Pantera Negra – Dir: Ryan Googler - por Pedro Mauro
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Recentemente
circulou pela internet uma foto de comemoração de 10 anos das produções da
Marvel Studios, ou como também adoramos chamar UCM. E em um 2018 muito
promissor para o Studio, com Guerra Infinita vindo aí, o primeiro filme de
super-herói do ano não poderia ter sido um tiro mais certeiro. Em primeiro
lugar, é o ultimo filme solo antes de Guerra Infinita que marca o fim da Fase 3
do UCM. Em segundo por que o longa de pouco mais de 2 horas é um ode à tão
comentada representatividade. Não apenas por contar com um elenco 99% negro,
mas que além disso, de fato colocam as mulheres como personagens fortes,
independentes e absolutamente inspiradoras.
A história
acontece após os eventos de Guerra Civil. Somos magicalmente introduzidos ao
personagem à parte que é Wakanda. A civilização mais avançada tecnologicamente
graças à sua abundância em Vibranium, o metal mais resistente da Terra. Porém
sabendo como o nosso mundo usaria toda essa tecnologia para fins maliciosos, o
lugar vive escondido no continente africano apenas nos observando de longe. Escondida
na África, Wakanda naturalmente transborda a cultura negra. A trilha sonora é
muito marcada por tambores que trazem uma energia ainda mais intensas nas cenas
de luta que são muito bem executadas e filmadas. As paisagens são de tirar o
fôlego, e nos sentimos imersos nesse lugar maravilhoso. Talvez o filme encante
tanto por ter seu lado Disney, que cada vez mais adquire os maiores estúdios de
cinema do mundo. A direção de arte é impecável.
As
mulheres dão um show à parte. Danai Gurira (a Michonne de Walking Dead) e
Lupita Nyong’o (12 Anos de Escravidão) são excelentes heroínas que possuem
papeis muito maiores do que os costumeiros clichês das donzelas. Não, nada
disso. As mulheres em Wakanda são decididas, com posição de influência na pirâmide
hierárquica. São inteligentes e são guerreiras que ajudam a proteger seu povo e
lutam bravamente o filme todo. E ainda sobra tempo para trabalhar mudanças de
lado político, conflitos internos, e redenção. Parece que simplesmente nada
fica de fora. Mais do que um filme de super-heróis, a história é totalmente
focada em Wakanda, a trama gira em torno de sua fonte rica em Vibranium, é por
Wakanda que nossos heróis lutam, é nela que eles acreditam e é por ela que
qualquer sacrifício vale à pena. Wakanda para sempre.
Pantera
Negra também é extremamente atual. Ryan Googler juntou magistralmente elementos
humanos na trama que fazem o público se identificar rapidamente. Acompanhamos,
aos poucos, um drama familiar Shakesperiano que funciona. O filme ainda tem
tempo de abordar mesmo que de leve, questões atuais sobre refugiados. O filme
também carrega um grande drama político apresentando um jogo de poder, o clássico
direito ao trono de um herdeiro por direito mas que sabe fugir do convencional
e uma batalha épica pelo poder. E de brinde temos um Martin Freeman com seu
carisma habitual e talento inquestionáveis.
Outro tema
que de destaque, e que muito tem sido o problema de filmes de super-heróis são
os vilões. No caso de Pantera Negra, são dois, bem superiores ao que temos
visto tanto na Marvel quanto numa DC. De início temos um Andy Serkis quase
caricato demais, mas quando o bicho pega ficamos impressionado com sua crueldade,
sarcasmo e frieza. E do outro lado, Michael B. Jordan é praticamente o oposto
de Serkis. Motivado pela vingança e pela raiva seus objetivos são
compreensíveis dentro do contexto de um filme de heróis.
É
interessante que o filme logo de início deixa claro e convincente que estamos
num momento pós Guerra Civil, e entretanto o filme é exclusivamente sobre
Wakanda. Googler também foi inteligente em não fazer portanto um clássico filme
de origem, e faz todo sentido. Já conhecemos o Pantera Negra antes, então de
fato o filme é mais direto por T’Challa já ser o Pantera Negra desde o início.
Não que isso signifique que o filme seja recheado de cenas de ação porque
também foge à essa linguagem mais “blockbuster”. Pantera Negra é feito na
medida certa. Ah! E é claro o tradicional cameo de Stan Lee que é sempre
divertido.
Pantera
Negra sabe ao mesmo tempo ser um bom filme de ação, mas com ótimas tramas, além
de um ritmo preciso entre as sequencias que permitem com que o espectador
respire, sinta o drama dos personagens, e volte a ação novamente. Sem dúvida aquela
famosa hype pelo filme é justificada e saciada para delírio do público. A
Marvel fez algo incrível com o primeiro filme solo de um super-herói negro. Obviamente
temos 2 cenas pós-créditos que dão mais um gostinho do que está por vir e
aumentam ainda mais a “outra” hype, a de Vingadores: Guerra Infinita que
estreia em 26 de Abril.