessário maturação para que atinja o sucesso. E James Cameron é a prova viva disso. O primeiro Avatar foi lançado em 2009, e apenas agora, 13 anos depois sua sequência chega às telonas. Resumidamente, Jake Sully agora se tornou o chefe da tribo, construiu sua família com Neytiri. Porém o vilão Quaritch volta à vida no corpo de um avatar junto com outros militares. A explicação para tal é algo que só a pseudociência de Cameron poderia explicar com coerência. Sendo assim, para manter a tribo segura, Jake e a família vão buscar abrigo no clã dos avatares “aquáticos” e obviamente, não demora muito para que Quaritch descubra sua localização e decida caçá-los.

A grande questão aqui é que não apenas Cameron nos introduz ao mundo submerso de Pandora, como faz isso com a mesma imersão de tirar o fôlego do primeiro longa. Se para Avatar, ele esperou mais de uma década para produzir com a riqueza de detalhes, é natural que mais 13 anos também não fariam mal para sequência. Claro que a mensagem sobre conscientização ambiental é clara, explícita e direta, mas essa mensagem está nas entrelinhas do filme.

James é um grande ativista do meio ambiente. E Avatar é a sua forma de expressar isso. Uma ficção científica épica, bombástica e fantástica, e ninguém está reclamando. Com recheios de drama, comédia, suspense e mistério, a trama foca mais na importância da família que se mantém unida. E Quartich nos dando motivos de sobra para ficarmos ansiosos, enfurecidos e angustiados. O que indica que mesmo reutilizando o vilão anterior, ele ainda funciona, (palmas para Stephen Lang). Quaritch quer se vingar, claro, mas o grande interesse militar é dominar e terraformar para que a humanidade possa habitar, afinal, a Terra foi explorada até seu último suspiro.

Em “O Caminho das Águas”, o diretor ainda em Pandora, nos mostra todo um novo ecossistema marinho que vem diretamente de sua imaginação mostrando porque Avatar talvez seja a franquia com maior potencial para muitas sequências sem ser “mais do mesmo”. Avatar é a prova irrefutável de que a experiência do cinema é insubstituível. Se em 2009 o mundo ficou encantado com a técnica de captura por movimentos, agora o impacto é ainda maior. Tendo começado a ser produzido em 2017, esses 8 anos foram mais que suficiente para que a tecnologia avançasse ainda mais. Talvez, o já citado Top Gun: Maverick seja o único filme que possa ser comparado com “O Caminho das Águas”, pelo menos em termos de grandiosidade de produção.

Cada cena  de “O Caminho das Águas” é ricamente detalhada, imersiva e impecável. E as mais de 3 horas de duração passam completamente despercebidas. A trama é tão simples e fácil quanto o longa anterior, colocando o tradicional “bem” versus “mal”. Tão preto no branco quanto poderia ser, não existe uma área cinza em O Caminha das Águas. E claro, um filme que se possível, deve ser visto na sala IMAX. O que, por sinal, nos faz lembrar porque James Cameron é...bem, James Cameron. Simplesmente não há diretor que se compare com o canadense de 68 anos. Que venha o Oscar 2023.

E não teria como ser diferente. Cameron filmou cenas submersas e as acoplou aos efeitos digitais, e para tal, usou câmeras da Sony desenvolvidas especificamente para o filme. Nada de filmar atores pendurados por cabos e simular tudo digitalmente depois. Cameron não só revolucionou o cinema mais de uma vez, como usou a própria revolução a seu favor. Três sequências estão confirmadas até 2028. Mal posso esperar.

 

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