Dir: Mark Forsters
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Há pouco mais de duas décadas a Disney começou a investir na
versão live-action de suas animações. Ainda que nem todos sigam à risca a
história original das animações, a Disney se renovou ao adaptar suas animações
de sucesso incontestável. E todos nós sabemos que quando o assunto é emocionar
seu público, não existe estúdio no mundo melhor na tarefa do que a Disney.
Agora foi a fez do querido e fofo Ursinho Pooh. Personagem
que surgiu nos livros de Alan Milne em 1924. Desde então, o que não faltou
foram diversos produtos, filmes de animações, bonecos, mais livros e por aí
vai. E agora, como não poderia deixar de ser, virou filme live-action. E a
questão era como adaptar um universo tão infantil para o nosso mundo real?
E é quase redundante dizer que a Disney mais uma vez
conseguiu. Christopher Robin é um filme que encanta em absolutamente todos os
sentidos. É o filme perfeito para toda a família. Tanto para a criançada,
quanto para os adultos, já que o longa é carregado de belíssimas lições sobre o
que é deixar de ser criança e virar adulto e o que realmente importa quando
crescemos e mudamos nossas prioridades e responsabilidades.
Ewan McGregor cai como uma luva para o papel principal. Pooh
e seus amigos são assustadoramente reais, mas mais que isso, são personagens
apaixonantes. Eu diria que é impossível assistir a esse filme e não sentir
vontade de abraçar ursos de pelúcia e ser criança de novo. O roteiro é fácil,
mas sem ser bobo demais e flui de forma deliciosa de acompanhar. O longa é
simplesmente carregado de amor, fofura e muitas risadas.
Ainda assim, não dá para deixar de lado o tom melancólico
que o filme carrega. Pooh e os demais não são exatamente personagens alegres e
saltitantes (exceto talvez pelo Tigrão), pelo contrário, são personagens com
emoções absolutamente humanas e identificáveis. O que é um grande triunfo do
departamento de efeitos especiais, afinal, estamos falando de bichos de pelúcia
de computação gráfica com trejeitos mais humanos que animalescos e é incrível
como foi um dos grandes acertos de uma adaptação não tão convencional como a
maioria.
Mark Forster ainda consegue, com imensa facilidade esquivar
de qualquer tipo de clichê que um filme como esse pode ter. Nada é óbvio,
caricato ou estereotipado. Ok. Temos um pai que era uma criança feliz, mas que
agora é completamente dedicado ao trabalho e não tem tempo para família. Isso
tudo pode até não ser totalmente original, mas também não cai no óbvio. Há um
excelente conflito a ser resolvido e todo o desenvolvimento faz muito sentido
dentro desse universo.
E mesmo se tratando de um filme essencialmente infantil, não
tem como não se emocionar e aprender algumas lições de vida com o urso mais
adorável da cultura pop. Christopher Robin consegue ainda erguer uma série de
temas incomuns para um filme do gênero e questões verdadeiramente profundas e
poéticas sobre a nossa vida. Definitivamente não é um filme apenas para
crianças. Os pais que levarem seus filhos irão repensar o que a palavra família
significa.
Ou seja, Mark Forster prova que mesmo depois de muitas
décadas de existência e um público cada vez mais difícil e exigente na frente
das telonas, o nosso amado Pooh ainda é capaz de atingir em cheio nossos
corações e nos ensinar muito sobre a vida. Não devemos nunca largar a criança
que um dia fomos, rever nossas prioridades mesmo quando adultos e buscar o que
nos faz verdadeiramente feliz. Mel e balões.
Nota - 5 estrelas