Até
hoje, os beatlemaníacos brasileiros acreditavam que todos os
equipamentos usados pelos Beatles estavam em Londres, exceção aos poucos
que tenham sido leiloados.
Rio
de Janeiro. 1984, a Legião Urbana está gravando a música “Geração
Coca-Cola” no estúdio 2 da Mena Barreto – menor que o número 1, mas com
uma mesa de gravação igual àquela que os Beatles haviam usado nos
estúdios de Abbey Road.
Quando
o beatlemaníaco, Renato Russo descobriu a história , apaixonou-se pela
mesa/console de mixagem. Assim o disco de estreia do grupo foi
concluído.
“Coisas
da então EMI-Odeon. O estúdio da Abbey Road é parte dos bens da EMI, e
eles tinham feito uma reforma recente, no final dos 1970 / começo dos
1980, exportando parte do equipamento ‘velho’ para suas subsidiárias. O
console veio parar no estúdio do Rio, onde o Legião gravou o álbum de
estreia. Eles tinham adoração pelo console”. (Ana Maria Bahiana).
Agora
é muito difícil não acreditar que os pares de mãos habilidosas dos
Beatles e seus técnicos não deslizaram por aqueles botões mágicos.
Segundo
o produtor do primeiro disco da Legião Urbana, José Emílio Rondeau
trabalhar no estúdio com Renato Russo era tão excitante como trabalhar
com Arnaldo Baptista, mentor dos Mutantes. Assim foi gravado um dos mais
geniais do rock Brasil não só dos anos 80 mas de todas as eras.
No livro Renato Russo
escrito por Arthur Dapieve em 2.000, consta esta história num
parágrafo. Foi um animado Rodrigo Leitão, também jornalista, roqueiro e
ex-vocalista da banda Pânico, de Brasília que resgatou esta
história-polêmica. Rodrigo Leitão possui um baú de histórias sobre o
líder da Legião, incluindo a carta desafeto de Russo deixada a Jorge
Davidson, o todo poderoso da EMI-Odeon. E as duas gravações inéditas de
Renato Russo sozinho ao piano em “Ainda é cedo” e uma outra com a banda,
gravadas na EMI-Odeon que poucos ouviram.
O disco de estreia Legião Urbana
menos alucinado, menos punk, menos incrível em relação às demotapes e
mesmo na mesa dos Beatles ainda soou como rock de garagem. As novas
camadas já apontavam para a mitologia e a intuição.
" Obrigada. Tão bom rever as carinhas deles como eu me lembro..." (Ana Maria Bahiana)
Fonte: Do próprio bolso