Dir: Cathy Yan
Há quatro anos os fãs de cultura pop se revoltavam com o resultado de Esquadrão Suicida. Longa que trazia os principais vilões da DC Comics numa suposta aventura épica. O filme muito mal recebido e duramente criticado. O roteiro era ruim, o vilão tinha um objetivo nada crível e cortaram quase todas as cenas com o tão prometido Coringa de Jared Leto. Não demorou até que a Warner engavetasse o caso.
Entretanto, às vezes é possível tirar algo bom de uma péssima experiência. Mesmo contando com um bom elenco que incluía o queridinho Will Smith, o que realmente ficou foi a irreverência da Arlequina de Margot Robbie. Sexy, divertida, sarcástica e dona de um humor ácido cativante, a versão feminina do palhaço do crime conquistou tanto os fãs que a Warner e a DC resolveram apostar num filme solo da personagem.
Para começar a falar de Aves de Rapina é importante lembrar que a própria Margot Robbie tomou frente da maior parte da produção do longa. A atriz australiana de 29 já indicada ao Oscar mais de uma vez peitou a Warner para que a produção tivesse em sua maior parte mulheres e que o roteiro do filme enfatizasse isso. Mais do que correto por muitos motivos, mas, principalmente por ser um filme dominado por protagonistas femininas. E isso nem a Marvel fez ainda.
Aves de Rapina se passa algum tempo após os eventos de Esquadrão Suicida. O que começa com uma simples Arlequina buscando sua redenção, se transforma num divertido jogo de gato e rato atrás de um valioso diamante. Ainda que a Arlequina seja a protagonista, a história não foca apenas nela. Pelo contrário, o longa não tem a menor pressa em apresentar detalhadamente cada uma das mulheres e contar tudo o que acontece com calma. No fundo, são histórias paralelas que acabam se cruzando. Cada uma tem seus motivos independentes e que por uma ironia do destino se unem de forma absolutamente natural e crível.
Também é preciso falar sobre como o longa mergulha o espectador na mente perturbada e ao mesmo tempo hilária de Arlequina. E Yan faz isso de sem economizar na brincadeira. Em sequencias de luta com coreografias brilhantes e criativas purpurina e glitter ocupam o lugar do sangue. E no mundo de Arlequina tudo é exageradamente colorido, o que proporciona uma direção de fotografia lisérgica deliciosa de se assistir e que de certa forma foi herdado do Esquadrão Suicida. Cathy Yan ainda encontra espaço de sobra para exaltar o girl power do filme através de todas as Aves. Tanto com a própria Arlequina que tem o jeito mais cartunesco, quanto nas suas amigas mais humanizadas mas que quando necessário se mostram veradeiras bad-ass.
Se DC, no mundo do cinema tem a fama de estar sempre atrás da Marvel, aqui ela consegue mais uma vez dar um grande passo à frente. Aves de Rapina se junta ao patamar de filmes como Mulher Maravilha e Aquaman. E isso até os sites de crítica especializada confirmam com suas altas porcentagens de aprovação. Essas Aves provaram sem dificuldades que as mulheres também podem e devem protagonizar filmes de ação e não serem apenas heroínas sexys com roupas apertadas. E não seria muito recomendável mexer com elas.
CRÍTICA: Colorido e empoderado, Aves de Rapina é mais um triunfo da DC
2/06/2020 12:56:00 AM
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