Folk e música nacional: conheça o Devonts

Foi num domingo na Paulista aberta que conheci o som do duo. Logo ali, próximo à Consolação, o duo garantia seu espaço em frente ao Conjunto Nacional, rodeado por um bom número de pessoas. Era uma banda completa formada por duas pessoas e muito carisma. Não demorou muito para eu me sentar e apreciar as músicas autorais e covers - de Beatles e Simon & Garfunkel, principalmente. 
A energia, sintonia e sinceridade com que cantavam, acabava por colocar sorrisos nos rostos dos ouvintes sentados na avenida, dispostos a ouvirem as músicas apresentadas por aqueles dois rapazes.

O duo é de Bragança Paulista e já tem alguns trabalhos na bagagem, mas o principal é o primeiro disco, Alguns Anos Daqui, lançado em agosto do ano passado. Com uma mistura interessante entre o folk e a música nacional, além de um lirismo marcante, o duo tem muito a falar. Confira a entrevista.

Devonts. Foto: Divulgação

Quem é o Devonts?
Devonts são dois caras que muita gente acha que são irmãos mas na verdade não são. rs. Somos nós: Pedro (voz, violão e gaita) e Denis (voz, percussão e bateria).

Quem ou o que inspira vocês?
As inquietações, as pessoas, as histórias são fonte de inspiração, no geral. Pode ser desde uma conversa com alguém a uma situação que a gente vive ou observa.

Como vocês definem sua música?
Nossa música pode ser definida como algo ali entre o folk, o country e a MPB.

Como funciona o processo criativo de vocês?
Pedro: Geralmente apareço com uma música, finalizada ou não, mostro pro Denis e aí vai entrando a percussão, bateria e algum ajuste ou frase, no caso de a letra não estar completa ainda.

O single "Impressão Sua", trouxe um toque irônico em relação à violência policial amplamente divulgada. Como surgiu a ideia de abordar o tema dessa forma?
A ideia surgiu numa época em que estouraram várias manifestações, há uns 3 anos, em várias cidades do Brasil e que foram estupidamente reprimidas pela polícia. Fora os casos como o do Amarildo, por exemplo. Então a ironia da letra é só um reflexo da própria ironia que existe no fato de a instituição que deveria oferecer segurança representar uma ameaça. E também o descaso da mídia e da sociedade de uma maneira geral, pois muitas vezes enxergamos um caso desse só como mais um número, e não como uma vida a menos ou uma família a mais despedaçada. Isso acaba banalizando a desgraça.

A música recebeu o prêmio de Melhor Letra pelo 1º Festival de MPB de Atibaia (SP), 
 e está na Coletânea Folk Music Brazil.

E como é ser artista atualmente?
Ser artista hoje muitas vezes é se dedicar em várias outras funções que nem sempre tem a ver com a própria arte, para que o trabalho possa desenrolar, alcançar projeção, um sustento financeiro. Tudo isso tem seu desgaste e inclusive afeta o tempo pra se dedicar à própria arte, mas é um investimento de tempo necessário e que traz seus frutos. Talvez seja por isso que as pessoas dizem que quem faz arte é porque realmente gosta.

Conheci vocês através de um show da Paulista. Como tem sido os shows por lá?
Os shows por lá são sempre uma experiência peculiar. Passam muitas pessoas diferentes, que param e se interessam pelo nosso som. É muito legal quando as pessoas doam seu tempo e atenção pra alguém que está apresentando sua arte, afinal é isso que dá sentido a ela. As pessoas estão acostumando cada vez mais com as atrações de rua e fazendo disso muitas vezes um rolê. Mas nós, músicos, em geral, também estamos aprendendo ainda a lidar com a possibilidade de shows na rua, como na Paulista. Todos estão ali querendo mostrar seu som, sua arte, e com isso surge a busca por um som mais alto, lugares mais estratégicos e ocupados por mais tempo. Então é importante que essa certa disputa não coloque em risco a chance de um artista com menos estrutura e aparato também poder ser ouvido.

Qual é o disco que marcou a vida de vocês?
É sempre difícil responder uma pergunta como essa. Cada disco tem sua marca em um momento da vida. Mas provavelmente qualquer um da discografia dos Beatles ou do Simon & Garfunkel pode servir como resposta.

O que vocês têm ouvido de nacional e internacional?
Nossas playlists ultimamente tem muita coisa de Everly Brothers, Fleet Foxes, Jorge Ben e Mos Def.

Quais são os planos para 2018?
Explorar o nosso novo (e primeiro) álbum, passar por lugares em que ainda não tocamos. Esse disco representou um pequeno passo, um degrau, tanto no nosso trabalho como na experiência e aprendizado pessoal. Então a ideia é seguir avançando desse caminho em diante.

Para quem não conhece vocês, qual recado vocês gostariam de deixar?
Bom, se você leu até aqui já sabemos que está meio à toa e com tempo livre pra ouvir algo do nosso disquinho novo, então, fica o convite!

Ouça "Alguns Anos Daqui":
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