Predador – Dir: Shane Black
Já faz algum tempo que Hollywood tem investido em remakes e
reboots. E enquanto alguns dizem que os roteiristas estão sem criatividade, os
estúdios enxergam de outra forma. Hoje em dia há um grande frenesi pelo sentimento
de nostalgia. E a partir do momento em que o público está disposto a consumir,
evidentemente o mercado passa a atender essa demanda. É lei básica de oferta e
demanda.
Agora, é a vez de uma das criaturas mais temidas dos anos 80
que está de volta, e pelas mãos de Shane Black (Homem de Ferro 3) que sempre
teve um bom tato para dirigir blockbusters. O longa original, de 1987 é
considerado um clássico da ficção científica até hoje e obviamente a criatura
de força implacável acabou virando também um dos grandes ícones da cultura pop.
E aí sempre ficam aquelas questões. É necessário um remake? Hollywood deveria
tanto assim revisitar clássicos que a princípio são tidos como intocáveis? Como
revistar um determinado universo mostrando o que já conhecemos e gostamos, mas
apresentando novos conceitos? Claro que nem sempre os estúdios acertam na
escolha, ou até acertam, mas o roteiro e a direção pecam tanto que transforma
algo clássico em uma franquia de fracasso comercial. Mas quando esses alvos são
atingidos em todos os aspectos, aí o risco pode valer à pena.
E é o que acontece com o Predador de Shane Black. O longa
vai direto ao ponto, sem enrolações e cenas desnecessárias. É tudo rápido e claro,
afinal é uma das criaturas mais perigosas do universo que está a solta
novamente. Como seria de se esperar, o filme está repleto de referências à
franquia original e faz um link muito bom e crível com o universo que já
conhecemos e consegue, como poucos reboots, explorar ainda mais, aprimorar e evoluir
tão implacavelmente quanto o próprio Predador.
Além da sua força física o Predador também está mais
visceral, violento e sanguinário. Sua inteligência e agilidade em caça são
impressionantes e muito bem executado. As sequencias são ao mesmo tempo frenéticas,
mas entendemos o que está acontecendo. E outro bom acerto no roteiro que em
parte é escrito pelo próprio Black, é que não há violência gratuita. Apesar de
alguns pontos questionáveis e mesmo obvieis até demais, o roteiro também traz uma
história realista e divertida de acompanhar. Não é apenas uma carnificina sem
justificativa.
O tom do filme é absolutamente certeiro. Tememos a criatura,
mas não como um filme de horror (que de fato não é), mas é de ficar tenso e sem
fôlego a maior parte do tempo. Predador tem tantos recursos de caça que é quase
impossível de escapar. E o filme ainda consegue até mesmo explicar por que ele
está aqui, o que ele quer, seus objetivos e justificando ainda mais o rastro de
sangue que deixa por onde passa. Chega a ser quase redundante falar o que o
filme deixa uma gigantesca ponta para a sequencia e muito provavelmente uma
nova franquia. Predador mostra que voltou para conquistar sem hesitação e que
pretende ficar no nosso planeta por algum tempo.