Em Concerto Incerto o grupo Obra Aberta apresenta um repertório autoral baseado em sua pesquisa de cinco anos sobre a improvisação livre e o jogo musical. Para o grupo o jogo musical é uma forma de composição essencialmente indeterminada e interativa, com objetivos e regras preestabelecidos, acontecendo em um espaço-tempo próprio, ou seja, em um contexto criado para abarcá-lo. Nos jogos musicais sempre há algo em disputa ou em movimento que confere sentido à ação, sendo responsável por sua dinâmica. Entendemos que mesmo nas improvisações livres estamos lidando o tempo todo com a ideia de jogo, uma vez que suas regras são inventadas a cada jogada, a cada ação, e seu objetivo em comum é a fluidez e coerência do discurso. No trabalho do grupo a maioria dos jogos é criado a partir de metáforas da dinâmica de paisagens cotidianas, como em Música das Árvores, onde a música é construída à partir dos movimentos pendulares dos galhos de uma frondosa árvore sujeita aos ventos do fim de tarde, ou em Semáforos, jogo baseado na dinâmica de um cruzamento de ruas com semáforos que controlam o fluxo de carros.
A apresentação do Concerto Incerto, ao revelar-se como um espaço onde variadas formas de jogo convivem, propicia a criação de um ambiente vivo de interação entre os músicos no palco, e dos músicos com a plateia, que é convidada a imergir na dinâmica própria de cada peça. A influência do teatro musical e do jogo cênico é marcante ao longo do espetáculo, que rompe, desde seu início, com a forma tradicional do gênero concerto.
Uma das principais características do Concerto Incerto está na diversidade da instrumentação utilizada. Unindo territórios musicais distintos, o grupo se utiliza de instrumentos musicais convencionais (como piano, saxofone, guitarra e baixo elétrico) bem como de instrumentos folclóricos e regionais (viola caipira, sanfona, quena e charango) e de instrumentos eletrônicos. Para além da escolha por uma instrumentação variada, o grupo dedica-se a constante busca por novas sonoridades por meio da exploração e utilização de técnicas instrumentais não convencionais (técnicas estendidas).
Essa proposta de instrumentação variada, associada à exploração de novas sonoridades instrumentais, oferecem uma gama de possibilidades que variam entre a fusão dos sabores idiomáticos que cada instrumento carrega consigo e a ressignificação que esses mesmos timbres podem adquirir em um território inventado pelo grupo.
Duração (em minutos):70 minutos
Classificação indicativa: Livre
Preço: R$ 10 - Bilheteria do CCSP / Ingresso Rápido
O Obra Aberta é um grupo de música experimental sediado em Campinas - SP, criado em 2012 por alunos de graduação e pós-graduação do Departamento de Música da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Suas propostas artísticas têm como fio condutor a improvisação, e apresentam-se no formato de partituras abertas, jogos musicais, peças de música cênica, intervenções em espaços urbanos, todos autorais, e improvisações livres. O trabalho do grupo é pautado pela experimentação no que diz respeito à técnicas instrumentais, sonoridades e processos criativos, interagindo com referências diversas como música brasileira, jazz e música erudita contemporânea. Destaca-se ainda o emprego de elementos de diferentes linguagens artísticas em suas obras, incluindo cenas teatrais, vídeos, dança e poesia.
Em seus cinco anos de atividades o Obra Aberta produziu diversos espetáculos, apresentando-se em importantes salas de concerto do país com destaque para os espetáculos Concerto Incerto (2013), HINOX (2014), criado em parceria com o compositor José Augusto Mannis, HJK 100 (2015), os dois últimos apresentados no Centro Cultural São Paulo, e o espetáculo cênico musical Gramani Joga Badminton com as Andorinhas (2015), apresentado no Auditório do Instituto de Artes da Unicamp e no Espaço Cultural Casa do Lago, ambos localizados em Campinas. Atualmente, o Grupo Obra Aberta vem elaborando um novo concerto em homenagem aos 60 anos da Poesia Concreta no Brasil com previsão de estreia para Novembro de 2016.
Destacam-se também suas apresentações nos principais congressos acadêmicos do Brasil, em 2013 no XXIII Congresso Nacional da ANPPOM (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música) em Natal – RN; em 2014 no II Congresso da ABRAPEM (Associação Nacional de Performance Musical) em Vitória – ES; em 2015 no XIII ENCUN (Encontro Nacional de Compositores Universitários) em Campinas - SP; e em 2016 novamente no Congresso da ABRAPEM, desta vez em sua IV edição, sediada em Campinas - SP. Além disso o grupo realiza periodicamente intervenções em semáforos, ruas e manifestações públicas, levando seu trabalho à públicos dos mais diversos.