Inicialmente inspirado por seu colaborador habitual Andrew Wyatt e suas explosões sem padrão de criatividade, “C’MON YOU KNOW” faz por sua vez uma série de viradas mais estranhas e mais selvagens. Claro, é Liam sendo Liam, há um toque de The Beatles e The Stones na gravação, mas um rápido scan de comparações com o que foi feito antes revela referências de todo tipo que vão de T-Rex a Hendrix, passando por The Polyphonic Spree até Beastie Boys. E é um disco que além disso é colorido por algumas participações inesperadas, entre elas Dave Grohl, Ezra Koenig do Vampire Weekend e Nick Zimmer do Yeah Yeah Yeahs.
Como Liam resumiu em uma entrevista para o The Sunday Times, “É um pouco peculiar em alguns lugares, o que é bom: 80 por cento de loucura e 20 por cento de clássico. Se você vai começar a fazer coisas como essa no seu terceiro álbum, ajuda se tiver um pouco de Covid ainda rolando. Porque se isso não decolar, e as pessoas pensarem “Ah, não tenho certeza, é um pouco estranho”, você pode culpar o vírus e voltar ao seu material clássico”, brincou.
Essa divisão 80/20 é demonstrada nas canções do álbum já lançadas previamente. “Everything’s Electric” (seu lugar mais alto em um chart do Reino Unido como solo até hoje é o resultado do desafio que Liam fez a Greg Kurstin e Dave Grohl para que escrevessem uma canção que mesclasse a dinâmica trovejante de “Sabotage”, dos Beastie Boys, com a tensão espiralada de “Gimme Shelter”, do The Rolling Stones. A faixa-título do álbum traz a sonoridade imediatamente capturante de Liam, mas é cheio de toques sonoros inesperados: backing vocals gospel com cores da Motown surgem, o saxofone gritante de Ezra Koenig, e os synths de Moog vintages que elevam esse redemoinho sonoro. E o single atual, “Better Days”, é um shot de dopamina da luz do sol em forma de áudio, com o poderoso estilo dos big beats dos anos 90 e a propulsão a jato que só um candidato a hino clássico de festival pode ter.
Essa exploração toda fica à deriva em alguns momentos do disco, de um coro de crianças a clamar que introduz a canção de abertura “More Power” até a psicodelia de “Oh Sweet Children”. Ao longo do percurso, aparece o amor de Liam pelas doces harmonias e baladas suaves com “Too Good For Giving Up”, a imprevisível e cinematográfica, a mini-épica “Moscow Rules” (aviso: não é de nenhuma maneira um apoio à Rússia) e o punk-dub de “I’m Free”.
Enquanto Liam Gallagher no palco é invariavelmente uma força da natureza já há 30 anos, “C’MON YOU KNOW” é repleta de letras que são mais como um abraço de conforto do que um instigar ao conflito. É quase óbvio, como admite um dos versos da faixa-título: “I’m sick of acting like I’m tough” (em tradução livre, “estou cansado de agir como se fosse durão”) – uma ideia que também perpassa “Diamond In The Dark’. “More Power” oferece a esperança que todas aquelas coisas que não saíram como você planejou foram assim para melhor, enquanto “Better Days” é puro romantismo. A palavra final do disco diz isso tudo conforme assina com: “I can only offer you my love” (em português, “eu só posso te oferecer meu amor”).
“C’MON YOU KNOW” já está disponível em todas as plataformas digitais e hoje o artista também lança o álbum ao vivo “Down By The River Thames”, que documenta sua inesquecível performance ao vivo transmitida em uma live durante o lockdown.
Liam vai tocar em diversos locais nos próximos meses, incluindo duas noites no Knebworth Park – cenário dos momentos mais lendários do Oasis – show para o qual vendeu todos os 160 mil tickets quase que imediatamente. Informações completas sobre a turnê e ingressos podem ser conferidos no site do artista.