Megatubarão – Dir: Jon Turteltaub
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Há pouco mais de 40 anos, Spielberg fez história ao lançar o
hoje clássico Tubarão. Inovador, ousado, único e a cima de tudo assustador.
Naturalmente ia demorar muito para que no futuro outros diretores e roteiristas
se inspirassem no sucesso de Spielberg para contar histórias sobre os reis do
mares e oceanos. Tubarão, de 1973 deixou um legado maior do que se esperava.
Nas gerações seguintes vimos filmes como Do Fundo do Mar, Terror na Água, Águas
Rasas e mais recentemente Medo Profundo e o mais recente longa de Jon
Turteltaub, Megatubarão.
O longa conta a história de Jonas (Jason Statham). Um
mergulhador profissional com um passado doloroso de uma missão relativamente
bem-sucedida. 5 anos se passam e ele está recluso em algum lugar do mundo e
cientistas de uma super estação subaquática dedicada a pesquisar a vida marinha
o procuram para resgatar um grupo de cientistas que ficaram presos em uma
profundidade nunca antes atingida.
A princípio poderia se pensar que é tudo uma grande desculpa
para mostrar um tubarão pré-histórico de 25 metros feito em computação gráfica
devorando personagens secundários e figurantes. Mas a história tem lá seu
sentido e se justifica. Não que escapemos de alguns clichês e personagens
estereotipados, mas o roteiro se garante com seu megatubarão. Isso porque, nas
diversas cenas em que os personagens estão perigo mortal e ficamos na ponta da
cadeira torcendo por suas vidas, há sempre uma boa justificativa para essas
sequencias.
Eu sempre acreditei que uma das funções do cinema, é nos proporcionar
um “e se”. E se, uma espécie pré-histórica de tubarão que acreditava-se extinta
há milhões de anos, tivesse um sobrevivente que alcançasse a nossa superfície?
E eu garanto que essa fórmula tem seu encanto. Afinal, foi o mesmo tipo de “e
se” que Spielberg ousou brincar quando teve a sua ideia nos anos 70. Nesse
ponto Megatubarão consegue pegar um tema que já foi muito reutilizado e levar a
um novo patamar.
Entretanto, como mencionado, há alguns pontos em que o longa
peca. Mortes óbvias e clichês, o protagonista sem saída prestes a ser devorado
e salvo por um milagre e um vilão bem batido e também óbvio demais que não
pensa nas mortes que o tubarão pode causar e só visa lucros milionários, mas
que para a trama blockbuster até funciona. Isso porque o vilão do filme é o
tubarão, e o chefe corporativo egoísta leva o fluxo da narrativa à algumas
situações de risco em alto mar e retrata parte da maldade humana com que o
público precisa se identificar. E ainda sim, o filme deixa claro que devemos
temer, sobretudo, o megatubarão.
Jon Turteltaub mais uma vez mostra sua habilidade em dirigir
blockbusters que servem como uma boa distração nas telonas. Jon possui um
grande e respeitável currículo em Hollywood em grandes produções. Seu
provavelmente trabalho mais notável de grande sucesso foi A Lenda do Tesouro
Perdido, sim, aquele com o Nicolas Cage. E Jon também dirigiu 3 Ninjas (de
1992) que é um dos filmes mais legais dos anos 90.
É curioso ver que há mais de 4 décadas, os tubarões ainda
são fontes de inspiração para as câmeras e mesmo para o público em geral.
Talvez seja o fato de que todos nós vivemos a realidade de poder topar com o
rei dos mares. Basta estarmos em uma praia. É um medo real, próximo do nosso
mundo de um jeito ou de outro e não faltam relatos e documentários sobre os
tubarões. E em Megatubarão, apesar de alguns tropeços temos um filme que no
mínimo diverte, assusta e te deixa em pé na cadeira mandando os personagens
correrem pelas suas vidas. Megatubarão definitivamente causa um medo que faz juz
ao tamanho de seu feroz e implacável predador.
Nota - 4,5 estrelas