Dir:
Aleksandr Boguslavskiy
Há quem
diga que ser crítico é fácil, pois como poderia ser ruim ganhar a vida vendo filmes?
E desde que comecei a escrever para este site comprovei mais ainda o desafio dessa
tarefa. Quem faz essa pergunta, geralmente, não imagina que nós também vemos
filmes ruins. Sim, eles existem até para nós estudiosos e amantes do cinema. E
o longa de produção entre EUA e Rússia é mais uma triste prova disso.
Abgail e a
Cidade Perdida é simplesmente fraco em todos os sentidos. Absolutamente
genérico e sem identidade própria, o filme é cansativo já nos primeiros 20
minutos do longa. Abigail é uma jovem que teve seu pai levado pelo governo quando
a menina era ainda criança e agora, num futuro distópico muito mal explorado
que mistura steampunk com magia, a garota descobre seus poderes e através de
uma história monótona e sem originalidade ela sai à procura do pai. O governo
mantém a cidade dentro de uma muralha alegando que o mundo lá fora estava
dominado por uma epidemia, o que na verdade era um pretexto para manipular as
massas e dizimar alguns seres humanos que nasciam com habilidades especiais.
O roteiro
chega é declaradamente um apanhado de ideias de sagas como Jogo Vorazes, Harry
Potter Divergente etc. Só que de baixíssima qualidade e escasso em desenvolvimento. Sequencias que
deveriam carregar uma tensão dramática altíssima, são desperdiçados sem a menor
cerimônia e coerência. Diversos temas e abordagem que poderiam acrescentar
muito à história não são explorados devidamente, fazendo com que nada crie um vínculo
com o espectador.
Para piorar a experiência já bastante negativa, há os atores e som do filme. É comum filmes feitos fora de Hollywood, mas que são falados em inglês, pois visam o mercado internacional. É o caso, por exemplo, de Busca Implacável e Carga Explosiva, ambos de origem francesa. A princípio, achei que este seria o caso de Abigail e a Cidade Proibida. No entanto, há uma pulga atrás dessa orelha. As vozes são todas muito engessadas, muito certinhas. Não parecem estar saindo dos personagens.
Fiquei com a sensação de que a sessão para a imprensa era uma versão dublada em inglês, e não com o som original. Se este era o caso, a sincronia labial até estava correta, pois vemos e ouvimos que os atores estão falando as mesmas palavras. Porém, não dá para acreditar nem por um segundo que as vozes são deles. Provavelmente escalaram atores de boa aparência, mas, sem capacidade de atuar para aparecer o cinema, e depois contrataram dubladores para fazer o voice over. Simplesmente não funciona.
Abigail é uma falha em praticamente todos os aspectos. Com uma exceção apenas talvez da trilha sonora e dos efeitos visuais e cores que trazem todo o ar da magia ao filme. Mas mesmo isso não chega nem perto para que se possa falar mais coisas positivas. Mesmo conseguindo trazer uma pequena fatia da grandeza de uma produção Hollywoodiana, Abigail passa mais sensação de se ver uma pornochanchada de péssimo gosto.