Faixa a Faixa
O disco abre com Jorge. Letra forte, mensagem direta. Lucas faz um paralelo com o Brasil em 2021: “dá até pra dizer que tem a ver com o governo atual. Afinal, que palhaçada é essa, não é mesmo? Mas enfim, na época, quando fizemos a música, eu me referia ao dia a dia da quebrada, situações que fazem parte da realidade de muita gente”.
Na sequência, vem Chaplin, faixa que foi escolhida como música de trabalho do disco. A letra fala sobre a necessidade de acreditar nos sonhos com persistência e não desistir. Uma mensagem de força e resiliência. No som, ela traz um riff marcante de baixo e de guitarra, característica muito presente em bandas formadas por power trio, grandes influências dos músicos. Seguem alguns exemplos: Jimi Hendrix Experience, Led Zeppelin e Red Hot Chilli Peppers.
Era Uma Vez? foi a faixa que deu o pontapé inicial ao projeto, em Março. Conhecida pelas batalhas do SLAM Resistência, que Lucas sempre participou na Praça Roosevelt, em São Paulo, a letra traz traços autobiográficos do também ator, roteirista e diretor.
Depois vem Eu Moro Lá, que abre com um som pesado e talvez seja uma das músicas mais políticas do disco. Diante da situação atual do Brasil, de certa forma, a letra se encaixa com os tempos atuais, que não são nada mais do que uma consequência do que o país viveu em 2016, quando a canção foi composta.
Tic Tac abre o lado B do disco, que deve ganhar versão em vinil. A faixa também traz traços autobiográficos e narrativas de situações vividas pelos quatros cantos do país. Se Liga Lóki, segundo single lançado antes do álbum, vem na sequência. A faixa fala “sobre os preconceitos que um jovem periférico vive. Sobre como os estereótipos da sociedade, esses padrões, não encaixam em ninguém e ninguém se encaixa neles, né? Mas, ao mesmo tempo, as pessoas ficam nessa busca eterna de tentarem ser aceitas e acabam num mundo vazio, percebem que é impossível se encaixar nesses padrões ao ver que a vida se passou”, comenta Lucas.
Coelho Maluco traz uma referência breve à Alice no País das Maravilhas, e fala sobre como se manter em resistência tentando ser feliz em meio ao caos e ao medo. Quase como um sopro, um oásis no meio do deserto, a canção vai levando ao fim do álbum, que fecha com Hoje Eu Sou MC. Lucas comenta que para ele, a canção é como uma previsão do que aconteceria com ele. “Já na época, escrever essa letra foi uma alegria pra mim. Ser um MC, tinha conseguido um emprego. E nesse meio tempo, a dramaturgia se abria na minha estrada também, foi um momento mágico”, lembra Lucas.
Identidade Visual
A identidade do projeto é assinada por Leo Sandi. O designer trabalhou com referências de bandas do final dos 80, início dos 90: “Fui muito na onda do que os artistas, como Faith no More, Red Hot Chilli Peppers, faziam. Mas aí, para as capas dos singles, apareceu o Igor de Paula com umas fotos incríveis e agora, o Otávio Sousa, com essa imagem super bonita e poética de duas crianças interagindo, para a capa do álbum”, comenta.
O reencontro
A TRIPLX não se encontra desde fevereiro de 2019, quando se reuniram no estúdio onde gravaram o disco. Rod Krieger se mudou para Portugal um mês depois, onde deu início à sua carreira solo depois do fim da Cachorro Grande, na qual atuava como baixista e, desde então, ainda não voltou ao Brasil. Martin continua como guitarrista da Pitty e Duda já não atua como baterista da banda baiana. Já Lucas, está com a agenda entre mil compromissos e em Agosto começa a filmar uma produção da Netflix com direção de Rodrigo França.
Mas, mesmo assim, os integrantes pretendem se encontrar em algum momento e quem sabe, em cima de algum palco.