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Artistas independentes
muitas vezes penam para entender isso e infelizmente algumas bandas acabam pela falta desse entendimento. Compreender a sua carreira artística como empresa,
além de necessário, também quer dizer profissionalizar seu trabalho de
maneira consciente e planejada, potencializando as chances de transformar o
sonho de viver de música em realidade.
Outros segmentos já
entenderam isso, como o sertanejo por exemplo, mas ainda estamos patinando a um
bom tempo nesse quesito. Existem artistas que não se conscientizaram que não
basta marcar um ensaio por semana, gravar algumas músicas e marcar alguns shows
esperando que alguma coisa aconteça (espero que não seja seu caso, mas se for,
se liga!). Para a sobrevivência no mercado precisamos abordar mais a fundo esse
assunto.
Em uma conversa com meu
amigo Leo Santin, da banda Sueste, ele me diz o seguinte:
“Esse corre todo é 10%
magia e 90% planejamento. O mais importante sempre vão ser os 10%, a magia do
bagulho rolando (...), mas se não dedicar 90% com organização, contato, metas,
objetivos, parcerias etc., seus 10% não vão chegar em ninguém.”
Isso resume muito bem o
que quero abordar aqui, pois não é raro encontrarmos o velho discurso que diz “meus
amigos não vão no meu show, não compram meu merch, não compartilham meus posts,
etc.” como se essa fosse a causa do problema, mas tal interpretação é
extremamente prejudicial para a cena, pois tira a responsabilidade do artista
em entregar um trabalho de qualidade e joga a culpa no público por não consumir
esse trabalho mal desenvolvido, enfraquecendo cada vez mais a relação da cena
independente com os espectadores. Entenda, o público não tem a menor obrigação
de compartilhar a sua música, mas é seu dever entregar um material de qualidade
e fazer esse material chegar nas pessoas certas – que não são necessariamente
seus amigos.
Ok, mas como organizar a
banda como uma empresa? Para facilitar, vamos para as 5 dicas dessa semana:
1. Organize suas demandas
O primeiro passo é
descobrir quais são suas demandas e para isso temos um exercício até que
“simples” de se fazer, basta imaginar o resultado que você quer alcançar
(lançar um clipe, por exemplo) e fazer o caminho inverso (todos os passos que
você precisa seguir para pôr o clipe no ar, desde os orçamentos para gravar o
clipe até a descrição que aparecerá no YouTube).
Isso foi só um exemplo,
mas no seu dia a dia várias dessas coisas acontecerão ao mesmo tempo e administrar
todas essas tarefas será parte da sua rotina. Hoje já temos sites e aplicativos
que podem te ajudar com essas demandas, como o Trello, Notion ou Meinster Task,
que, se bem usadas, podem alavancar sua produtividade e dinamizar sua relação
com os envolvidos no projeto.
2. Tenha controle de tudo.
Parece até meio vago, mas
é literalmente isso.
Coloque tudo em planilhas:
Fluxo de caixa, comunicações, postagens, controle de estoque, equipamentos,
controle de equipe, streams, views etc. Essas informações são importantes para
você mensurar e analisar seus resultados em buscando melhorar seu trabalho cada vez mais. Saber cruzar e analisar dados é fundamental
para expandir seu negócio e transformar esse sonho numa coisa tangível e
rentável.
Claro que você não precisa
ser um gênio do marketing e fazer isso para sempre, até por que a ideia é
expandir esse trabalho até que seja viável contratar alguém ou alguma agência para
fazer isso por você, entretanto, enquanto não é possível pagar por esse
serviço, saiba fazer ao menos o básico para andar com sua carreira.
3. Pense no longo prazo.
Já falei isso em outro
post, mas é bom reforçar: A ansiedade pode
ser um obstáculo para você e sua carreira.
As coisas não precisam ser
para ontem, é muito mais saudável fazer tudo com calma usando datas possíveis de
serem cumpridas e acompanhando de perto cada etapa dos processos para que no
final você tenha uma entrega satisfatória, independente de qual seja.
Lembre-se que, se você quer
viver disso, não precisa fazer tudo de uma vez. Respeite seu tempo e o tempo
das pessoas que estão com você nessa caminhada.
4. Tenha metas e objetivos.
Toda empresa tem suas
metas e objetivos e no mercado musical não é diferente. Isso fica em aberto
para a construção de cada artista, pois existem inúmeras formas de fazer isso,
porém essas metas e objetivos tem de ser claros para todos os envolvidos no
projeto, pois assim todo mundo fala a mesma língua e “rema” para o mesmo lugar.
Além de te orientar a
buscar um resultado em específico, esse foco também pode se tornar um motivo a
mais de fazer as coisas, mas não esqueça que tudo deve ser mensurável para que
você possa saber se alcançou esses objetivos ou não.
Sonhe alto, mas pense nos
degraus que vai precisar pisar para alcançar esse sonho.
5. Não esqueça de fazer música.
São diversas tarefas operacionais
a serem realizadas, coisas a serem planejadas, metas a serem estipuladas, mas
nunca esqueça que para tudo isso existir, você precisa fazer música.
O coração de tudo isso é a
arte, a expressão. Não se deixe abater por esse monte de coisa que deve ser feita
para construir sua carreira, faz parte do todo e como em qualquer empresa você
também deve focar em entregar um produto e/ou serviço de qualidade para seu público.
Isso faz parte da evolução
do mercado. No passado os artistas precisavam apenas fazer arte, pois as
gravadoras resolviam todo o resto em troca de uma parte dos lucros (e até hoje
temos grandes artistas daquela época recebendo porcentagens mínimas de
gravadoras gigantes por conta disso), mas hoje, com a ascensão das plataformas
de streaming e queda nas vendas de mídias físicas as gravadoras não veem mais
tanta vantagem em prestar todos esses serviços para artistas em início de
carreira, fazendo com que nós, artistas independentes, sejamos nossas próprias
gravadoras.
Muito obrigado por
acompanhar até aqui. Fiquei à vontade para comentar
aqui o que achou, deixe sugestões, compartilhe algo que funcionou com você e
divulga para aquela sua amizade que está tentando lançar uma música, mas ainda
não sabe por onde começar.
Até semana que vem!
Qualquer coisa, me chama no
insta @diazemtranse. Valeu!