Com letras sobre realidades periféricas e riffs pesados de guitarra, baixo e bateria, TRIPLX lança álbum de estreia; Ouça aqui!!

Capa de Salve Família com foto de Otávio Sousa e design de Léo Sandi

Até o início deste ano, a TRIPLX era só um projeto entre amigos guardado na gaveta. No entanto, após passar pelo Big Brother Brasil, Lucas Koka Penteado contatou Rod Krieger para retomarem a banda formada em 2016 com Duda Machado na bateria e Martin Mendonça na guitarra. Com o nome de TRIPLX, eles lançaram dois singles, Era Uma Vez? e Se Liga Lóki e agora disponibilizam o álbum Salve Família com oito faixas em um lançamento pelo selo Let’s Gig e distribuição da Altafonte Brasil. Ouça aqui A TRIPLX nasceu nos bastidores das manifestações dos secundaristas, no final de 2015, quando Lucas e Rod se conheceram na Escola Estadual Caetano de Campos, em São Paulo. Daquele encontro, saiu a música Ocupar e Resistir, produzida em parceria com Duda, que ainda atuava como baterista da Pitty. Depois passaram a se encontrar diariamente para fazerem um som no Studio Madeira, onde Duda também morava, na Rua Augusta. Daí, mais músicas começaram a surgir e Martin Mendonça se uniu ao trio.  Durante o ano de 2016, a TRIPLX produziu o álbum que está sendo lançado hoje (21), cinco anos depois. Para o lançamento, as faixas passaram por um processo de remixagem, assinado por André T, que também é o responsável pela master do disco.  Com letras inspiradas no cotidiano do estudante Lucas, a banda traz para os holofotes a realidade de muitos moradores das periferias do Brasil. “Existem muitos Lucas por aí, vivendo entre sonhos e dificuldades. Algumas letras são inspiradas no meu corre, outras nos corres de outras pessoas, que eu via sempre acontecendo perto de mim”, conta o vocalista que se expressa pelas rimas do RAP numa sonoridade que mergulha nas raízes do rock californiano/inglês da virada 80/90. 



Faixa a Faixa

O disco abre com Jorge. Letra forte, mensagem direta. Lucas faz um paralelo com o Brasil em 2021: “dá até pra dizer que tem a ver com o governo atual. Afinal, que palhaçada é essa, não é mesmo? Mas enfim, na época, quando fizemos a música, eu me referia ao dia a dia da quebrada, situações que fazem parte da realidade de muita gente”. 


Na sequência, vem Chaplin, faixa que foi escolhida como música de trabalho do disco. A letra fala sobre a necessidade de acreditar nos sonhos com persistência e não desistir. Uma mensagem de força e resiliência. No som, ela traz um riff marcante de baixo e de guitarra, característica muito presente em bandas formadas por power trio, grandes influências dos músicos. Seguem alguns exemplos: Jimi Hendrix Experience, Led Zeppelin e Red Hot Chilli Peppers. 


Era Uma Vez? foi a faixa que deu o pontapé inicial ao projeto, em Março. Conhecida pelas batalhas do SLAM Resistência, que Lucas sempre participou na Praça Roosevelt, em São Paulo, a letra traz traços autobiográficos do também ator, roteirista e diretor. 


Depois vem Eu Moro Lá, que abre com um som pesado e talvez seja uma das músicas mais políticas do disco. Diante da situação atual do Brasil, de certa forma, a letra se encaixa com os tempos atuais, que não são nada mais do que uma consequência do que o país viveu em 2016, quando a canção foi composta. 


Tic Tac abre o lado B do disco, que deve ganhar versão em vinil. A faixa também traz traços autobiográficos e narrativas de situações vividas pelos quatros cantos do país. Se Liga Lóki, segundo single lançado antes do álbum, vem na sequência. A faixa fala “sobre os preconceitos que um jovem periférico vive. Sobre como os estereótipos da sociedade, esses padrões, não encaixam em ninguém e ninguém se encaixa neles, né? Mas, ao mesmo tempo, as pessoas ficam nessa busca eterna de tentarem ser aceitas e acabam num mundo vazio, percebem que é impossível se encaixar nesses padrões ao ver que a vida se passou”, comenta Lucas. 


Coelho Maluco traz uma referência breve à Alice no País das Maravilhas, e fala sobre como se manter em resistência tentando ser feliz em meio ao caos e ao medo. Quase como um sopro, um oásis no meio do deserto, a canção vai levando ao fim do álbum, que fecha com Hoje Eu Sou MC. Lucas comenta que para ele, a canção é como uma previsão do que aconteceria com ele. “Já na época, escrever essa letra foi uma alegria pra mim. Ser um MC, tinha conseguido um emprego. E nesse meio tempo, a dramaturgia se abria na minha estrada também, foi um momento mágico”, lembra Lucas.

Identidade Visual

A identidade do projeto é assinada por Leo Sandi. O designer trabalhou com referências de bandas do final dos 80, início dos 90: “Fui muito na onda do que os artistas, como Faith no More, Red Hot Chilli Peppers, faziam. Mas aí, para as capas dos singles, apareceu o Igor de Paula com umas fotos incríveis e agora, o Otávio Sousa, com essa imagem super bonita e poética de duas crianças interagindo, para a capa do álbum”, comenta.


O reencontro

A TRIPLX não se encontra desde fevereiro de 2019, quando se reuniram no estúdio onde gravaram o disco. Rod Krieger se mudou para Portugal um mês depois, onde deu início à sua carreira solo depois do fim da Cachorro Grande, na qual atuava como baixista e, desde então, ainda não voltou ao Brasil. Martin continua como guitarrista da Pitty e Duda já não atua como baterista da banda baiana. Já Lucas, está com a agenda entre mil compromissos e em Agosto começa a filmar uma produção da Netflix com direção de Rodrigo França. 


Mas, mesmo assim, os integrantes pretendem se encontrar em algum momento e quem sabe, em cima de algum palco.


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