Resenha do filme "Jogador Nº 1"


Jogador Nº 1 - Dir: Steven Spielberg  -  por Pedro Mauro
Um verdadeiro ode à cultura pop, o novo longa de Spielberg encanta em todos os aspectos. O interessante de Jogador 1 é Spielberg homenageia a cultura pop que ele mesmo ajudou a construir nos últimos 40 anos. Adaptado da ficção infanto -juvenil  de Ernest Cline, Jogador 1 é não apenas uma obra de arte visual, como um exemplo de um filme envolvente de tal forma que apenas Spielberg consegue alcançar.


O ano é 2045. Nesse futuro distópico, a sociedade sobrevive o período mais sombrio da humanidade em meio ao desemprego e a fome. Nessa realidade vive Wade Watts (Ty Sheridan), um garoto pobre e órfão de 17 anos que, no escapismo, faz o mesmo que tantos outros milhões pelo mundo: passa horas a fio conectado ao OASIS. um mundo online em que a realidade virtual nos coloca na busca por itens e moedas provocando uma deliciosa catarse.


Spielberg mostra com maestria que entende o ritmo do atual público do cinema. Sem se perder em roteiro lindamente adaptado, o filme emociona, anima e nos deixa aflito. Tudo na medida correta. Cada cena, cada sequência, faz o espectador mais geek procurar as milhares de referências e easter-eggs que tornam o filme um banho de cultura pop que deixaria Steve Rodgers orgulhoso. (Pegou? Hehehe). Jogador Nº 1 é muito mais do que a habitual e cansada colagem de referências pop que temos aos montes hoje.


Cada referência aparece por um motivo. A qualidade do mundo virtual é de tirar o fôlego, o que tem sido uma questão visto que cada vez mais grandes blockbuster são feitos para serem reproduzidos em grandes salas IMAX. Spielberg não arrisca em aprofundar de cabeça no mundo de Jogador Nº 1. De uma forma brilhante e genial os limites vão se tornando borrados. Passado, presente, nostalgia, realidade, digital e orgânico se juntam em um espetáculo visual.


O Wade de Ty Sheridan é um ótimo personagem, sem clichês, e nos transmite a empatia desua jornada para encontrar as três pistas que o falecido criador do game, James Halliday (feito pelo excelente Mark Rylance), deixou para os jogadores. O controle total do OASIS – A obsessão do público pelas pistas move o empresário implacável Nolan Sorrento (Ben Mendelsohn), um vilão um pouco caricato mas que ainda assim, funciona para a linguagem do filme. É um futuro em que as relações humanas estão quase obsoletas e tudo é bem opressivo (lembrando até o clime de um Blade Runner), e Spielberg afirmou em entrevista que o filme serve também como um alerta para o quanto somos já um pouco viciados demais em tecnologia.


As cenas de ação funcionam porque Spielberg sabe equilibrar as regras e convenções. E eu diria que esse é o segredo do sucesso de Jogador Nº 1. É tão imprevisível que consegue constantemente surpreender e se superar a cada nova cena. Não vou dar spoilers mas a cena da corrida é a melhor cena do esporte já feita na sétima arte. Jogador No 1 te coloca com facilidade no universo do filme e você mal se dá conta.


Dentro de um universo em que voltamos a ser criança, Spielberg ainda consegue passar várias mensagens à respeito do lugar que a tecnologia ocupa em nossa vida e como ela afeta as nossas relações interpessoais. Arrisco dizer ainda em Março que esse filme pode ser considerado um dos melhores do anos e sem dúvida alguma render uma estatueta dourada por Efeitos Especiais. Quem sabe não veremos uma continuação ou um novo sub-gênero de filmes. É um ciclo que ganha um reboot e, felizmente, o mestre é quem está com o dedo no botão.
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