Especial POPLOAD: Daughter

Com passagem para o Brasil marcada para novembro deste ano, Elena Tonra, Igor Haefeli e Remi Aguilella, formam o Daughter. A banda possui 4 EPs e 2 álbuns e pouco mais de 7 anos na estrada.


Foto: Divulgação
Formada em 2010, teve seu primeiro lançamento de forma independente. O EP His Young Heart foi lançado em 2011, contando apenas com Elena e Igor na produção das quatro faixas presentes. No final do mesmo ano, o baterista Remi entra para completar o trio e lançam o segundo EP The Wild Youth, que teve as músicas Home e Medicine, utilizadas em programas televisivos. 

Em 2012 assinaram com o selo que trabalham até hoje, a 4AD. No ano seguinte, o primeiro álbum é lançado: If you Leave é aclamado pela crítica e apesar de focarem em Elena, o disco mostra claramente o trabalho da banda como um todo. As letras são dolorosamente bonitas, etéreas e abraçam os ouvintes, fazendo com que se comuniquem com os corações partidos ou os que estão felizes - por diversas razões e circunstâncias.

As músicas que merecem destaque: Human, Youth e Smother. Não por serem singles, mas por execução e letras. Todas as músicas possuem uma estrutura magnífica, que caracteriza bem a banda, seja pela voz de Elena ou pelo apoio de Remi ou Igor, com suas técnicas, efeitos e criatividade. 

Enquanto Human nos lembra que apesar de tudo que nos acontece, de bom ou ruim, ainda somos humanos e por isso, temos o direito de sentir, errar, amar e tantas outras coisas que só, nós, humanos, somos capazes: "Underneath the skin there's a human / Buried deep within there's a human / And despite everything I'm still human". 
Youth é um grito pela juventude, tem um tom pessimista, apesar de sua melodia otimista e eufórica. O lirismo é forte na música, quando menciona jovens que incendeiam os seus pulmões por diversão ou quando falam sobre jovens que ainda respiram, amam ou sangram, porque a maioria deles estão inertes e insensíveis, mostrando que aqueles que sentem são sortudos: "And if you're in love, then you are the lucky one / 'Cause most of us are bitter over someone."
Smother é uma canção difícil de se escutar, dependendo do momento. Elena exorciza muitos demônios ao falar que não deveria ter saído do útero da mãe, por ser uma perda de tempo e uma espinha (dorsal) tonta e frágil. Os ecos e a voz hipnotizante nos deixam conectados e com pena da interlocutora. 

Em janeiro de 2016, Not To Disappear chega ao mundo: caótico, profundo, sensível e doloroso. O segundo álbum segue a mesma linha do primeiro, porém com novas visões sobre os temas antes tratados, deixando a melancolia não só para as letras, mas também, para as melodias - este álbum é perfeito para quem sofre.

O primeiro single, Doing The Right Thing, chega a ser sufocante. "I'm just fearing one day soon / I'll lose my mind / Then I'll lose my children / Then I'll lose my love / Then I'll sit in silence / Let the pictures soak". A música claramente trata sobre o Alzheimer e como pode ser angustiante ver alguém perder a memória e todas as suas boas e más lembranças. Elena canta do ponto de vista de quem sofre: "I'll call out in the night for my mother / But she isn't coming back for me / Cause she's already gone / But you will not tell me that / Cause you know it hurts me everytime you say it / And you know you're doing the right thing". A vítima da doença clama pela mãe, mas sabe que ela não vem; porém pede a quem cuida que não fale, porque sabe que a machuca toda vez que lembra disso e sabe que a pessoa está fazendo a coisa certa.



New Ways, música que abre o disco, dá a entender que a interlocutora precisa de novas maneiras de desperdiçar seu tempo, apesar de ainda querer o ser amado, está com medo de desaparecer sem ele. "I'm trying to get out / Find a subtle way out / Not just cross myself out / Not just disappear".

Numbers vem com uma atmosfera misteriosa e antagonista: ela se sente anestesiada, com nojo do amado ("I'll wash my mouth but still taste you"), mas acreditando que ele é único que pode fazer com ela melhore.



No Care é o destaque do disco, a mais animada, revelando uma nova face do grupo. A história trata sobre um encontro, onde uma das partes se sente literalmente doente por ter tido relação sexual com a outra: "Oh, there has only been one time where we fucked / And I felt like a bad memory / Like my spine was a reminder of her / And you said that you felt sick / I was so heavy hearted, lying side-on with you afterwards / How I wanted you to promise we'd only make". A interlocutora, mais uma vez, se mostra cansada e afirma que não liga mais; que não há cuidado no mundo.

Apesar dos altos e baixos, o disco circula bem entre os temas de perda (como em How), amor (Alone/With You) e família (Mother), por exemplo. Elena exorciza novos demônios e demonstra um pouco mais de empatia, se colocando no lugar do ouvinte e mostrando que também tem péssimos momentos. Ela chega a sofrer tanto que, ao encerrar o disco, pergunta se é feita de pedra, por não conseguir mais sentir. 

Music From Before the Storm

Lançado no começo deste mês, o terceiro trabalho da banda é feito em parceria com o jogo Life Is Strange: Before the Storm. Podemos ver como a banda se ajeita com bases eletrônicas em sua música, sem perder a sua essência.

A trilha sonora é criativa e agradável. A experiência completa, auditiva e visualmente, provavelmente deve ser a melhor. A banda, mais uma vez, mostra como consegue captar uma imensa profundidade emocional mesmo quando há uma mudança de perspectiva, uma vez que compuseram o trabalho de acordo com a personagem principal do jogo, Chloe e até mesmo quando não cantam nada. 

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