Texto e fotos: Ricardo Vitorino
Já pela introdução do show, um interlúdio e “solo” de bateria de Yuri Gavira, o público vai ao delírio; isso mostra um terço da fidelidade de seus fãs. Começando pontualmente às 18 horas, a banda entrou com os dois pés no peito, começando com o single “Até Breve”, que teve a parte hardcore cantada por Jhowzinho, o guitarrista de apenas 19 anos, com muita presença de palco, com momentos até dele deixando a guitarra e correndo pelo palco, colocando para fora toda a energia que a Incêndio passa, até mesmo para os próprios integrantes.
Esse foi o 25° show da Incêndio desde outubro, passando por cidades como Salto, São Bernardo do Campo, São Paulo… porém esse dia em específico teve cada detalhe ensaiado: desde a entrada dos membros, com identidade visual preta e vermelha – destacando aqui a jaqueta, no estilo DIY do vocalista Guilherme Barboti, feita pela artista Stefany Rosa – até os giroscópios do baixista Lucas Nagahiro e Jhowzinho, que pulavam e agitavam muito; presença de palco é o sobrenome da banda! Momentos de participação do público foram memoráveis, como na música “Mais Um Trago”, que Guilherme pediu para todos erguerem celulares com flash ligado; dedicou a música para seu amor, Gabriela.
Foi um show “padrão Incêndio”, que só quem já viu sabe como é, mas a novidade mesmo foi uma música inédita, descrita no setlist como “Pepsi”, com mensagens positivas e motivacionais na letra, mas que tem um breakdown… Meu pai, achei que não ia aguentar na hora, que peso! Estar lá foi, no mínimo, maravilhoso, vocês poderão ver por si mesmos em breve que eu estou falando muito sério.
Provavelmente o maior nome do hardcore nacional e com mais de 25 anos de carreira, naturais de Barueri-SP, o CPM22 fechou o domingo com um show híper enérgico, um setlist de 24 músicas, que rolou até as 21:10, aproximadamente, todos ligados no 220. Começaram com o single “Escravos”, gravado já com a nova formação, estabelecida desde a saída de Japinha e Fernando Sanches, baterista e baixista, em junho de 2020, substituídos por Daniel Siqueira e Ali Zaher respectivamente.
Apesar de Badauí espirrar um spray para garganta a cada duas músicas, este possível problema do vocalista não atrapalhou em nada o show, com uma performance de alto nível, sem arregar! Só a guitarra do Phil que parou duas vezes no começo do show, mas tudo rapidamente solucionado pela equipe técnica.
A verdadeira cara do show foi o baterista Daniel Siqueira, tocando bem forte e muito preciso, além de continuidade impecável: com a mesma força que tocava a caixa na primeira música, tocava na mesma intensidade na última. Completando a cozinha, o baixista Ali Zaher entende muito bem o papel do baixo na banda, também ótimo músico, agregando suas lindas melodias, junto da harmonia, para as canções do grupo paulista.
Foi o primeiro show da banda que eu assisti e me surpreendeu demais, mesmo com a idade avançada dos membros com mais tempo de banda, nada afetou na energia que passaram para o público, pulando de um lado para o outro do palco, chamando os fãs, puxando coro na plateia… A presença de palco está em dia, atitude hardcore da banda continua muito viva! E o público incansável, mesmo a galera que viu a Incêndio, continuou aplaudindo todas as 24 músicas do CPM, como se fosse a primeira e gritando nos clássicos.
Apesar da banda não tocar o meu gênero musical favorito, ainda sim é muito prazeroso ver o CPM no palco, bons músicos fazem toda a diferença e isso eles têm de sobra! O fiz pouco, mas também é legal demais olhar para trás e ver a galera se emocionando e cantando cada trecho de letra com o resto das forças que tem. Duas bandas que não tem tanto a ver uma com a outra, falando de musicalidade, mas que se encontram no final: a fidelidade na base de fãs.
SETLIST:
COMPILADO SHOWS (por Elio Sant'Anna):