Resenha do filme "Tudo Acaba em Festa"


Dir: Andre Pellenz
O título do novo filme de Andre Pellenz até parece prometer algo. Achei a princípio muito identificável para um dos aspectos que marcam o espírito brasileiro. Festa. E tudo acabar nela é uma excelente chave para uma comédia brasileira. De fato não parece ser nenhum grande desafio, afinal, as comédias brasileiras andaram em alta nos últimos anos mesmo com alguns longas de qualidade e gosto mais duvidoso.


E o novo Tudo Acaba em Festa, protagonizado pelo jovem Marcos Veras até começa bem. Mas revela-se uma fraqueza decadente após o primeiro ato. Sempre aprendi que o grande segredo de toda e qualquer comédia é o timing, tempo. É agarrar as chances para arrancar as gargalhadas mais reais do público. E o longa falha excessiva e claramente nisso. A edição chega a comprometer segurando cortes longos demais transparecendo um amadorismo na produção.


Os diálogos são óbvios e subestimam a inteligência do espectador. Outra grande chave da comédia que aprendi é justamente nunca, sub hipótese alguma subestimar a inteligência do seu público. Não que todo filme precise ser um Monty Python, mas o filme dispensa todas as boas maneiras que se exige para construir o gênero nas telas.


O roteiro até tem potencial e é criativo, mas se destrói até chegar ao fim. Ele cria diversos problemas e amarra tudo de forma desesperada, boba e sem sentido. Veras é Vladmir, um rapaz que trabalha no RH de uma multinacional e ama festas. Até aí ok. O chefão da empresa está irritado por conta de uma reportagem que ridiculariza sua reputação e ele chama Vladmir que sugere solucionar o problema dando uma festa. Este é o primeiro tropeço na ponta de um tapete que mais tarde se torna uma queda montanha a baixo.


Com exceção do protagonista de Veras, os personagens são caricatos, estereotipados e descaradamente forçados. E até compreensível que alguns estereótipos estejam presente em comédias para que se crie contraste de situações que sejam verdadeiramente cômicas. O exagerado faz, sim, parte da comédia. Mas também nisso os atores e os personagens falham entregando momentos e piadas previsíveis que denunciam a escassez de talento.


Falar assim de um filme pode parecer pretensioso, mas as os comentários e reações do público à minha volta confirmavam minhas dúvidas. Inclusive umas duas pessoas que se retiraram antes do término da sessão. Chega a ser uma pena para Pellenz que tem no currículo outros 3 filmes de boa repercussão e um público satisfeito. Além disso, não é uma obra menos satisfatória que torna um artista ruim e seus 3 primeiros filmes provam isso. Todo grande artista, tem uma ou outra obra ruim. É que Tudo Acaba em Festa acaba ironicamente tão desastroso quanto seu próprio final, uma festa desgovernada de piadas vergonhosas onde nada funciona e nada é risível. Só não foi desta vez.
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