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Muitos artistas se esquecem de planejar esse momento e por conta disso
acabam se frustrando ao ver que seu trabalho não está chegando nas pessoas e
dando os resultados esperados – aliás, que resultado você espera ter sem uma
organização? -.
Bom, no "Dicas Independentes" dessa semana vamos falar um pouco sobre
esse momento tão importante para a distribuição da sua música, mas antes
gostaria de lembrar que essa coluna é colaborativa e você pode ficar à vontade
para compartilhar seus conhecimentos, dúvidas e sugestões aqui nos comentários.
1. Planejamento.
Novamente estou aqui falando de planejamento, mas
isso só acontece porque o ele é um dos corações de todo o processo, mas vamos
lá.
Para planejar um lançamento precisamos pensar em basicamente três
momentos: pré, durante e pós.
O pré é o famigerado “vem aí”. É onde você alerta o
público de que será disponibilizado um novo trabalho em breve criando assim uma
expectativa, também conhecida como “hype”. Nessa fase você pode fazer campanhas
de pré-save, movimentar as redes sociais com conteúdo que instigue o público a
querer conhecer seu trabalho mais a fundo etc.
O durante é quando a música fica disponível para o
público. É a hora em que as pessoas vão de fato ouvir a sua obra e nesse
momento você precisa se atentar para captar as primeiras reações do seu
público. Não se limite a simplesmente fazer um post dizendo que a música está
disponível nas plataformas de streaming, ouse tentar uma matéria em algum site
de música, jornal, faça uma live, se conecte com seu público de uma forma além
do convencional, afinal não é um momento convencional.
No pós você já lançou a música e agora vai destrinchar
esse trabalho para mantê-lo vivo na memória dos fãs. Isso também é importante
para prospectar o público que não foi impactado diretamente pelo seu
lançamento, mas que ainda pode receber essa música de braços abertos.
Existem inúmeras formas de passar por esses processos e várias maneiras
de divulgar a sua música. O planejamento pode te ajudar a encontrar as melhores
opções para isso.
2. Invista, mesmo que seja pouco.
Se você quer que sua música alcance o público, você precisará investir
no lançamento.
Não é uma regra e, sim, existem pessoas que tiveram um ótimo alcance
orgânico, porém o alcance orgânico se limita às pessoas envolvidas no seu
círculo social e nem sempre essas pessoas vão se conectar com a sua música.
Num mundo ideal o artista contrataria uma pessoa ou uma empresa para
realizar essas demandas de assessoria de imprensa, gerenciamento de redes
sociais com uma verba extra para ADS etc. pois essa mão de obra qualificada
pode agregar muito valor em seu trabalho, mas dependendo das condições
financeiras do seu projeto talvez isso ainda não seja possível e eu entendo,
porém é importante frisar que quanto mais profissional for a sua relação com a
música, mais você precisará investir para ter os melhores resultados.
Quando não se tem muito recurso ($), ainda existe a possibilidade de
patrocinar posts em redes sociais e isso é relativamente fácil e barato de
fazer, entretanto é importante estudar sobre o assunto antes de sair
patrocinando conteúdos que não são interessantes aos olhos do público ou até
direcionar esses posts para o público errado.
3. Cuide de seus direitos autorais
Infelizmente muitos artistas independentes (principalmente do rock)
ignoram a existência dos diretos autorais e com isso deixam de monetizar uma
parte de suas obras. Hoje já temos influenciadores que falam sobre direitos
autorais para músicos e compositores como a Bruna Campos por exemplo, mas o
fato é: não podemos ignorar nossos direitos autorais.
No Brasil nós temos o ECAD (Escritório Central de Arrecadação) que é o
órgão que fiscaliza, arrecada e distribui as receitas de direitos autorais das
execuções em rádios, TVs, cinemas, lojas, shows etc. Para receber esses
direitos você precisa se filiar a uma associação de gestão de direitos
autorais, pois o ECAD realiza o pagamento das receitas para essas associações
que, por sua vez, são responsáveis de repassá-las aos seus filiados.
