Foi em 2016 com A Chegada que o diretor franco-canadense Denis Villeneuve se consagrou como um gigante de Hollywood, especialmente quando o assunto é ficção científica. Tanto que seu longa seguinte foi Blade Runner 2049 que foi recebido com muitas premiações. Seu novo longa que chega hoje às telonas é remake do Duna de 1984 sob a direção de ninguém menos que David Lynch.
Se o
original foi limitado pela falta de recursos para efeitos especiais da época,
Villeneuve redime o filme à um novo patamar. O novo Duna é grandioso em todos
os sentidos. Desde suas 2 horas e meia de duração, passando por um elenco de
peso e enfatizando a grandiosidade através de cenários e naves colossais.
Duna se passa no futuro longínquo de
10.191. O Duque Leto Atreides administra o planeta desértico Arrakis, também
conhecido como Duna, lugar de única fonte da substância rara chamada de
"melange", usada para estender a vida humana. Para isso ele manda seu
filho, Paul Atreides (Timothée Chalamet), e seus servos e concubina Lady
Jessica (Rebecca Fergunson). Eles vão para Duna, afim de garantir o futuro de
sua família e seu povo. Porém, uma traição amarga pela posse da melange faz com
que Paul e Jessica fujam para os Fremen, nativos do planeta que vivem nos
cantos mais longes do deserto.
Vale lembrar
que o longa é apenas a primeira de duas partes a serem lançadas. Algo que é
raro em Hollywood, dar a certeza de uma sequencia sem saber se o primeiro filme
será um sucesso. Felizmente a Warner incumbiu a tarefa não apenas à um bom
diretor, mas um diretor apaixonado pela ficção científica. O elenco conta com o
crescente Timothée Chalamet, Zendaya, Dave Bautista, Josh Brolin, Oscar Isaac,
Rebeca Ferguson, Jason Momoa e Javier Bardem.
Detalhe: a
condição do diretor para assumir o projeto era que este fosse divido em duas
partes, devido à sua trama complexa, cheia de personagens, reviravoltas. Duna é
a prova de que ficção é a paixão do diretor, além de seu comprometimento e
capacidade para adaptar um livro de forma convincente para seu público.
Duna faz
de tudo para o espectador se sentir minúsculo nesse universo gigantesco. Além
dos cenários e naves já citados, a trilha sonora de Hans Zimmer engrandece tudo
ainda mais além de um trabalho impecável de mixagem de som. Duna muito
provavelmente deve ser candidato à Oscar, principalmente nas categorias
técnicas. O que também não falta são referências à grandes clássicos da ficção.
Duna carrega uma energia sombria, de suspense em toda a sua história e uma fotografia
que muito lembra o próprio Blade Runner que enchem os olhos pela extravagancia
e ambição.
Uma habilidade do roteiro é conseguir integrar muito bem toda
a parte de narração expositiva. Os detalhes relevantes sobre os planetas e as
criaturas que os habitam, por exemplo, são exibidos em uma espécie de vídeo
educativo que Paul assiste. O conflito entre as duas principais casas da
nobreza é explicado em um diálogo entre o jovem e seu pai, em uma cena que
ainda tem o propósito de aprofundar os personagens e seu relacionamento.
Duna
acerta em praticamente todos os aspectos do que é fazer cinema. Seu único defeito
é o final incompleto com um enorme gancho para o que com certeza virá em sua
conclusão. É um filme que merece ser visto no cinema, especialmente em salas IMAX.
A interpretação de Villeneuve da
obra é um espetáculo bem regido e executado com técnica absoluta. Só resta
aguardar o próximo movimento do concerto.