Quando se
fala em filmes de games, logo pensamos em um blockbuster cheio de ação e explosões,
um elenco de peso e é claro, uma adaptação. Porém ainda em 2018, Spielberg nos mostrou
que não é preciso depender de uma adaptação para fazer um filme de game. Agora
é a vez do veterano Shawn Levy beber da mesma fonte. Dono de um currículo cinematográfico
de respeito que é basicamente constituído de comédia e ação, Free Guy, o mais
novo longa do diretor, é uma mistura divertida e na dose certa desses dois
elementos.
Free Guy
conta a história de Guy (Ryan Reynolds), um NPC que vive dentro de um jogo de vídeo
game de mundo aberto chamado Free City e sua única função é ser um figurante no
meio toda a ação que acontece à sua volta. Até que um dia ele começa a sonhar com
a ideia de que há mais na vida do que apenas ser uma vítima. Quando ele
consegue por as mãos em um par de óculos que lhe faz enxergar itens como vida e
acessórios do jogo sua vida se transforma.
Para quem
ama cinema e vídeo games, como é o caso deste redator que voz fala, Free Guy é
uma experiência única. De itens espalhados pelo cenário à situações de “morrer
e ressuscitar” constantemente, quase como um Dia da Marmota, Shawn Levy não
economiza em rechear o longa de elementos típicos, clássicos e até clichês de games.
Tudo resultando num filme que quase parece um simulador de realidade virtual.
O roteiro
ainda encontra espaço para acompanharmos Keys. Um jovem programador que trabalha
na empresa e sua amiga que são de fato os responsáveis pelo jogo original e
tiveram suas ideias vendidas e usadas incorretamente. Com tanta coisa acontecendo,
o longa ainda passa uma mensagem sobre a importância de vencermos o medo e ter
a liberdade para escolher fazermos o que nos faz feliz nessa vida. Uma metáfora
sobre quebrarmos as barreiras que nos são impostas e que não somos obrigados a
seguir uma “programação” das expectativas que são colocadas sobre nós.
Além
disso, se tratando de um filme de games é claro que não poderia deixar de
faltar uma chuva de referências não só à diversos games, mas de toda a cultura
pop em geral. Um prato cheio para os gamers e geeks em geral. Shawn Levy mais uma
vez mostra que conhece o território da comédia e da ação e que ainda sabe
juntar isso à ótimas referências, piadas e agradar o seu público de forma
simples, porém criativa. Ryan Reynolds é um ator carismático que sabe fazer
comédia, entende seu timing e nunca deixa a desejar.
Em nenhum
momento, o filme tenta ser mais do que se propõe, tendo plena consciência de
que é uma comédia com classificação indicativa de 12 anos. E nem por isso Levy
se subestima ou subestima seu público. Ok, pode não ser o filme do ano, mas
também não “cai” na categoria de Sessão da Tarde. Free Guy é divertido, criativo,
inteligente, estimulante, engraçado, passa sua mensagem e cumpre com as
expectativas.