Pesquise e escolha uma associação de música de confiança, entenda os
processos que você precisa seguir para cadastrar suas obras, gerar seus ISRCs*
e administrar suas arrecadações. Faça tudo isso ANTES de lançar sua música,
pois, na hora de cadastrar seu fonograma para as plataformas de streaming a
distribuidora pedirá o ISRC e caso você não o tenha, será gerado um código
automático e assim você deixa de receber uma porcentagem dos seus direitos
autorais.
·
Ponto de
atenção: O ISRC é gerado pelo
PRODUTOR FONOGRÁFICO, que é quem PAGA pela gravação do fonograma, então, a
menos que alguma outra pessoa esteja pagando para gravar a sua música, o único
responsável por isso é você, pois por meio desse código, tanto a associação
quanto o ECAD terão acesso aos envolvidos na sua música (músicos, intérpretes,
arranjadores, compositores etc.) para realizar o pagamento desses direitos
autorais. Esse assunto é bem extenso e creio que cabe um post falando apenas
disso em algum momento, mas por enquanto ficamos por aqui.
4. Tenha tudo antecipadamente.
Não deixe para resolver nada na hora, seja uma imagem, um texto, uma
descrição, enfim, nada.
Deixe tudo pronto de antemão, tenha programado a imagem e o texto que
você vai usar em cada rede social, a ordem de postagem, o horário dos posts, os
links, absolutamente tudo.
Pode parecer besteira, mas quando chega a hora “H” parece que nada do
que escrevemos ou escolhemos é bom o suficiente e nesse nervosismo podemos
acabar afetando negativamente a performance da publicação. Assim podemos ler e
reler o texto escrito, verificar se há algum erro ortográfico, algum erro na
arte e se todas as informações que queremos passar estão claras.
Acredite, essa dica pode te fazer economizar muito tempo na hora de
postar qualquer coisa, principalmente uma ação de lançamento.
5. Vá além do virtual
Hoje existe a impressão (muito bem fundamentada) de que todo artista
tem de ser um influenciador digital para engajar seus fãs, mas isso não é
verdade.
Enxergue as redes sociais como ferramentas para comunicar e divulgar
sua arte, afinal se você é músico/musicista, seu trabalho é fazer música como
sempre foi. Lutar contra os algoritmos ou até mesmo se fixar totalmente neles
para ter o melhor alcance e engajamento não é saudável para sua carreira, e uma
forma se lembrar disso é trazendo ações para a vida real.
O engajamento e fidelização do público se dá por meio de uma conexão de
ideias que podem ser transmitidas nas letras, nos arranjos, nas bandeiras que
os artistas levantam, nas pautas discutidas etc. Todas essas coisas podem ser
trabalhadas com shows, reuniões, festas e vários outros meios físicos que
possibilitem a interação do público com o artista. Quanto mais a pessoa se
conecta com o que você produz e defende, mais ela vai querer consumir da sua
arte e assim a sua base de fãs vai tomando forma aos poucos.
Com a pandemia nossa visão sobre esse contato físico pode estar um
pouco “descalibrada” já que ficamos em casa por um bom tempo, mas conforme a
vida for voltando ao normal essas ações podem voltar a ganhar força. O
importante é manter sua mensagem viva e seu público em segurança.
Dica bônus:
Busque entender mais a fundo sobre os assuntos abordados aqui. Entre e
navegue no site do ECAD, pois lá tem muita informação útil sobre direitos
autorais. Também recomendo que siga o perfil da Geração Y no instagram (@geracaoyoficial)
pois lá tem vários conteúdos legais sobre marketing musical. E antes que perguntem,
NÃO é publicidade, apenas acredito que seja conteúdo relevante para a cena
musical independente BR.
Espero ter te ajudado com essas dicas. Fiquei á vontade para comentar
aqui o que achou, deixe sugestões, compartilhe algo que funcionou com você e
divulga para aquela sua amizade que está tentando lançar uma música, mas ainda
não sabe por onde começar.
Até semana que vem!
Qualquer coisa, me chama no insta @diazemtranse. Valeu!