Resenha – Tomb Raider - A Origem – Dir: Roar Uthaug - por Pedro Mauro
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Ultimamente temos visto grandes heroínas nas telonas. Em
tempos de denúncias de assédio em Hollywood, vimos grandes mulheres protagonizarem
longas de sucesso. Seja uma adorada e aclamada Mulher-Maravilha da carismática
e diva Gal Gadot, seja a implacável Mildred Hayes de Frances McDormand em 3 Anúncios
Para Um Crime que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz. Parece que finalmente o
momento das mulheres chegou com tudo no cinema também. O novo filme da
saqueadora de tumba mais bad-ass da cultura pop não foge dessa correnteza do
empoderamento feminino.
Ultimamente reboots tem sido um problema em Hollywood.
No caso do vídeo games é ainda mais delicado. Não que o novo filme protagonizado
pela talentosíssima Alicia Vikander seja ruim. Tomb Raider é eficiente e satisfatório na
adaptação, mas sofre com alguns problemas técnicos.
O reboot foca na franquia dos videogames para contar a origem de Lara Croft. Aqui, uma Lara mais jovem que a sucessora Angelina Jolie. A jovem se vê na obrigação de aceitar a morte do pai, Richard Croft (DominicWest), e acaba descobrindo pistas de uma pesquisa na qual ele havia trabalhado. Na esperança de encontrá-lo ainda vivo, ela decide partir numa jornada que a fará lidar com uma antiga maldição já prologada na abertura do filme.
Ao sermos apresentados ao conflito principal, o longa deixa claro que é preciso aceitar o sobrenatural para poder se envolver com a história. O filme se desenvolve de maneira simples, mas que até funciona para a aventura que é a grande proposta deste filme. Aqui, o sobrenatural é importante para que o filme possa justificar um pouco os elementos dos jogos, mas que podem parecer soluções deus ex-machina para uma narrativa cinematográfica. O filme ainda constrói bem esses detalhes, sabendo tratá-los de forma natural. Lara não tem super-poderes, apenas utiliza habilidades desenvolvidas ao longo de sua trajetória. Ela é mais frágil, nada sedutora, totalmente humana e nem mesmo luta muito bem.
Porém o filme tem alguns exageros, levando à alguns clichês demasiadamente batidos. A protagonista tem ações tão inspiradas nos videogames, que fica evidente a preocupação do estúdio em beber diretamente da fonte. O que acaba ficando escancarado para o público em mais momentos do filme do que seria aconselhável.
Alicia Vikander se esforça para ser a personagem dos jogos e sua caracterização é igualmente fiel. Como já mencioanado, o filme a tira de qualquer constexto de sexualização. Nesse ponto, é uma adaptação muito respeitável ao não ser retratada com estereótipos saturados. Seu objetivo é simplesmente descobrir o que aconteceu com seu pai. O que de fato prejudica o filme é a direção de Roar Uthaug. A cenas de luta são confusas, com uma câmera excessivamente tremida, e coreografias de luta que beiram o cartunesco, assim como o vilão Vogel (Walton Goggins) que cai perdidamente no estereótipo do vilão que só segue ordens.
O filme tem mais acertos do que erros, mas o problema é que os erros são muito evidentes e atrapalham o fluxo e o clima do filme. Alguns cenários denunciam uma produção que parece ter sido entregue às pressas e mesmo alguns diálogos são muito óbvios. Em contrapartida, o filme nos deixa com um excelente gancho para sua sequência utilizando um plot-twist de cair o queixo. No fim das contas, é um bom filme, mas aquele filme que distrai e apenas isso. Ainda assim, acredito que a oportunidade de uma sequencia pode ser válida para evoluir o reboot desse universo.