Vamos colocar
na agulha algo bem brazuca? Em especial um grande compositor que, graças à
ajuda de Raul Seixas, no qual teve grande amizade e parceria, pôde nos apresentar esse belo álbum. Graças a volta do
LP, a Polysom decidiu relançar muitas obras, inclusive o clássico que é nosso
tema de hoje: "Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua" (Eu quero é
botaaar meu bloco na ruaaa! Brincaaar, botar pra gemeeer!) do Sérgio Sampaio.
O Brasil começou a
conhecer melhor Sérgio Sampaio e Raulzito como cantores e compositores, pois Sérgio
dividiu faixas com o baiano -e também teve sua chance de se afirmar no mercado
musical - no álbum "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão
das 10". Em 1972, Raul e Sérgio bateram na porta da
Philips, propondo inscrever composições próprias com a ajuda da gravadora no
Festival Internacional da Canção (FIC). Sérgio mostrou uma música que se tornaria um
clássico. “Eu quero é botar meu bloco na rua” foi inscrita no festival,, classificada
e chegou à final. Mas não levou nada. A campeã do FIC de 1972 foi “Fio
Maravilha”, de Jorge Ben (Jor). A canção foi lançada em
compacto e estrondou em meio à ditadura na qual o Brasil estava enterrado até o
pescoço. Eram tempos difíceis e cantar era algo tão perigoso quanto uma simples
aglomeração de pessoas na rua. Qualquer entrelinha mal-interpretada pelos
generais, coronéis e censores poderia significar a morte de uma canção. E
talvez até a prisão do artista para averiguações. O compacto de sucesso vendeu 500 mil unidades e fez de
Sérgio Sampaio revelação da MPB, ganhando o Troféu Imprensa de Silvio Santos,
além de fazer da canção um dos hits do carnaval de 1973, logo a Philips chamou Sérgio
Sampaio para gravar um LP só dele (Onde apostou numa mistura de samba, blues,
chorinho, rock and roll e boleros) com produção de Raul Seixas, logicamente.
Sérgio Sampaio é um cantor um pouco esquecido, pois quase
não se vê nada sobre e seu disco consagrado
não decolou. O cantor se tornou um artista “maldito”, o que hoje é
sinônimo de cult. Com apenas outros dois discos gravados, Sérgio Sampaio
sumiu da mídia no fim dos anos 80, quando estava pronto para voltar e lançar um
quarto álbum pelo selo Baratos Afins, morreu aos 47 anos em decorrência de uma
pancreatite. Porém, voltou nos dias
de hoje no relançamento do seu LP de sucesso que comparado aos valores da primeira
prensagem, essa reedição está mais em conta - Alguns colecionadores preferem
ter na coleção a primeira edição desse álbum, o que pode chegar á custar
R$500,00, dependendo do grau de conservação - mas o LP está encalhado nas
prateleiras das lojas. Confesso que nunca tinha parado para ouvir e analisar a
música de Sérgio Sampaio, mas agora digo: Vale a pena.
Põe pra rodar:
Sérgio Sampaio - Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua (Philips, 1973)