"All Things Must Pass", disco triplo de George Harrison, primeiro triplo da história e considerado por muitos o melhor solo de um Beatle acaba de ser relançado em uma edição caprichadíssima e cheia de extras.
Em comemoração de 50 anos, o álbum triplo ganhou uma versão com 5 CDs, com as versões da época ganhando uma nova mixagem sem os exageros de Phil Spector, por exemplo, além de 47 outtakes e demos, numa duração de 4h15. Além dessa edição, temos edições com 8LPs, áudio Blu-ray e jams.
"Acho que a mensagem deste álbum está mais pronta para ser recebida agora do que na época em que foi lançado", disse Dhani Harrison. "A mensagem está mais clara agora - e está sonoramente mais límpida também. É uma obra musical realmente importante".
"Não estamos tentando fazer com que soe moderno", disse o engenheiro Paul Hicks, vencedor do Prêmio Grammy. "Não estou tentando imprimir nenhum tipo de marca. Respeitamos muito os mixes que estavam lá e os seguimos o máximo possível".
O álbum original de 23 faixas - que traz sucessos como "Isn’t It a Pity", "What Is Life" e "My Sweet Lord" - foi remixado para as edições de aniversário da Capitol/UMe e agora apresenta mais 47 demos e outtakes, 42 deles inéditos.
As fitas da sessão de 1970 produziram 25 horas de música, com várias canções que não fizeram parte do álbum, como Cosmic Empire, Going Down To Golders Green, Dehra Dun, Sour Milk Sea e Mother Divine.
Dhani Harrison e Hicks começaram a trabalhar nas edições de aniversário há cinco anos, redigitalizando e ouvindo todas as músicas e tomadas feitas durante as sessões. Foi um mergulho muito mais profundo do que as reedições dos 30º e 40º aniversários.
Ouvintes familiarizados com a faixa Let It Down - uma canção dinâmica que recebeu o tratamento Spector Wall of Sound e se assemelha a um tema de James Bond - podem ficar surpresos ao ouvir a despojada e sincera versão demo acústica que Harrison gravou no segundo dia de estúdio.
Há também uma versão mais lenta de Isn't It a Pity que é ainda mais triste do que a do álbum e uma versão sublime de Art of Dying que é indiscutivelmente melhor do que a original. Durante o processo, algumas músicas ficaram mais rápidas e outras, mais lentas, o que potencialmente vai explodir a mente de qualquer pessoa que pensasse que as versões finais eram a única forma de tocá-las.
As demos revelam a origem ainda bem crua de Woman Don’t You Cry For Me, música que se tornaria a faixa de abertura de seu álbum de 1976, Thirty Three & 1/3. E, durante a 14ª tomada de Isn't It a Pity, farto, o artista sai do script para cantar: "Não é uma dor?/Por que fazemos tantas tomadas?".
Harrison e Hicks apelidaram o Disco 5, que contém sessões e jams, de "disco de festa". "Queríamos mostrar que os caras também estavam se divertindo", disse Hicks. "É um álbum emocionalmente pesado. Aborda muitos temas profundos. Então, realmente queríamos mostrar um lado mais leve de parte do conteúdo".
George Harrison reuniu uma grande lista de músicos para ajudá-lo em "All Things Must Pass", entre eles Eric Clapton, Bob Dylan, Ringo Starr, Billy Preston, Delaney e Bonnie Bramlett, Pete Drake e até mesmo um jovem Phil Collins (cuja performance no bongô nunca chegou à versão final do álbum).