Venom - Dir: Rubem Fleischer
Hollywood
está na sua fase de super heróis e isso não é novidade para ninguém há muito
tempo. A Marvel cravou seu nome na indústria na última década e bem ou mal, a
DC aproveitou o bonde. Se os primeiros filmes do Super-Homem provaram que havia
um grande público para esse tipo de filme, a trilogia de Sam Raimi do cabeça de
teia deixou ainda mais claro. Não que todos os filmes sejam impecáveis, mas
representaram uma guinada na cultura pop. Ok, sabemos que o 3º filme da
franquia é de gosto no mínimo duvidoso.
Para gosto
de uns ou desgosto de outros, o 3º filme ainda contou com três vilões. O Duende
Verde de James Franco, o Homem Areia com uma boa motivação e o adorado Venom
que foi massacrado pelos fãs. O simbionte foi vítima de uma má adaptação. Sua
origem e motivação não funcionam, parecem aleatórios e ao mesmo tempo forçado
demais para que funcione no roteiro. A lista de defeitos vai longe conforme o
longa segue. Com isso os estúdios perceberam que o público também é capaz de
adorar um vilão, (o que não é novidade se você pensar em Darth Vader ou Coringa).
Em 2016 tivemos um problemático Esquadrão Suicida mas que até seu lançamento os
fãs cultivavam uma hype que até ajudou a promover o filme. Detalhe: mais um
caso onde o problema era em tese a motivação do vilão.
Então,
Hollywood decidiu dar mais uma chance aos vilões, ou dependendo do ponto de
vista, o anti-herói. Vou começar pontuando que o filme passa longe de ser uma
obra prima. Mas também não achei tão ruim quanto as críticas e os fãs mais
ligados nas pré-estreias estão dizendo. Sim, o roteiro tem falhas e cenas desnecessárias
que talvez pudessem ser substituídas por um conteúdo mais relevante para a
história. Chega a ser interessante ver que não é só a DC que peca em demasia, afinal,
é um extremo desafio chega a um nível de excelência como Guerra Civil, ou
Guerra Infinita. Nem a Marvel é perfeita.
Entretanto,
acredito piamente que um filme com Tom Hardy é sempre um jogo ganho. Eddie
Brock é um bom protagonista, mas mais a partir do 2º ato do filme. Sabemos que ele
vai fracassar e tudo de bom na sua vida vai desaparecer e o simbionte vai
aproveitar de sua fraqueza. Essa parte da história já conhecemos e o 1º ato é
recheado de clichês com um Eddie Brock que beira o estereótipo que por pouco se
salva pelo talento de Hardy. No 2º ato ainda temos defeitos mas o fluxo
melhora. As cenas de ação são incríveis e o mostra todo o poder e força do
anti-herói.
E daí pra frente,
mesmo apesar dos erros, é fácil aceitar as causas do anti-herói. Brock sabe
lidar com seu parasita e embora seja o vilão do Homem-Aranha, aqui vamos juntos
na história como passageiros com Eddie quase como ele próprio é um passageiro
de Venom. O simbionte ainda tem um brilhante senso de humor e confesso que até
eu fiquei com vontade de ter um Venom dentro de mim. Além disso, o vilão mesmo
do filme, Carlton Drake (Riz Ahmed) também tem seus tropeços. Sua causa começa
sendo bem definida e é possível aceitar suas motivações mas ao longo da
história seu arco toma um rumo inegavelmente conveniente para o fim da história.
O roteiro não
tem pressa nenhuma de contar a história. Mas o que podia levar tempo para ser
algo bem construído torna-se cansativo já que a trama perde tempo com coisas
irrelevantes ou óbvias demais. Talvez se não fosse o talento indiscutível de
Tom Hardy, o filme seria um fracasso ainda maior do que o que se tem falado por
aí. E não podemos esquecer que o filme é sobre o parasita que sem dúvida é uma
obra prima em termos de efeitos especiais. Seu tamanho e sua voz botam medo e mesmo
assim o filme soube equilibrar lado sombrio com algum tipo de carisma ou
qualquer outro adjetivo que faça com que o público não apenas goste do parasita
mas também simpatize com sua causa. O fato de que futuramente ele vai
atormentar a vida do Aranha passa batido pois o filme deixa claro que aqui
vamos conhecer a história de Eddie Brock/Venom.
Acredito
que é um daqueles filmes que ainda vai dividir muita opinião. As telas estão
dominadas por protagonistas de capa e é sempre difícil conquistar o público com
vilões, ou mesmo anti-heróis. Além das convencionais cenas pós-crédito em filme
da Marvel, o próprio longa deixa uma gigantesca ponta para sua continuação. E
acho que pode funcionar bem, Venom tem um grande potencial, mas para isso é preciso
aprender com os erros. Resta ver se os estúdios farão dele uma franquia de
fracasso, ou se vai evoluir assim como o próprio Venom.