CRÍTICA: Tempo, nova obra prima do mestre do suspense M. Night Shyamalan

 

M. Night Shyamalan é um caso típico de diretor que tem uma assinatura tão própria que você reconhece um filme dele em segundos e que já sabemos o que esperar sem saber de fato o que esperar. Estamos falando do diretor do icônico O Sexto Sentido, famoso por suspenses que seguram nossa tensão do início ao fim com direito a plot-twists muito bem pensado.

Seu mais novo lançamento Tempo, não é uma exceção a essas “regras” do modo de Shyamalan de fazer filmes. Tempo possui todos os elementos clássicos do diretor, incluindo seus famosos cameos (quando o diretor aparece no próprio filme). Tempo talvez seja o maior acerto do diretor em anos.

Em Tempo, acompanhamos uma família que sai de férias para descansar em luxuoso hotel. O gerente oferece um dia em uma praia mais isolada junto a outros poucos hóspedes cuidadosamente selecionados. Ao chegar na praia, coisas estranhas começam a acontecer no melhor estilo de Shyamalan de criar não apenas momentos, mas um clima de angústia e tensão que perdura durante todo o longa.

Passamos o filme todo com esses personagens que agora, por algum motivo, não conseguem sair da praia. A fotografia clara e os tons quentes da praia ajudam a deixar o clima ainda mais pesado. A câmera executa movimentos inusitados e sem a menor pressa para mergulhar o espectador ainda mais no desespero que os personagens sentem constantemente, nos colocando como um observador fantasma dessa história.

O pouco que pode ser dito sem dar spoilers, é que na praia o tempo passa mais rápido. E aí está uma beleza única num filme que é tão perturbador. A história toda pode ser vista como uma grande metáfora sobre aquilo que todo e qualquer ser humano enfrenta, o tempo. E também a única certeza que todos nós temos, a morte. Sendo assim, com um excelente pano de fundo de um thriller que prende o espectador, Shyamalan consegue falar sobre temas filosóficos e não economiza em deixar claro nos diálogos muito bem construídos.

Tudo no filme, desde seu início causa uma sensação de estranheza, de que há algo de muito errado, mas não sabemos o que, nem porquê. Algo que lembra o suspense de Twilght Zone e o incômodo que tornou Black Mirror uma série de sucesso. Shyamalan também consegue achar espaço de sobra para desenvolver seus personagens de forma convincente no meio de tanto caos. Isso também só é possível graças à um elenco de peso que inclui nomes como Alex Wolf (de Hereditário), Gael Garcia Bernal, Thomasin McKenzie (de Jojo Rabbit) e Rufus Sewell entre outros.

Talvez a grande novidade em Tempo, seja o final. Quem acompanha a carreira de 3 décadas do diretor sabe que seus filmes não costumam ter finais felizes, ou mesmo otimista. Em Tempo o final pode não ser exatamente feliz, mas é otimista e nos explica o motivo de tudo o que acontece na praia, o que também é incomum para o estilo de Shayamalan.

Tempo é um exemplo de thriller psicológico e que ainda oferece boas reflexões comum a qualquer tipo de pessoa que o assista. É o filme que os fãs do diretor sairão satisfeitos das salas de cinema depois de tantos filmes sem o mesmo impacto. Ao mesmo tempo, acredito que é o filme mais “pé no chão” de Shyamalan. É uma viagem por dentro do conceito assustador universal de um dos maiores antagonistas da humanidade. O Tempo. Não é um filme sobre viagem no tempo, mas é um dos que aborda o tema de forma mais original em anos. com Tempo temos um filme para se fazer pensar e ficar com ele martelando em sua cabeça durante um bom tempo.

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