Verdade ou Desafio – Dir: Jeff Wadlow - por Pedro Mauro
Quem nunca brincou de verdade ou desafio com 15 anos de
idade? Ou mais? Essa é a fonte para o suspense paranormal Verdade ou Desafio.
Um filme que pega uma brincadeira inocente e transforma num filme até criativo,
mas que não surpreende. Isto é, a premissa é boa, mas também tem doses e doses
de clichês do gênero. Ainda sim o filme distrai e tem uma boa justificativa e
um inesperado final que consegue fugir brilhantemente das soluções mais comuns
ao gênero.
O filme já começa com a fórmula básica. Um grupo de amigos
viajando. Dessa vez as férias são no México e é tudo festa e bebedeira. Até que
Olivia conhece o misterioso bonitão Carter que leva o grupo para, vejam bem...uma
igreja abandonada no alto de uma montanha no meio da madrugada porque todos os
bares já fecharam? E então eles começam a jogar verdade ou desafio com o tal do
Carter que no meio da brincadeira foge dando último aviso a Olívia que eles
devem continuar jogando ou o jogo os perseguirá.
Mas então o filme começa a surpreender. O jogo os persegue
através de alucinações um demônio que possuiu o jogo e mata um a um conforme
eles se recusam a jogar ou jogam, mas trapaceiam. E em meio a tudo isso eles ainda
precisam descobrir um jeito de vencer o jogo. Os personagens vão se revelando
um pouco mais do que os estereótipos que vemos a princípio, mas tudo como uma
justificativa para que o demônio os pegue em momentos mais emocionalmente
vulneráveis. E pelo menos nisso o roteiro acerta a naturalidade dos eventos.
Claro que se você está acostumado a ver filmes com demônios como eu, é fácil
começar a perceber toda a mitologia por trás dessas criaturas e nota-se a
semelhança entre tantos filmes. O problema é que isso é uma linha tênue entre adaptar
um conto mitológico com fidelidade e cair num clichê.
O filme deixa claro que o jogo é um canal para o demônio chamado
Calux, e é o que demônios fazem, e sempre fizeram nos filmes de terror: nos
pegam nos momentos de fraqueza e vulnerabilidade emocional. O problema é que os
personagens caem demais no caricato tratando o espectador como bobo caindo no
exagero para fazermos a ponte entre seus segredos e o que os demônios revelem
para seus melhores amigos. Desnecessário.
Obviamente, os que vão sobrevivendo começam a tomar medidas
drásticas para descobrir a solução. Como sempre, um ritual é preciso ser feito
onde tudo começou e um sacrifício precisará ser feito. Já deu para entender tudo,
não é? Mais ou menos, em seu último ato o filme tem algumas sacadas muito boas para
brincar com o espectador sobre o que acontecerá com os últimos participantes. E
então temos um final completamente inesperado e nisso o filme acerta muito bem,
ainda mais se for interpretado como um possível gancho ambíguo. Ou seja, se esse
obter sucesso há uma boa premissa para uma sequência, mas, não sendo o caso
podemos entender como o fim também.
Nota – 4 estrelas