A Marvel hoje enfrenta um grande desafio, fruto de um monstro que ela mesma criou. Conciliar tantos personagens através de filmes e suas séries. Afinal, como superar ou mesmo manter o clima apoteótico de Vingadores Ultimato? No fim do ano passado tivemos essa resposta com o novo Homem Aranha. E essa semana, Doutor Estranho volta às telonas com o multiverso introduzido com proeza no filme do teioso.
Dessa vez,
Sam Raimi (da trilogia original de Homem Aranha) assume a responsabilidade. É inegável
que o filme tem muito de sua assinatura, mas ainda é claro também o quanto o estúdio
não abre mão do controle total da obra. O longa trás America, uma garota que
tem o poder de viajar pelo multiverso e isso faz com que ela seja um alvo para uma
entidade maligna.
Strange
então procura Wanda Maximoff para ajudá-lo, mas sem saber exatamente o que vai
encontrar. A ex Vingadora agora está dominada por uma maldade incontrolável que
ainda lida com o luto de suas perdas passadas vistas na série WandaVision. A
trama começa muito bem mas se perde no caminho com tantos universos e suas
regras específicas.
Se
tratando de multiverso, é automático esperar aparições de outros personagens
que os trailers prometeram. E o filme até entrega, mas, como um adulto que tira
o doce de uma criança, os personagens são apresentados e poucos minutos depois,
já são descartados. Um fã servisse feito com muito menos ênfase e coesão do que
as três versões de Peter Parker em "Sem Volta para Casa".
Por mais
que a presença de tais personagens no filme sejam uma grande surpresa, a Marvel
se mostra cada vez mais refém de seu próprio multiverso. A trama é tão
emaranhada que é quase necessário um manual de instruções para entender o que é
visto e esse manual seriam as séries lançadas na plataforma digital da Disney.
O próprio Sam Raimi admitiu ter sido o longa mais complexo que dirigiu.
Ainda
assim, fica aparente que Sam Raimi seria o diretor mais adequado para levar
esse multiverso adiante. De resto, o roteiro dá à Stephen Strange a típica jornada
do herói. Passando por ego, agonia, perda e descontrole de suas próprias
habilidades. O que de fato impressiona são os efeitos especiais de seus poderes
e o design de som.
A Marvel
precisa logo encontrar um meio de tornar tudo interessante novamente. Vingadores
Ultimato foi épico por que passamos uma década vendo trilogias de personagens e
como eles se relacionavam. De lá pra cá, parece que tudo foi feito na urgência de
recriar esses momentos, e não funcionou muito bem. Falta mais conexão emocional
para que possamos seguir adiante.