Esta
semana Jigsaw retorna aos cinemas para nos convidar a participar de mais um de
seus jogos sádicos. Ou pelo menos é o que a princípio pode se esperar do mais
novo longa derivado da franquia Jogos Mortais que já acumula 8 filmes em seu currículo.
A franquia, que se tornou uma das mais rentáveis no gênero do terror gore,
ficou famosa pela visceralidade, sangue e violência apresentada. Isso tudo com
baixos orçamentos para os padrões de Hollywood.
Porém, o
que Espiral trás é mais simples. O filme acompanha o policial Zeke Baks (Chris
Rock) na investigação de assassinatos causados pelo que se suspeita ser um
imitador de Jigsaw. Com isso o filme foca mais num drama policial com muitas
influências de Seven assim como os seus longas predecessores.
Por um
lado, o filme encontra muito mais espaço e orçamento para explorar esse
universo sob outro olhar. Isso porque o grande foco dos filmes anteriores eram
as vítimas tentando sobreviver ao jogos com a investigação policial sendo uma
subtrama. Nesse aspecto Espiral consegue ser um bom filme de suspense, mas que
também não tenta ser muito mais do que isso.
Nem por
isso, o longa deixa de ter os elementos clássicos que tornaram a franquia famosa.
Vítimas presas à mecanismos complexos à beira da morte, os vídeos que explicam o
que a vítima fez para merecer tal destino cruel, muita gritaria e mortes obviamente.
Porém tudo isso servindo mais como pano de fundo, mas que funciona, pelo menos
com os já fãs da franquia.
Outro
elemento que tornou a franquia um sucesso e também está presente em Espiral,
são as reviravoltas mirabolantes. E por mais que em Jogos Mortais isso tenha
sido usado de maneira excessiva, funcionava por ser justamente o que se esperava
de cada filme produzido. Entretanto, é justamente aí que Espiral erra feio. As reviravoltas
são tão fracas que não causam o impacto que antes era o forte da franquia. Isso
porque o roteiro é preguiçoso a ponto de conter sequencias previsíveis e,
portanto, quase nenhum impacto.
Esses vacilos
fazem com que Espiral entre no patamar de filmes que gosto de chamar de “neutro”.
Isso é, o filme que não é necessariamente ruim, mas que também não é nenhuma
uma obra prima. Para os fãs de suspense e mesmo da franquia, o legado de Jogos Mortais
faz algum jus à sua fama e merece ser assistido, considerando as convenções que
sempre foram estabelecidas desde o primeiro filme e que criaram esse universo
que rendeu nada menos do que 7 sequencias. Mas, passando dessa linha, é apenas
um filme esquecível.
Como é de
se esperar, o longa ainda deixa um gigantesco gancho para uma possível
sequencia que só o tempo e a bilheteria vão dizer se irá acontecer. O elenco
ainda conta com a lenda viva Samuel Jackson e Max Minghella (de Handsmaid Tale)
que como sempre não decepcionam. Chris Rock que também é responsável pela
produção executiva do filme prova que não se limita aos papeis cômicos que
estamos acostumados a ver. Mesmo apesar de seus tropeços Espiral é um acerto
que mistura muito bem o suspense investigativo com a violência gráfica. Jigsaw
está de volta mais sádico, impiedoso e calculista do que nunca. Se prepare.