Dir: David Yates
Em 2001 os
cinemas estreavam o primeiro filme da saga do bruxo mais famoso da cultura pop.
Não demorou muito para que as adaptações dos livros escritos por J. K. Rowling
virassem um dos maiores fenômenos da indústria cinematográfica. E após 7 livros
e 8 filmes, a saga de Harry Potter foi concluída com bilheterias de sucesso
mundial. Naturalmente, Hollywood não ia simplesmente parar por aí. Afinal, se
tem público e gera lucro os estúdios encontram uma forma de fazer um universo
perdurar.Então, em 2016 os fãs de Harry Potter foram presenteados com o
primeiro filme que revisitaria esse universo tão adorado.
Animais
Fantásticos e Onde Habitam estreou para o deleite dos fãs mais fiéis. E dessa
vez, revisitar esse universo foi um tiro bem no meio do alvo. A franquia de
Harry Potter é arrebatadora. O diretor David Yates (que dirigiu os últimos 4
filmes da saga) se tornou praticamente o embaixador das adaptações do mundo dos
bruxos e não poderia ser outro diretor que não Yates para entregar um excelente
filme com novas histórias e novos personagens expandindo e aproveitando ao
máximo o mundo bruxo. E como seria de se esperar, após um primeiro longa de
sucesso, as sequencias viriam.
Porém, Os
Crimes de Grindelwald não faz isso com grande louvor. Se no primeiro longa
vimos um adorável universo expandido, com Scamander se safando dos problemas
usando seus animais de estimação, a sequencia decai e muito dessa vez. A
continuação não possui metade do carisma do primeiro filme e não vemos tantos
animais fantásticos. A trama aqui é focada totalmente na busca do poder pelo
vilão do título do filme, a guerra eminente entre o mundo bruxo e não-bruxo.
Com isso o roteiro é exageradamente recheado de tramas complicadas, flashbacks
confusos gerando uma história arrastada e nada cativante.
Não que a
história seja ruim, mas tudo leva muito tempo para acontecer e alguns eventos
são mal explicados ou mal justificados. É difícil admitir que é um filme do
universo Harry Potter que deixou a desejar. Mas talvez seja também um alerta
para filmes de grande franquias com muitas sequencias já encaminhadas. A premissa
de Animais Fantásticos chega a prometer até por conter diversas referências das
histórias conhecemos, dando ao espectador alguns “foreshadowing” dos eventos que
ainda acontecerão na cronologia. Mas evidentemente nem isso salva a história
confusa.
O roteiro
falha em grande escala pelo pouco uso dos animais e na própria participação de
Newt na história, que agora tem atenção voltada para Dumbledore. Parece que houve uma tentativa esforçada demais para linkar
Newt com os personagens já conhecidos. De certa forma, faz parecer que Os
Crimes de Grindelwald poderia ser protagonizado por qualquer outro bruxo, e encaixar
Scamander na história foi apenas conveniente. O que é realmente lamentável
considerando que a própria J. K. Rowling criou a história, co-escreveu o roteiro
do filme e é uma das produtoras.
Entretanto,
com pelo menos mais duas sequencias já anunciadas, Animais Fantásticos veio
para ficar, para agradar os fãs e é claro para gerar lucros astronômicos para
os estúdios. O problema é o perigo existente em acabar agradando mais aos
estúdios do que aos fãs. Ainda assim, Os Crimes de Grindelwald deixa uma boa
ponta para sua sequencia e que é uma bomba de informação para os “potterheads”.
Sendo assim, só nos resta aguardar a próxima aventura de Scamander, já que o
principal crime de Grindelwald nesse novo longa, é arrastar os fãs por duas
horas num filme que não faz jus ao universo dos bruxos.