A Marvel
foi responsável por alguns dos momentos mais emocionantes dos filmes de heróis
na última década. Vingadores Ultimato foi o ápice da emoção. Desde então e aceitável
se perguntar como o estúdio poderia se superar após as aventuras mais épicas
dos Vingadores. Não foi com Novos Mutantes e muito menos com o longa da Viúva Negra.
E infelizmente, tampouco com Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis.
Levando em
conta que se trata de mais um típico filme de origem, absolutamente todos os
clichês estão lá. Parece que a Marvel não quis se esforçar para entregar uma história
de origem diferenciada que foge às convenções. Na verdade, os dois únicos triunfos
do longa são protagonismo de um personagem oriental e as sequencias de luta.
Em longas
como esse, o mais comum são cenas de luta completamente picotadas que disfarçam
o rosto dos dublês dos atores e tornam a luta confusa. Em Shang-Chi, o diretor
Destin Cretton abriu mão do uso excessivo de cortes para prezar por sequencia
longas e muito bem coreografadas que fazem o espectador sentir cada golpe que o
herói toma, mas também os que ele desfere nos inimigos.
O roteiro
é desnecessariamente longo e com muitos flashbacks que mais parecem fazer parte
de outro filme. Ainda que esses flashbacks possuam uma fotografia e um figurino
deslumbrantes, não cumprem sua função narrativa. Além disso, o longa nos
prepara para uma batalha épica entre herói e vilão, que acaba não acontecendo.
O embate é substituído por criaturas mitológicas orientais que acaba se
tornando um conflito entre elementos de CGI (computação gráfica) com golpes de
energia à lá Dragon Ball Z. Visualmente, esses efeitos fazem jus à tecnologia e
deixam o filme mais impressionante. O problema é que nada disso ajuda na
história.
O elenco é
competente e entende o timing da comédia que torna a experiência do filme mais
agradável. Enquanto
as cenas de ação marcam o ponto alto de Shang-Chi, o
trabalho do elenco principal impede que o longa se arraste mesmo em momentos
mais verborrágicos ou expositivos, que aliás, são muitos.
De qualquer forma, Shang-Chi é um
passo importante para a Marvel no quesito representatividade, ainda que o
estúdio esteja apenas engatinhando nesse território. Adotar a cultura oriental como
tema central também foi uma estratégia inteligente, visto que a maior da
bilheteria vem principalmente da China. Simu Liu, com seu Shang-Chi mostra que tem
porte e talento de sobra para protagonizar um filme desse porte. Por mais genérico
que o filme seja, Shang-Chi é dotado de um carisma indiscutível e talvez seja o
herói mais diferenciado que vimos até agora.