No último sábado aconteceu a estreia do 3 Olhos Music Festival, que tem como proposta unir gerações antigas e atuais de psicodelia nacional. O local escolhido não poderia ser melhor: Tropical Butantã, além de perto do metrô, teve um horário que facilitou tanto a ida quanto a volta do público.
O lineup do festival teve nomes como Bike, Dada Yute, Grand Bazaar, Cartoon e os veteranos, Os Mutantes. Entre um banda e outra, ainda rolava discotecagem dos coletivos Malanovias e Pitangueira, animando muito o público, com cumbia e fazendo a troca de palco entre um show e outro, uma diversão à parte.
O primeiro show da tarde para nós, foi o do Grand Bazzar, grupo formado por André Vac (bandolim, rabeca, guitarra e voz), Juliano Abramovay (violão manouche, oud e chumbush), Gabriel Milliet (flauta e saxofone), Marcelo Politano (clarinete e saxofone),Tomás de Souza (sanfona), Guilherme d`Almeida (baixo) e Gabriel Basile (bateria).
Assim que começaram a tocar, o público presente, que até então, não era grande, se aproximou do palco e com certeza presenciou um show divertido. Com uma apresentação cheia de energia e humor, nos trouxeram misturas culturais: a música árabe e a judaica, o folclore e o jazz-rock, além de momentos de explosão e de contemplação.
O grande espetáculo ficou por conta do entrosamento da banda, que fez da apresentação uma grande festa, com danças, muita interação com o público, que correspondia a altura, batendo palma, dançando, se agachando e rindo com cada brincadeira da banda. O destaque da apresentação fica para as músicas Pagode Russo, O Tesouro do Gran Marajá, Whiskey Is Over e Opa Cupa, música de origem cigana, que celebra a felicidade.
Mudando o estilo bruscamente, os mineiros do Cartoon foram os próximos a se apresentar. Com um progressivo de qualidade, 22 anos de estrada e cinco discos lançados, Khadhu Capanema, Khykho Garcia, Raphael Rocha e Bhydhu Capanema formam a banda. O nome do grupo veio no início dos anos 1990, quando a palavra não era popular no Brasil, fruto da paixão dos membros por desenhos animados - segundo o vocalista Khadhu Capanema, muitas das canções do grupo "são como desenhos animados, onde tudo pode acontecer."
Apesar da mudança, o público mostrou que estava disposto a se divertir com todas as vertentes da psicodelia, adorando que a banda estivesse passando pelos discos Martelo, Bigorna, V - recém lançado -, Unbeatable, pedindo até por bis para a banda, que retornou ao palco feliz, encerrando o show com A Dream Of Hope.
The Golden Chariot
Abre seu olho, irmão
Brother Ricard
Go get it, boy!
O Amor
Estagnação - você pode conferir no vídeo abaixo.
Lord of Ages
Free your mind
Down on the road ahead
King's Song
Duend's
BIS:
A Dream of Hope
Por volta das 19h30, os mais esperados da noite entraram no palco: Os Mutantes! Sérgio Dias acompanhado por Carly Briant, Esmeria Bulgari, Vinicius Junqueira, Henrique Peters e Claudio Tchernev mostraram que podem, sim, carregar o nome d'Os Mutantes com maestria. A casa, assim que o show começou, voltou toda sua atenção para as seis pessoas que estavam no palco, tanto quanto fãs como funcionários, que vez ou outra passavam e paravam para ver história viva.
Sérgio, assim que entrou no palco, conversou com o público, entre risos: "Oi, São Paulo. Isso aqui é um festival psicodélico, né? Quem aqui tomou ácido? Deixa eu ver who's experienced... pouca vergonha." E logo começou a tocar Tecnicolor.
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Foto por Leandro Pena |
A escolha do setlist deixou muitos apreensivos, pois são hits acalorados, pesados e conhecidos durante a trajetória mutante. Escolher um e deixar outro de fora, talvez chateasse algum fã. Na verdade, seria dificílimo agradar a todos os fãs presentes - talvez um show de 5 horas fosse capaz de abranger todos os sucessos da banda. Mas outra verdade é que ninguém saiu decepcionado desse show.
Bat Macumba, sucesso de 1968, foi a escolhida para prosseguir o show, com um versão de quase 7 minutos, contou com 3 minutos de solos do Sérgio, que foi o primeiro dos vários momentos onde ele mostrou muita técnica e alma.
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Foto: Leandro Pena |
Saindo um pouco dos sucessos antigos, Time and Space do álbum Fool Metal Jack e o single Black and Grey, que questiona as ações de Trump, trouxeram um pouco do material atual que os Mutantes prepararam. Após o recado para o presidente americano, El Justiciero mandou um recado para o presidente Temer. Cantor de Mambo, Top Top, A Hora e a Vez do Cabelo Crescer também foram tocadas. O ponto do alto da apresentação, com certeza, foi Balada do Louco, que o público cantou em plenos pulmões, dando arrepios aos presentes.
Com 1h30 de apresentação, a banda após encerrada a apresentação, ainda voltou para um bis com Panis et Circenses, fechando com chave de ouro o único show dos mutantes pela capital paulista.
O setlist completo foi:
Tecnicolor
Bat Macumba
A Minha Menina
Time and Space
Black and Grey
El Justiciero
Cantor De Mambo
Top Top
Jardim Elétrico
Balada do Louco
Ando Meio Desligado
A Hora e a Vez do Cabelo Nascer
Bis:
Panis et Circenses
Os Mutantes se apresentam no dia 02 de Dezembro no Festival Morrostock.