Dir: Rich Moore e Phil Johnston
Em 2013 a Disney lançou o excelente Detona Ralph. O longa da
Pixar mergulhou o espectador no mundo dos vídeo games recheados com diversas
referências. A ideia foi bem original. Conta a história de Ralph. Um vilão de
um jogo de vídeo game de fliperama que está cansado de ser vilão e sonha em ser
ao menos uma vez na vida o herói e tem um bom coração. Se ele conseguir uma
medalha de herói de algum jogo, teria a aprovação e amizade dos outros
personagens de seu jogo. A mensagem do filme é adorável. Você não precisa de
uma medalha para ser especial.
Como era de se esperar, o filme foi um sucesso. Acredito que
muito vem do fato de trazer o mundo dos vídeo games, passatempo que as pessoas
consomem logo se identificam, assim como qualquer tema relacionado à
tecnologia, que cada vez mais está presente na nossa vida. E em sua sequencia,
Ralph foi parar na internet, expandindo ainda mais essa identificação com o
público. Inclusive, séries como Black Mirror e filmes como Jogado Número 1
sustentam ainda mais o quanto o público se identifica com essa temática.
E agora e a vez de Ralph e sua melhor amiga Penélope
invadirem o mundo da internet. Na continuação, é Penélope quem está
insatisfeita com sua vida. Seis anos após o primeiro longa, a pilota de corrida
já domina seu jogo. As pistas já não representam mais um desafio e ela quer
algo mais, um novo desafio. Após Ralph tentar ajuda-la, um acidente ocorre e o
volante do seu jogo no fliperama é destruído. O dono do estabelecimento instala
uma rede de wi-fi e eles descobrem a possibilidade de comprar um volante novo
na internet.
Sendo assim, Ralph e Penélope embarcam numa aventura
virtual. Além das excelentes piadas envolvendo a Internet, a Disney mostra-se
mestre na arte de ambientação. Quando entramos na Internet com eles, tudo é
temático e muitas piadas estão mais no ambiente do que na história em si. Aliás,
mais uma vez, não é exatamente um filme tão infantil quanto o primeiro longa.
Muitas piadas sobre a vida digital são compreensíveis ao público adulto do que
à criançada.
Um fator muito importante numa continuação é como não cair
no “mais do mesmo”. E WiFi Ralph passa longe disso. O novo longa consegue
expandir brilhante e divertidamente o universo dos games e apresentando o da
Internet. O roteiro é tão encantador e original quanto seu predecessor. O drama
gira completamente em torno dos dois protagonistas e aborda muito os desafios e
valores da amizade, carregando uma belíssima mensagem.
De forma criativa, a Disney atualizou o mundo de Ralph e se
mostra no ritmo do nosso cotidiano digital. Espectadores mais geeks vão adorar
caçar as infinitas referências à cultura pop ao longo do filme. Especialmente
na sequencia onde Penélope visita o website da Disney que dá ao espectador um
prato cheio de easter-eggs e principalmente muitas risadas com as situações. Isso por que o roteiro soube, com perfeição,
usar os recursos da Internet para levar os personagens e a história adiante criando boas oportunidades para piadas e soluções para a trama.
Os dois protagonistas continuam com o carisma em suas almas
e são divertidíssimos. Toda a adaptação para o mundo da Internet é simplesmente
de cair o queixo. É impossível não rir e se identificar com o universo
apresentado que transbordam com informações do fluxo de coisas infinitas que
acontecem na rede. É possível sair do filme acreditando que de fato, dentro de
nossos computadores, modem e roteadores existem um sistema vivo de seres
digitais levando toda a informação para nós usuários, assim como Divertidamente
nos convence que temos “bonecos” que controlam nossa emoções, em uma mesa
dentro de nossas cabeças. Em uma era digital, com toda uma geração de crianças
que já praticamente nascem conectadas diante de uma tela, WiFi Ralph é mais um
grandessíssimo acerto não apenas em animação, mas também como explorar um mundo
rico em uma sequencia imprevisível para toda a família.