Dir: Julius Avery
Filmes
trash são sempre interessantes de se analisar. Por mais que o roteiro contenha
uma história nonsense, atuações rasas e efeitos especiais de baixíssimo
orçamento, alguns acabam se tornando cult clássicos entre os fãs de cinema mais
ávidos. As sequencias desenfreadas de Sharknado estão aí para provar que ainda existe
um público fiel para filmes mais humildes (por assim dizer) e que de um jeito
ou de outro caem nas graças desse seleto público.
Após
assistir o longa Operação Overlord percebi que temos um provável novo trash de
sucesso. A história é bizarra porém curiosa e intrigante. Em 1944 um grupo de
soldados são enviados em uma missão para destruir uma torre de comunicação dos
alemães nazistas. O roteiro já começa com nossos heróis no avião a caminho da
empreitada. Mas logo são brutalmente atacados pelas tropas inimigas e os que
sobrevivem são acolhidos por uma moça que mora com seu pequeno irmão em uma
pobre vila.
Em resumo,
perto dessa vila há a base dos alemães, mas que conforme o longa segue,
aprendemos que é uma instalação de laboratórios. Nele, são feitas experiências com
os pobres moradores da vila que são sequestrados pelos alemães. Mas pra quê
isso tudo? Para injetar uma espécie de soro que os transforma em algo como um
zumbi com forças e habilidades sobre humanas. Afinal de contas os alemães
querem criar o exército de soldados que vivem mil anos para um Reich de mil
anos.
Para um
filme que começa soando como uma história tosca de zumbis, Avery até que impressiona.
As atuações são de fato satisfatórias, os personagens são carismáticos e o filme
consegue nos fazer torcer por ele. Evidentemente um filme desse requer a
entrega de um espectador que aceita mergulhar nessa história peculiar. Não
espere um grande filme sobre 2ª Guerra, ou um terror exclusivamente de zumbis.
A produção
é de um dos grandes mestres da ficção da atualidade, J. J, Abrams. E é possível
ver claramente sua assinatura no longa. Os efeitos são impecáveis num roteiro
que funciona muitíssimo bem para o gênero. Não que seja um futuro clássico,
longe disso, mas Operação Overlord realmente impressiona. Seja por conta de um
tema completamente inusitado, pelas cenas de brutalidade regadas a muito sangue
ou por ser quase um milagre que um filme desses seja de alguma forma satisfatório.
O longa
funciona ainda como uma mistura de diferentes gêneros. Guerra, terror, drama,
suspense e até um tempero de comédia. Considerando como uma tarefa árdua a de
misturar e fazer funcionar tantos gêneros, o filme tem um resultado mais
positivo que do era de se esperar e no final das contas, a experiência cinematográfica
é mais eficaz do que a praticada no filme que causa todo o conflito, mas isso é
para você descobrir no cinema. Entretanto é importante deixar claro que é um
tipo de filme muito específico que dificilmente agradará a maior parte dos
espectadores menos fãs do gênero.
Talvez não
seja o tipo de filme que você vai ver mais de uma vez, mas com certeza vale a
distração para aqueles que apreciam muita porradaria, sangue, explosões e
zumbis. Aliás, o que as pessoas se tornam através do soro não chega nem a de
fato ser um zumbi. O resultado, além da super força é um corpo todo retorcido e
quebrado, livre de dor mas com muitas feridas. Talvez haja aí uma leve
inspiração no conceito de zumbi e até chega a lembrar as vítimas do também
clássico trash O Enigma de Outro Mundo (de John Carpenter, 1982). Operação Overlord pode não
agradar a todo e qualquer público que goste de um blockbuster, mas com certeza
conclui sua missão, seja como filme ou como entretenimento.